Geologia e Turismo, novas perspectivas
Vivemos um momento de valorização e
preocupação com o meio ambiente. Isso ocorreu principalmente após a
realização da 1ª Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo,
Suécia. A partir deste evento, um novo segmento de atividade turística
surgiu denominado de ecoturismo, com o objetivo de conjugar o turismo
com a identificação, a proteção e a preservação do patrimônio cultural e
natural da Terra. Porém, essa modalidade turística tem enfatizado a
fauna e flora e os recursos hídricos naturais, desconsiderando os demais
aspectos físicos, como as estruturas geológicas e as feições
geomorfológicas.
Conservar o patrimônio geológico é
manter viva a memória do planeta para as futuras gerações e garantir ao
conhecimento científico uma fonte de pesquisas e respostas sobre eventos
passados e sobre os possíveis eventos futuros é importante e
imprescindível. Baseado nesta ideia novas formas de turismo visando a
conservação deste patrimônio já começou a se desenvolver como o
Geoturismo.
Geologia e Turismo podem ser consideradas, ao mesmo tempo,
explícitas e implícitas. Cabe expor que a prática turística, neste caso,
está associada a um desejo de conhecer novos lugares, vivenciar outras
culturas, admirar paisagens, entre outras motivações.
Para o turismo a paisagem é vista como
um atrativo que é eminentemente observada, vivida e sentida. Nesse
sentido, podemos atribuir-lhe valores na forma de um produto importante
cuja expressão sobre a sua percepção se dá através da morfologia
resultante das diferentes formas de ocupação e configuração de um
território, ao longo do tempo.
A Geologia pode ser considerada como a
base, a estrutura da paisagem física, compondo, portanto, o substrato
aonde a atividade turística irá se desenvolver. Neste sentido as
respostas da geologia refletem no relevo, que é capaz de condicionar a
atividade turística: pode-se, portanto, entender o papel indireto da
geologia como o locus ou o sítio onde a atividade turística
ocorre. Neste caso, ressalta-se como exemplo, o comportamento da
Geologia nas formas do relevo. Estas condicionam o traçado de
determinada rodovia interferindo na relação distância/tempo entre dois
destinos.
A distância linear entre a cidade do Rio
de Janeiro e a cidade serrana de Petrópolis, lar de veraneio da família
imperial brasileira no século XIX e que, ainda hoje, abriga grande
número de patrimônios arquitetônicos daquela época, é de menos de 50
quilômetros. Entretanto, a necessidade de ultrapassar a escarpa da Serra
do Mar a partir da capital fluminense faz com que o trajeto tenha
aproximadamente 100 quilômetros e dure cerca de uma hora.
Como outro exemplo da influência
indireta da Geologia na atração de turistas pode-se destacar a cidade
histórica de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais. Fundada no século
XVII pelos bandeirantes, a cidade que cresceu em torno da exploração
mineral, foi berço de diversos movimentos políticos e culturais e
atualmente, depois da exaustão dos valiosos minérios que dão nome à
cidade, é um importante polo de turismo histórico-cultural da região
Sudeste do Brasil.”
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