Trabalhadores que viviam da extração de cristais criam o tesouro verde do Brasil
Cristalina é privilegiada, com mais de 250 rios, córregos e nascentes. Com muita água correndo por todos os cantos, foi possível fazer brotar nessas terras alimento o ano todo.
Solo fértil, de onde já brotaram cristais. Riqueza que deu fama e nome a cidade: Cristalina, no Planalto Central, em Goiás.
Mas os cristais deram lugar a um novo tesouro, que mudou a paisagem e impulsiona a economia: o agronegócio. Hoje, Cristalina é o maior pib agrícola do país.
Segundo o IBGE, a agricultura de Cristalina movimenta R$ 1,3 bilhão.
A região é privilegiada, com mais de 250 rios, córregos e nascentes. Com muita água correndo por todos os cantos, foi possível fazer brotar nessas terras alimento o ano todo. Os agricultores de Cristalina cultivam 34 tipos diferentes de lavoura.
De milho a soja. De cenoura a batata. Plantações a perder de vista. E que abriram novos horizontes para quem vivia do garimpo.
Olhar cuidadoso de uma mulher que passou a vida inteira procurando pedras preciosas, mas foi na lavoura do café, que Aparecida está garimpando a vida que sempre quis ter.
Aparecida
Globo Repórter: O que mudou na sua vida entre do garimpo agora pra trabalhar aqui na lavoura?
Aparecida Marques de Araújo, trabalhadora rural: Eu pude comprar as minhas coisas com mais facilidade, porque antes eu não podia, eu ganhava pouco, no garimpo.
Carlita lembra que o garimpo era uma aventura.
“Você ganhava R$ 10 e corria o risco de cair num buraco, quebrar uma perna”, conta Carlita Santana Souza, trabalhadora rural.
Foi na lavoura que ela conseguiu colher muitas preciosidades. Com emprego fixo e contracheque, Carlita conquistou junto com o marido, Francisco, o que antes parecia impossível: a casa própria.
Isael também mudou de endereço e de vida. Ele começou na roça. Hoje trabalha na oficina da indústria do beneficiamento de batatas. E não se arrepende de ter deixado o interior de São Paulo há 15 anos.
Globo Repórter: Mas não deu aquele medo de pensar nossa é um lugar longe?
Isael Nunes de Oliveira, técnico em manutenção de máquinas: Medo não. A gente pensou mais na condição de poder melhorar de vida. E melhorou.
Isael mostra orgulhoso a casa que comprou há cerca de um ano e meio.
Globo Repórter: Como é entrar na sua própria casa?
Isael: Sempre com o pé direito, porque com o pé esquerdo a gente deixa o aluguel e o pé direito a gente deixa pra casa própria. Tem o computador, tem a televisãozinha razoável, aparelho de som, o sofá não é dos ricos, mas serve pra gente se abrigar.
A procura pela casa própria aqueceu o mercado imobiliário. Na cidade e no campo.
Luciano acompanhou de perto o crescimento de Cristalina. Trabalhou na lavoura, antes de se tornar um bem sucedido corretor.
“Eu já tinha uma certa inclinação pra mexer com venda e aconteceu. Eu não esperava que fosse tão rápido o resultado. Vim de uma família muito humilde. Me considero um cara vitorioso sim”, revela Luciano Botelho, corretor de imóveis.
A família Figueiredo foi visionária. Eles vieram do Paraná na década de 80 para desbravar uma região selvagem.
“Quando meu pai chegou, uma região totalmente pra ser descoberta, totalmente pra fazer tudo. Nunca se imaginava as coisas que hoje acontecem”, conta Reinaldo Figueiredo, fazendeiro.
Os irmãos Reinaldo e Reginaldo chegaram a duvidar que os negócios teriam futuro.
“No início, eu achei que não ia dar certo. A gente precisava de um parafuso, tem que andar 300 km até Goiânia atrás de um parafuso”, lembra Reginaldo Figueiredo, fazendeiro.
Mas deu tão certo que os irmãos começam a inovar. Além da lavoura apostaram na produção de leite.
Os irmãos investiram no conforto para mimar as vacas. Elas retribuem com carinho e com a maior produção de leite em todo o estado de Goiás.
É ou não é uma terra próspera para plantar sonhos?
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