Descoberto mineral com água dentro de
diamante de Juína: alguns cientistas, acreditam em grande quantidade de
água aprisionada dentro do manto terrestre
Dezenas de milhares de estudos petrográficos feitos em
rochas mantélicas sempre mostraram minerais desprovidos de água. As
rochas formadas no manto são, geralmente, eclogíticas ou peridotíticas
cujos minerais não apresentam as moléculas da água, que são comuns às
rochas formadas na crosta terrestre.
O geólogo-geoquímico que fez essa descoberta, Graham Pearson, estava
estudando um diamante de baixa qualidade vindo de Juína, no Mato Grosso
(foto). Pearson identificou uma forma de olivina, a ringwoodita, com
apenas 40 micras de diâmetro, inclusa no diamante. Como essa ringwoodita
tem em torno de 1% de água na sua composição ele imediatamente passou a
acreditar que o manto terrestre, ao contrário do que se acredita, pode
ter grandes quantidades de água.
A hipótese de Pearson é temerária.
Os minerais mantélicos, graças a
sua enorme pressão e temperatura, são, até essa descoberta,
caracterizados pela total ausência de água na estrutura cristalina.
Outro ponto que falta na equação de Pearson é o fato de que os
diamantes de Juína são muito característicos e únicos. Juína produz
diamantes de ultra pressão formados a mais de 400km de profundidade
enquanto que a maioria dos diamantes do resto do mundo são formados em
profundidades de 120-200km. Os diamantes de Juína contém um elevado
nível de impurezas inclusas e são essas impurezas que fazem o diamante
ficar escuro e cheio de jaça, influenciando nos preços, que são em
média, de poucos dólares por quilate.
Nos nossos estudos, na Rio Tinto, na década de 90, descobrimos que os
diamantes de Juína poderiam estar brechados e cimentados por diamante,
indicando as extremas pressões do ambiente de formação. Outro ponto
fundamental, talvez despercebido pelo Pearson, é que a geofísica indica
que, nesta região ainda existe um possível remanescente da placa do
pacífico que ainda está parcialmente digerida e que se encontra a
400-600km de profundidade, onde esses diamantes possivelmente foram
formados. A hipótese mais aceita é que o carbono foi injetado no manto
juntamente com a as rochas da placa o que causou os diamantes de baixa
qualidade, altíssima pressão e grande profundidade. Nessas condições
encontrar uma inclusão de uma olivina com água não muda nada do
conhecimento sobre o manto, já que a olivina poderia ter vindo junto com
as rochas da placa de profundidades menores, na crosta terrestre.
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