Europa busca o gás do folhelho americano
As ameaças da Rússia de cortar o abastecimento de gás
da Ucrânia são suficientemente sérias para abalar a confiança dos
europeus. Afinal os gasodutos russos passam, em primeiro lugar, pela
Ucrânia. A russa Gazprom supre mais do que 25% de toda a demanda do
continente europeu de gás natural, um volume imenso que pode
simplesmente sumir.
É com essa ameaça na mente que os líderes europeus se voltam aos Estados
Unidos onde está uma possível solução para os seus problemas.
Os Estados Unidos deverão, no curto prazo, exportar o seu carvão para a
Europa. O carvão americano se tornou pouco competitivo devido aos
baixíssimos preços do gás de folhelho. Os europeus, por sua vez, viram
as suas minas de carvão fechar, a medida que as reservas se exauriram. É
natural que eles aproveitem o excesso de carvão americano no momento da
crise.
Já a possibilidade de uma exportação de grandes volumes de gás
liquefeito dos Estados Unidos, no momento, é inexistente. Os americanos
ainda estão aumentando a produção de gás com o objetivo de uma tão
esperada autossuficiência, que está perto. Só após 2017 é que os
americanos terão condições de enviar grandes quantidades de gás para a
Europa. Para atingir esse feito enormes investimentos em turbinas,
gasodutos e unidades de refrigeração deverão ser feitos. Hoje já existem
mais de 3.000 pessoas trabalhando nesse projeto que permitirá a
exportação do gás dos folhelhos, ou xistos como os brasileiros costumam
erroneamente chamar essas rochas.
Somente a planta da Cheniere Energy, em Houston, com custos superiores a
7 bilhões de dólares, poderá enviar mais do que 17% do que a Rússia
exporta para toda a Europa. Hoje, nos Estados Unidos existem mais de 20
projetos de grande porte para a exportação de gás de folhelho. Esse
enorme investimento, acima de 100 bilhões de dólares, mostra o que muita
gente aqui no Brasil não quer enxergar: o gás dos folhelhos é,
realmente, a maior revolução energética dos Estados Unidos desde a
descoberta do petróleo.
Enquanto as autoridades do Governo e a Petrobras continuam sem uma
política de investimento e desenvolvimento para as imensas reservas
brasileiras de gás e óleo do xisto os americanos revertem a sua
dependência, baixam os custos locais, viabilizam o aço e novas
indústrias e passam a ser exportadores de energia. Tudo isso em poucos
anos.
Se não fosse pela produção do gás dos folhelhos os
Estados Unidos estariam importando hoje (fonte: Governo Americano) 10
bilhões de pés cúbicos de gás natural por dia... Em 5 anos os
Estados Unidos estarão exportando essa mesma quantidade de gás...nada
mal para uma riqueza que uma década atrás estava no chão.
Os europeus, também, começam as pesquisas nos seus jazimentos de folhelhos em busca de gás e óleo.
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