Conjunto de Ruínas do Gongo Soco
A Mina de Gongo Soco presenciou o auge e a
decadência da exploração do ouro de aluvião e da mecanização rudimentar
da atividade mineradora. No século XIX, viveu seu apogeu, com a
mineração aurífera subterrânea, mecanizada e industrializada. Com o
declínio do rico mineral, a extração do ouro foi substituída pela do
ferro, atividade ainda existente no local.
A história começou quando, em 1824, João
Baptista Ferreira de Souza Coutinho, o Barão de Catas Altas, vendeu as
terras de Gongo Soco para uma empresa Britânica, a Imperial Brazilian
Mining Association – primeira empresa de capital estrangeiro a se
instalar em Minas Gerais.
Entre os anos de 1826 a 1856, a mina
produziu mais de 12 mil quilos de ouro. Em 1856, sua produção, em queda,
foi reduzida a apenas 29 quilos, e neste mesmo ano foi abandonada. O
conjunto de ruínas do sítio do Gongo Soco era constituído por dois
setores distintos: Setor I, considerado o espaço de trabalho da mina
propriamente dita, com seu complexo de estruturas industriais; e o Setor
II, mais afastado, onde se encontravam as moradias e os equipamentos
urbanos que faziam parte da antiga vila.
Uma autêntica vila inglesa, Gongo Soco,
segundo o censo, em 1931, possuía 30 casas ao longo de uma extensão de
um quilômetro e meio. As edificações eram todas construídas em alvenaria
de pedra e barro. Entre as casas ficava o Cemitério dos Ingleses, onde
eram enterrados apenas os trabalhadores britânicos. Ali foram
encontradas dez lápides com inscrições em inglês e ornamentadas por
desenhos apurados. Existem ainda vestígios do que seriam um hospital e
duas capelas, sendo uma católica e outra anglicana.
A casa do Barão de Catas Altas –
informação sem constatação documental – teria aproximadamente 1.000 m2
de área construída, supondo apenas um pavimento. Perto do Setor I, há um
forno com chaminé de mais ou menos 5,20 m de altura e 0,60 m de boca.
Caminhando pela estrada à direita, vê-se um muro de pedra de quase 60 m
de comprimento, terminando num portão em arco, erguido presumivelmente
para marcar a passagem dos imperadores Dom Pedro I, no ano de 1831, e
Dom Pedro II, em 1881. Atualmente, o arco em ruínas está coberto por uma
gameleira. À esquerda, estão localizadas ruínas do que teria sido um
vestiário, segundo relatos do viajante Richard Burton.
A origem do nome Gongo Soco é incerta.
Segundo uma das versões, quando acontecia roubo na mina, o gongo era
tocado, mas ninguém o ouvia. Outra versão diz que um escravo, vindo do
Congo, foi encontrado na posição de galinha choca (palavra que teria
originado “soco”) cavando escondido um depósito aurífero.
As ruínas, tombadas pelo Iepha/MG em 1995,
estão localizadas no município de Barão de Cocais, a 76 quilômetros de
Belo Horizonte.
Referências: IEPHA. Processo de Tombamento das Antigas Ruínas da Vila do Gongo Soco, Barão de Cocais/Sede, 1995, PT95
IEPHA. Projeto Ruínas de Gongo Soco. Relatório Final das Pesquisas Histórica e Arqueológica, v. I, Barão de Cocais/Sede, 1995.
IEPHA. Projeto Ruínas de Gongo Soco. Relatório Final das Pesquisas Histórica e Arqueológica, v. I, Barão de Cocais/Sede, 1995.
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