Garimpeiros enfrentam as ondas em busca de joias, moedas e objetos de valor trazidos pelas marés
RIO
- Eles não usam arpão nem lançam redes, mas buscam no mar o seu
sustento. Em uma cidade com generosos 90 quilômetros de praias, eles
são, hoje, pouquíssimos, na verdade. Nem uma dezena a sobreviver de um
ofício à beira da extinção: o garimpo urbano. Ou, como gostam de ser
chamados, caçadores dos tesouros trazidos pelas ondas, em forma de
joias, moedas, relógios, óculos ou qualquer objeto que tenha algum valor
comercial. E as marés recompensam quem cedo madruga. Como esse
incansável pelotão que, diariamente, enfrenta o oceano, esteja calmo ou
revolto, do Leme ao Pontal, do nascer ao pôr do sol.
Jorge Ribeiro Mariano, de 66 anos, é o senhor dos mares há mais tempo em atividade no Rio. São 43 anos enfrentando sol, chuva, frio, ressacas, valas e correntezas à procura de peças de ouro ou prata, escavando a areia com seu inseparável instrumento de trabalho, uma rapina de ferro que pesa dez quilos, que o deixou com as mãos repletas de calos. Quando há banhistas na água, ele prefere mergulhar para escavar a areia com as mãos por questão de segurança, já que a rapina pode ferir.
Trata-se de um ofício árduo, explica, mas que lhe permitiu sustentar os cinco filhos. Há dias em que volta para casa de mãos abanando, mas há vezes de muita sorte: ele já encontrou cordões, anéis e pulseiras de ouro.
- Um vez, peguei um anel com 16 diamantes. Deu para sustentar minha família por um bom tempo — conta Jorge, que, recentemente, em um único dia, encontrou dez óculos de sol.
Jorge faz parceria com outros dois colegas de profissão, Moacir de Souza, de 63 anos, e Elenilson de Jesus, de 33. O trio percorre o litoral em busca dos barrancos na areia, onde os objetos costumam ficar retidos.
Ofício está em extinção: há menos de dez garimpeiros. Trabalhadores faturam entre R$ 800 e R$ 3 mil por mês
Quem frequenta a orla carioca já deve ter visto, em períodos de ressaca, pessoas na beira da água procurando objetos. São os chamados garimpeiros de oportunidade. Bem diferente do trio formado por Jorge, Moacir e Elenilson. Em geral, cada um segue para uma praia diferente e avisa aos parceiros que local está melhor para garimpar. Ninguém tenta passar a perna nos outros?
— Entre nós não tem Judas. Somos parceiros de verdade. Quando uma praia está boa para o garimpo, ligamos um para o outro — garante Moacir, que também sustenta cinco filhos com o garimpo, que pratica há 25 anos.
A rotina do trio não é moleza. Moacir, que vive em Nova Iguaçu, sai diariamente de casa às 3h30m para percorrer a orla. Jorge, morador do Complexo da Maré, começa a jornada às 4h30m. E Elenilson, no ofício há oito anos, divide o garimpo com a profissão de pescador da colônia Z13 para sustentar os cinco filhos. A família dele vive na Rocinha. Pelos cálculos dos três amigos, há hoje na cidade apenas oito garimpeiros em atividade.
Barra é a praia mais rentável
Nos meses de janeiro, eles chegam a caminhar mais de oito quilômetros escavando a areia no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca. Tudo para não perder a melhor época do ano: o pós-réveillon, quando o mar devolve o que foi jogado como oferenda à Iemanjá. Mas ainda há as joias, os relógios e o dinheiro que os banhistas perdem nas ondas.
— A melhor praia para achar ouro é a da Barra da Tijuca— conta Elenilson, que já garimpou um cordão com 13 gramas de ouro amarelo.
Mas como não é sempre que a sorte sorri para os caçadores de tesouro, a renda dos garimpeiros oscila. Num mês bom, chegam a ganhar R$ 3 mil. Já num mês ruim, R$ 800, com a venda das peças achadas. Embora garantam o sustento das famílias com o garimpo, nenhum deseja que a prole siga o ofício.
— Não quero essa vida sofrida para os meus filhos.
Jorge Ribeiro Mariano, de 66 anos, é o senhor dos mares há mais tempo em atividade no Rio. São 43 anos enfrentando sol, chuva, frio, ressacas, valas e correntezas à procura de peças de ouro ou prata, escavando a areia com seu inseparável instrumento de trabalho, uma rapina de ferro que pesa dez quilos, que o deixou com as mãos repletas de calos. Quando há banhistas na água, ele prefere mergulhar para escavar a areia com as mãos por questão de segurança, já que a rapina pode ferir.
Trata-se de um ofício árduo, explica, mas que lhe permitiu sustentar os cinco filhos. Há dias em que volta para casa de mãos abanando, mas há vezes de muita sorte: ele já encontrou cordões, anéis e pulseiras de ouro.
- Um vez, peguei um anel com 16 diamantes. Deu para sustentar minha família por um bom tempo — conta Jorge, que, recentemente, em um único dia, encontrou dez óculos de sol.
Jorge faz parceria com outros dois colegas de profissão, Moacir de Souza, de 63 anos, e Elenilson de Jesus, de 33. O trio percorre o litoral em busca dos barrancos na areia, onde os objetos costumam ficar retidos.
Ofício está em extinção: há menos de dez garimpeiros. Trabalhadores faturam entre R$ 800 e R$ 3 mil por mês
Quem frequenta a orla carioca já deve ter visto, em períodos de ressaca, pessoas na beira da água procurando objetos. São os chamados garimpeiros de oportunidade. Bem diferente do trio formado por Jorge, Moacir e Elenilson. Em geral, cada um segue para uma praia diferente e avisa aos parceiros que local está melhor para garimpar. Ninguém tenta passar a perna nos outros?
— Entre nós não tem Judas. Somos parceiros de verdade. Quando uma praia está boa para o garimpo, ligamos um para o outro — garante Moacir, que também sustenta cinco filhos com o garimpo, que pratica há 25 anos.
A rotina do trio não é moleza. Moacir, que vive em Nova Iguaçu, sai diariamente de casa às 3h30m para percorrer a orla. Jorge, morador do Complexo da Maré, começa a jornada às 4h30m. E Elenilson, no ofício há oito anos, divide o garimpo com a profissão de pescador da colônia Z13 para sustentar os cinco filhos. A família dele vive na Rocinha. Pelos cálculos dos três amigos, há hoje na cidade apenas oito garimpeiros em atividade.
Barra é a praia mais rentável
Nos meses de janeiro, eles chegam a caminhar mais de oito quilômetros escavando a areia no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca. Tudo para não perder a melhor época do ano: o pós-réveillon, quando o mar devolve o que foi jogado como oferenda à Iemanjá. Mas ainda há as joias, os relógios e o dinheiro que os banhistas perdem nas ondas.
— A melhor praia para achar ouro é a da Barra da Tijuca— conta Elenilson, que já garimpou um cordão com 13 gramas de ouro amarelo.
Mas como não é sempre que a sorte sorri para os caçadores de tesouro, a renda dos garimpeiros oscila. Num mês bom, chegam a ganhar R$ 3 mil. Já num mês ruim, R$ 800, com a venda das peças achadas. Embora garantam o sustento das famílias com o garimpo, nenhum deseja que a prole siga o ofício.
— Não quero essa vida sofrida para os meus filhos.
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