Sinclinal ouro fino revisitado, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais: uma hipótese sobre a sua origem e evolução
O Sinclinal Ouro Fino é uma estrutura de escala sub-regional de
origem controvertida. Dois modelos estruturais constituem a visão
síntese da evolução tectônica dessa estrutura. Para Ladeira &
Viveiros (1984) o Sinclinal Ouro Fino resulta do primeiro evento de
dobramento que afetou o Supergrupo Minas, tendo gerado as primeiras
dobras com eixos E-W e clivagem penetrativa associada. A vergência desta
fase de dobramento é para norte. Já Fonseca (1990) interpreta a origem
do Sinclinal Ouro Fino como resultado de esforços compressivos dirigidos
de E para W. O eixo teria orientação submeridiana e vergência para
oeste tal como foi apresentado por Dorr (1969). Este último é o modelo
amplamente aceito. Entretanto, a presente investigação por meio da
análise estrutural conduzida no Sinclinal Ouro Fino permitiu a
caracterização de quatro famílias distintas de estruturas e a proposição
de uma outra hipótese para a origem e evolução dessa estrutura. A
primeira família caracteriza-se por dobramentos apertados e reclinados
com charneiras apresentando caimentos moderados para ESE tendo gerado
uma xistosidade plano-axial e lineação de interseção paralela à lineação
mineral. Esta lineação mineral caracteriza-se como do tipo “b”. A
mineralização ferrífera está fortemente condicionada pelos parâmetros
deformacionais desta fase. O fechamento da dobra de primeira ordem se dá
no setor meridional sendo corroborado pelas relações entre o acamamento
e a xistosidade e pelas dobras subsidiárias em padrão “S” e em “Z”,
respectivamente, nos flancos oeste e leste. Essas relações permitem
redefinir a geometria da estrutura de Ouro Fino como uma dobra
sinclinorial, de eixo WNW-ESE subhorizontal, antifórmica, reclinada e
vergência para sul. Nestas condições tem-se que as unidades do
Supergrupo Minas (Paleoproterozóico) ocupam o núcleo da dobra sendo
envolvidas pela seqüência metapelítica do Supergrupo Rio das Velhas
(Arqueano). A segunda família de estruturas é caracterizada por dobras
abertas a fechadas com eixos subhorizontais orientados em posição
submeridiana associada à lapa da falha Córrego das Flechas. A dobra
notável desta fase é o sinforme Córrego das Flechas. Elas apresentam
clivagens planoaxiais. A vergência e o transporte tectônico são de leste
para oeste. As demais famílias estão representadas por dobramentos
suavese crenulações com direções axiais E-W e N-S.
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