sábado, 26 de abril de 2014

Proveniência de arenitos das Formações Uberaba e Marília (Grupo Bauru)

Proveniência de arenitos das Formações Uberaba e Marília (Grupo Bauru) e do Garimpo do Bandeira: implicações para a controvérsia sobre a fonte do diamante do triângulo mineiro

Argilominerais e ETR são importantes fontes de informação sobre intemperismo, transporte e deposição de material sedimentar, por manterem as assinaturas características da área-fonte. Alguns arenitos do Grupo Bauru no Triângulo Mineiro, em especial os da Formação Uberaba, têm composição peculiar, expressa por grande quantidade de detritos lábeis derivados de rochas alcalinas. O presente trabalho utiliza evidências geoquímicas e mineralógicas de arenitos das formações Uberaba e Marília e da matriz arenosa de um conglomerado diamantífero de posição estratigráfica indeterminada (Garimpo do Bandeira), para investigar a proveniência dos constituintes detríticos. Resultados integrados de argilominerais, elementos maiores, traço e ETR permitiram inferir proveniências distintas para as unidades estudadas.Na Formação Uberaba predominam esmectita e illita, que indicam contribuição de rochas máficas e intemperismo químico pouco intenso na área-fonte. Modelos semi-quantitativos indicam que no mínimo 30% de um componente similar às rochas alcalinas da Província Ígnea do Alto Paranaíba (APIP) deve ser adicionado à composição média da crosta continental superior, para gerar os padrões observados. Modelos com razões normalizadas de ETR indicam pelo menos 50-60% de contribuição de rochas alcalinas, principalmente kamafugitos e bebedouritos. Na Formação Marília domina paligorskita, possivelmente associada a carbonato diagenético. A modelagem semi-quantitativa indicou contribuição alcalina menor que 5%. Razões normalizadas de ETR apontam mistura entre a crosta continental superior e cerca de 5-10 % de kamafugitos ou bebedouritos da APIP. Na matriz do conglomerado do Garimpo do Bandeira domina a caolinita, indicativa de intemperismo químico intenso na área-fonte e o padrão de ETR é inconsistente com os modelos de mistura aplicados às formações Uberaba e Marília. No conjunto, as evidências indicam contribuição alcalina importante nos arenitos da Formação Uberaba, pouco importante nos arenitos da Formação Marília e inexpressivano conglomerado do Garimpo do Bandeira. Isso tem importantes implicações para a controvérsia sobre a origem do diamante no Triângulo Mineiro. Sugere-se que o estudo integrado de argilominerais e padrões de ETR pode ser aplicado à investigação de proveniência de rochas sedimentares em outros casos, onde as diferenças composicionais sejam menos evidentes.

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