sábado, 26 de abril de 2014

Sobre a polêmica da origem do diamante na Serra do Espinhaço (Minas Gerais)

Sobre a polêmica da origem do diamante na Serra do Espinhaço (Minas Gerais): um enfoque mineralógico

A origem do diamante da Serra do Espinhaço tem sido alvo de discussões por quase 200 anos. O enigma da fonte diamantífera primária na região conduziu a uma série de hipóteses díspares, as quais representam duas linhas antagônicas de pensamento a respeito desta origem: próxima, isto é, dentro da bacia de sedimentação do Supergrupo Espinhaço (mesoproterozóica), ou distante, na zona cratônica situada a oeste (mesoproterozóica ou anterior), perifericamente ao sítio deposicional, liberando o diamante durante a evolução do registro sedimentar da bacia. O estudo das principais características mineralógicas do diamante e de seus minerais acompanhantes, resultou na obtenção de novos dados que permitiram apoiar a segunda linha de pensamento sobre a origem da gema. Em relação às rochas conglomeráticas, encaixantes da mineralização na Serra, concentrados volumosos de sua matriz revelaram ser ela destituída de minerais indicadores de fonte mantélica. A mineralogia dos pesados aluvionares que ocorrem na região também não foi indicativa de quaisquer minerais mantélicos; as granadas amostradas foram determinadas como almandina de origem crustal. Quanto a mineralogia do diamante, estudos integrados de lotes representativos de diversas áreas foram conclusivos a respeito de que: (1) cristais grandes (>lct) são raros, totalizando menos que 1% em relação ao total de indivíduos amostrados; (2) cristais "inteiros" predominam largamente (>90%), destacando-se os de hábitos rombododecaédricos, octaédricos e transicionais entre ambos (>70%); (3) diamantes como agregados policristalinos estão praticamente ausentes (<0,1%); (4) diamantes com macro-inclusões (visíveis a olho nu) são raros (<5%); (5) cristais de qualidade gemológica predominam (78-97%). À integração dos dados apresentados apontam para o transporte desde uma área fonte distante para o diamante do Espinhaço, extra-bacia, provavelmente situada na zona do Craton do São Francisco a oeste do atual espigão serrano.

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