Ele quer transformar 20 anos em 2
O
trabalho meticuloso de lapidação e o bom gosto das peças fizeram da
austríaca Swarovski um ícone global. Sua meta, agora, é crescer no
Brasil
Diz
a lenda que o vidreiro austríaco Daniel Swarovski criou a empresa que
leva seu nome, em 1895, para que toda mulher pudesse ter acesso a um
diamante, mesmo que ele não fosse verdadeiro. Com esse objetivo em
mente, o empreendedor começou a usar as técnicas refinadas de lapidação
de diamantes para esculpir joias de cristal. Ficção ou realidade, o fato
é que a grife conseguiu se firmar no cenário global como uma das marcas
mais desejadas do segmento de bijuterias. Desde então, a Swarovski
atravessou guerras, revoluções e viu a Boêmia, sua terra natal, ser
incorporada à República Checa.
Roland Moecke, vice-presidente da Swarovski: "A bijuteria é um acessório utilizado
para marcar a força da personalidade de cada mulher"
Nas
últimas décadas, a pegada mais pop também ajudou a transformá-la em um
ícone para consumidores dos 16 anos aos 80 anos e numa potência com
vendas anuais de € 3,08 bilhões. Se a ancestralidade e a qualidade foram
importantes para sua consolidação, a globalização abriu novas
fronteiras para a marca. Uma delas é no Brasil, onde hoje concentra uma
de suas maiores apostas. Por aqui, a Swarovski pretende dobrar de
tamanho e cravar sua bandeira em 60 pontos de venda até o final de 2016.
Na prática, isso significa dizer que a empresa irá fazer em apenas dois
anos praticamente o que levou 20 anos para conseguir. “O Brasil é um
mercado estratégico para nós”, disse Roland Moecke, vice-presidente
global para a área de produtos de consumo.
Pioneirismo asiático: a marca foi uma das primeiras a apostar na China. Hoje, o gigante asiático
é um dos principais clientes da fabricante de bijuterias
“Trata-se
de um povo que valoriza a moda e gosta de novidades.” A ambição dos
austríacos será facilitada devido ao processo de expansão dos shopping
centers. Dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)
indicam que 37 novos centros de compra deverão ser abertos até dezembro.
O foco são as “cidades poderosas”, como o executivo classifica São
Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, pelo fato de funcionarem como
polos regionais de compras, além de ditarem tendências em nível
nacional. Para viabilizar a meta para lá de ambiciosa, a filial local da
Swarovski recebeu o sinal verde para adotar o sistema de franquia. Até
dezembro, serão abertas sete unidades próprias e outras quatro em
associação com empreendedores.
O
investimento, nos próximos dois anos, deve atingir R$ 21 milhões,
levando-se em conta o custo médio de R$ 700 mil para abertura de cada
unidade. Neste contexto, cabe a seguinte pergunta: existe espaço para
tantas lojas? Carla Assumpção, diretora-geral da Swarovski no Brasil,
diz que sim. “O consumo tem sido o motor de crescimento da economia
brasileira e queremos nos aproveitar disso”, afirma. Moecke concorda.
“Os eventuais problemas vividos pela economia são pontuais e não
comprometem nossa fé no País no médio e no longo prazo.”Em sua
quinta passagem pelo Brasil, realizada no início deste mês, Moecke
visitou clientes e autorizou Carla a introduzir outra novidade, a
retomada das vendas dos produtos em lojas multimarcas, abandonadas no Brasil a partir do começo da década passada, quando a empresa iniciou sua operação próprias no País.
Cristais são eternos: visionário, o fundador da grife, Daniel Swarovski
criou máquina que fazia lapidações perfeitas, o que possibilitou
produzir em escala
A
comercialização em lojas de terceiros é largamente empregada na Europa e
na América do Norte, onde os brincos, pulseiras e enfeites de cristal
da marca podem ser encontrados em redes como a espanhola El Corte Inglés
ou a mexicana Liverpool. “As lojas monomarcas não são suficientes para
aproveitarmos todas as oportunidades que o mercado brasileiro tem a
oferecer”, disse o vice-presidente da marca. Essa parte do plano será
mais bem detalhada ao longo deste ano e não tem data para ser
implantada. De acordo com Moecke, a trajetória da marca por aqui muito
se assemelha ao que aconteceu nos últimos dez anos na China e mais
recentemente na Índia.
Nesses
países, a Swarovski não apenas investiu pesadamente na abertura de
lojas como também na criação de uma identidade local, por meio da
contratação de designers para a concepção de coleções exclusivas.
“Começamos esse processo pela China, levamos para a Índia e a próxima
escala será o Brasil”, afirmou. Para ele, as consumidoras de qualquer
parte do mundo, independentemente da cultura, buscam as bijuterias por
razões que incluem desde a necessidade de chamar a atenção até como
forma de afirmar sua personalidade. “As brasileiras preferem cores mais
exuberantes, ao contrário das chinesas, que gostam de peças mais
discretas e de menor porte”, afirmou.
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