Ouro é moeda de troca em novo garimpo no Pará
Nem real nem dólar. Em um garimpo clandestino recém-surgido no meio do rio Xingu (PA), tudo é comercializado em ouro.
Cerca de 500 pessoas, entre elas uns 360 garimpeiros, organizaram uma vila à beira do garimpo -batizado como Jurucuá, por causa de uma cachoeira com o mesmo nome nas proximidades.
Pelo menos 60 balsas sugam o fundo do rio dia e noite. Os garimpeiros afirmam que o ouro encontrado no fundo do rio atinge grau de pureza de até 96, considerado bom para a venda. O minério ainda não foi encontrado em forma de pepitas, mas misturado entre a areia, a terra e o cascalho dragados.
A comida, a diversão e o salário são pagos em ouro, como testemunhou a reportagem da Agência Folha, que esteve no garimpo.
Uma refeição, por exemplo, vale um décimo de grama, o equivalente a R$9,00. Pela cotação do mercado, o grama do ouro fechou anteontem em R$90,00
Para facilitar o pagamento, os garimpeiros abrem contas nas oito mercearias da vila, que vendem também bebidas alcoólicas e mantimentos trazidos de barco de Altamira, em uma viagem que leva três horas e meia. Sete cervejas valem um grama de ouro.
O programa com uma das cerca de 20 prostitutas do local, por exemplo, sai por meio grama ou até um grama de ouro.
Até hoje nenhuma autoridade ambiental esteve no garimpo, e os garimpeiros não têm registro ou autorização para trabalhar na área. O garimpo já existe há quatro meses.
"Tirei o motor do meu caminhão para instalar na balsa e vir para este garimpo em busca do ouro. Já havia oito anos que estava afastado da garimpo e trabalhando na roça. Mas é como um vício. Basta o garimpeiro ouvir falar que apareceu ouro em algum lugar para vir correndo", disse Luiz Martins, 60.
Para montar uma balsa, o garimpeiro-empresário gasta entre R$ 23 mil e R$ 30 mil, incluindo uma voadeira (barco pequeno com motor), equipamento de mergulho e um motor acoplado a um tubo de ar de 200 milímetros, que puxa o cascalho e a areia do fundo do rio. Cada balsa tem seis garimpeiros mergulhadores, que se revezam em dois grupos de três homens e em turnos de 18 horas ou 24 horas no meio do rio Xingu.
Cada balsa -com estrutura de madeira e coberta com lona- tira entre 20 e 60 gramas de ouro por dia do rio, mas algumas balsas já chegaram a tirar até 100 gramas no mesmo período.
Os seis garimpeiros que trabalham na balsa dividem 40% do total retirado no dia. Os outros 60% ficam com o proprietário da balsa. O grama do ouro é vendido em Altamira entre R$ 60,00/70,00
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