Suriname do Brasil está no garimpo em Rondônia
Acredita-se que na região tenha potencial de produção de 30 bilhões de dólares em gemas por ano.
Oficialmente, o garimpo está fechado desde 2004, mas foto retirada há duas semanas, mostra que a extração de pedras segue a pleno vapor. A terra pertence aos índios cintas-largas. Em 2004, eles assassinaram 29 garimpeiros que trabalhavam no local.
Mineradoras acreditam que, na região, haja pelo menos vinte kimberlitos – as formações rochosas de onde se extraem os diamantes – com potencial de produção de 30 bilhões de dólares em gemas por ano. Esse dinheiro, que, repita-se, é da União, não dos índios, nem dos garimpeiros, seria suficiente para quadruplicar o produto interno bruto de Rondônia.
Os índios Cinta-Largas afirmam que subornaram policiais para que eles permitissem a passagem das dragas – e que cobram pedágio dos garimpeiros que extraem diamantes.
O lado Suriname do Brasil
Engana-se quem pensa que a atividade do garimpo é parte do passado em nosso país. Assim como há milhares de brasileiros vivendo no Suriname atrás do sonho de encontrar ouro, outros tantos continuam buscando pedras preciosas na Amazônia. Na maioria das vezes, eles provocam grandes desastres ambientais para tentar encontrar as gemas. O exemplo mais impressionante vem do garimpo de diamantes da reserva indígena Roosevelt, em Rondônia. Oficialmente, o garimpo está fechado desde 2004, mas a foto acima, feita há duas semanas, mostra que a extração de pedras segue a pleno vapor. A terra pertence aos índios cintas-largas. Em 2004, eles assassinaram 29 garimpeiros que trabalhavam no local.
A matança obrigou o governo brasileiro a atuar sobre uma questão que vinha sendo ignorada: apesar de terem o usufruto das terras, os índios não são donos das riquezas do subsolo, que pertencem à União. Essa regra vale para qualquer cidadão brasileiro. Como a jazida não podia ser explorada pelos indígenas, o governo decidiu fechar o garimpo e destacou a Polícia Federal para garantir que a determinação fosse cumprida.
A PF instalou postos nas vias de acesso à aldeia dos cintas-largas, para evitar a pilhagem dos recursos naturais e conter a violência. Mas basta um sobrevoo pela região, coisa que os policiais federais fazem rotineiramente, para constatar que a operação (que já custou 28,4 milhões de reais) não impediu a entrada na reserva de máquinas pesadas como caminhões, tratores e retroescavadeiras. É impossível não avistar as barracas de lona que servem de acampamento aos garimpeiros e o funcionamento das dragas que cospem lama sobre os rios. Como todos os caminhos estão interditados por barreiras policiais, é estranho que o transporte de maquinário pesado tenha passado despercebido aos agentes federais. Os índios afirmam que subornaram policiais para que eles permitissem a passagem das dragas – e que cobram pedágio dos garimpeiros que extraem diamantes.
O ritmo do avanço do garimpo sob as barbas das autoridades pode ser medido por meio de imagens de satélites. Entre 2007 e 2009, foram abertas treze clareiras nas terras dos cintas-largas. O estrago chega a 33 quilômetros quadrados – uma área equivalente a 4000 campos de futebol. No mês passado, o procurador da República Reginaldo Trindade, amigo dos índios, enviou um ofício ao ministro da Justiça, Tarso Genro, em que reconhece a existência do garimpo de diamantes na reserva. Apesar de admitir que os índios e os garimpeiros violam a lei, ele sugere que o governo, em lugar de punir os responsáveis, recompense os índios com 7 milhões de reais por ano para que eles aceitem fechar o garimpo. Mas os índios nem pensam em desistir dos diamantes. Os cintas-largas sabem que dormem em cima de uma das maiores jazidas do planeta.
Mineradoras acreditam que, na região, haja pelo menos vinte kimberlitos – as formações rochosas de onde se extraem os diamantes – com potencial de produção de 30 bilhões de dólares em gemas por ano. Esse dinheiro, que, repita-se, é da União, não dos índios, nem dos garimpeiros, seria suficiente para quadruplicar o produto interno bruto de Rondônia. Mas, para alcançar esse potencial produtivo, a exploração teria de ser legalizada e realizada por meio de técnicas modernas, como ocorre no Canadá desde a década passada. Lá, também há diamantes em terras indígenas. No entanto, em vez de fechar os olhos para a existência de tal riqueza, o governo organizou sua exploração e paga uma compensação aos nativos. No Brasil, os cintas-largas poderiam deixar a miséria com o recebimento de royalties, e a devastação seria controlada. O problema é que estamos mais para Suriname do que para Canadá.
Oficialmente, o garimpo está fechado desde 2004, mas foto retirada há duas semanas, mostra que a extração de pedras segue a pleno vapor. A terra pertence aos índios cintas-largas. Em 2004, eles assassinaram 29 garimpeiros que trabalhavam no local.
Mineradoras acreditam que, na região, haja pelo menos vinte kimberlitos – as formações rochosas de onde se extraem os diamantes – com potencial de produção de 30 bilhões de dólares em gemas por ano. Esse dinheiro, que, repita-se, é da União, não dos índios, nem dos garimpeiros, seria suficiente para quadruplicar o produto interno bruto de Rondônia.
Os índios Cinta-Largas afirmam que subornaram policiais para que eles permitissem a passagem das dragas – e que cobram pedágio dos garimpeiros que extraem diamantes.
O lado Suriname do Brasil
Engana-se quem pensa que a atividade do garimpo é parte do passado em nosso país. Assim como há milhares de brasileiros vivendo no Suriname atrás do sonho de encontrar ouro, outros tantos continuam buscando pedras preciosas na Amazônia. Na maioria das vezes, eles provocam grandes desastres ambientais para tentar encontrar as gemas. O exemplo mais impressionante vem do garimpo de diamantes da reserva indígena Roosevelt, em Rondônia. Oficialmente, o garimpo está fechado desde 2004, mas a foto acima, feita há duas semanas, mostra que a extração de pedras segue a pleno vapor. A terra pertence aos índios cintas-largas. Em 2004, eles assassinaram 29 garimpeiros que trabalhavam no local.
A matança obrigou o governo brasileiro a atuar sobre uma questão que vinha sendo ignorada: apesar de terem o usufruto das terras, os índios não são donos das riquezas do subsolo, que pertencem à União. Essa regra vale para qualquer cidadão brasileiro. Como a jazida não podia ser explorada pelos indígenas, o governo decidiu fechar o garimpo e destacou a Polícia Federal para garantir que a determinação fosse cumprida.
A PF instalou postos nas vias de acesso à aldeia dos cintas-largas, para evitar a pilhagem dos recursos naturais e conter a violência. Mas basta um sobrevoo pela região, coisa que os policiais federais fazem rotineiramente, para constatar que a operação (que já custou 28,4 milhões de reais) não impediu a entrada na reserva de máquinas pesadas como caminhões, tratores e retroescavadeiras. É impossível não avistar as barracas de lona que servem de acampamento aos garimpeiros e o funcionamento das dragas que cospem lama sobre os rios. Como todos os caminhos estão interditados por barreiras policiais, é estranho que o transporte de maquinário pesado tenha passado despercebido aos agentes federais. Os índios afirmam que subornaram policiais para que eles permitissem a passagem das dragas – e que cobram pedágio dos garimpeiros que extraem diamantes.
O ritmo do avanço do garimpo sob as barbas das autoridades pode ser medido por meio de imagens de satélites. Entre 2007 e 2009, foram abertas treze clareiras nas terras dos cintas-largas. O estrago chega a 33 quilômetros quadrados – uma área equivalente a 4000 campos de futebol. No mês passado, o procurador da República Reginaldo Trindade, amigo dos índios, enviou um ofício ao ministro da Justiça, Tarso Genro, em que reconhece a existência do garimpo de diamantes na reserva. Apesar de admitir que os índios e os garimpeiros violam a lei, ele sugere que o governo, em lugar de punir os responsáveis, recompense os índios com 7 milhões de reais por ano para que eles aceitem fechar o garimpo. Mas os índios nem pensam em desistir dos diamantes. Os cintas-largas sabem que dormem em cima de uma das maiores jazidas do planeta.
Mineradoras acreditam que, na região, haja pelo menos vinte kimberlitos – as formações rochosas de onde se extraem os diamantes – com potencial de produção de 30 bilhões de dólares em gemas por ano. Esse dinheiro, que, repita-se, é da União, não dos índios, nem dos garimpeiros, seria suficiente para quadruplicar o produto interno bruto de Rondônia. Mas, para alcançar esse potencial produtivo, a exploração teria de ser legalizada e realizada por meio de técnicas modernas, como ocorre no Canadá desde a década passada. Lá, também há diamantes em terras indígenas. No entanto, em vez de fechar os olhos para a existência de tal riqueza, o governo organizou sua exploração e paga uma compensação aos nativos. No Brasil, os cintas-largas poderiam deixar a miséria com o recebimento de royalties, e a devastação seria controlada. O problema é que estamos mais para Suriname do que para Canadá.
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