sexta-feira, 6 de junho de 2014

Minério de ferro. Conseguirá o Brasil dominar mundo em menos de 40 anos?

Minério de ferro. Conseguirá o Brasil dominar mundo em menos de 40 anos?
Quando falamos de minério de ferro falamos de três grandes mineradoras globais: a Vale, a Rio Tinto e a BHP, ou , simplesmente, de Brasil e Austrália. O que se observa é um cenário de batalha pelo mercado chinês e mundial, entre dois países que são os maiores produtores do planeta, o Brasil e a Austrália.

Esta batalha deverá perdurar por décadas e só será ganha quando um dos players não tiver mais munição, ou minério de ferro...

Quem sairá ganhador?

Os brasileiros ou os australianos?

Austrália

Nesta área a situação da Austrália parece não ser tão boa como a do Brasil. Em menos de 40 anos os seus tradicionais minérios de ferro tipo Brockman, Channel Deposits e Marra Mamba estarão, praticamente todos, exauridos. Só restarão na Austrália, após esse período de tempo, os minérios magnetíticos.

A exaustão dos minérios tipo Premium Brockman será rápida. Em menos de 20 anos o minério desaparecerá e com ele a capacidade dos australianos de blendar os seus minérios de baixa qualidade, ricos em fósforo, sílica, alumina e água.

Poucos sabem, mas quando os australianos falam de minério de ferro o que eles vendem é um produto blendado que só é possível graças a existência do minério de alta qualidade que é o Brockman premium grade. Esse premium grade ocorre, principalmente, nas minas de Tom Price e Waleback. Trata-se de um minério hematítico com 65%Fe, 0,05% de fósforo, 4,3% SiO2, 2,4% Al2O3 e 4% de água.  A má notícia é que esses recursos de alto teor e qualidade  estarão exauridos em menos de 20 anos o que vai reduzir consideravelmente a competitividade do minério de ferro australiano.

Sem o Brockman Premium a  Austrália perderá a sua competitividade.
Os demais minérios hematíticos da Austrália não tem a qualidade do Brockman Premium e ocorrem em vários contextos geológicos. Esses tem teores médios de 57,4% Fe, 0,10% P, 7% SiO2, 2,4% Al2O3 e 4% de água. Minérios dessa qualidade não podem competir com os de Carajás e, consequentemente, são misturados ao Brockman Premium para ter maior penetração no mercado mundial.

Já os chamados Marra Mamba e Channel Deposits são uma mistura de hematita e goethita que também irão estar exauridos em menos de quarenta anos.

O que vai manter a Austrália na mineração do ferro, após a exaustão de suas reservas principais, são os BIF magnetíticos de Balmoral, Cape Lambert e Karara. Essas jazidas são gigantescas e estenderão a vida das minas de minério de ferro da Austrália por 60 anos. Mas, como sabemos, esses BIFs terão que sofrer um bom processo de beneficiamento até atingir as especificações de mercado. Lembre-se que beneficiamento e concentração são custos que os minérios de alto teor não tem.


evolução do minério australiano
No gráfico acima percebe-se claramente que a produção dos minérios hematíticos e do Brockman Premium vem caindo rapidamente enquanto a dos Channel Deposits crescia até 2003. Hoje todos esses recursos estão em processo de exaustão que deverá ocorrer antes de quarenta anos ao ritmo alucinante de produção atual.
O que não é mostrado nesse gráfico é a expansão dos minérios magnetíticos que é um fenômeno mais recente.

Brasil

Já aqui no Brasil, apesar da enorme produção, estamos muito bem, obrigado.  Enquanto o Quadrilátero Ferrífero se exaure temos excelentes jazimentos em quase todo o território que ainda estão na fase inicial de produção.

Os maiores e mais interessantes são os de Carajás. Em Carajás a Vale tem um produto de altíssima qualidade, que não precisa ser blendado ou concentrado. O minério é tão bom que a Vale quer criar uma marca, um selo de qualidade que vai levar o nome de Carajás. Este super minério fará da Vale a maior e melhor produtora de minério de ferro do planeta por décadas e décadas, superando em volume e qualidade os Australianos e todos os demais mineradores.

É por isso que empresas como a Rio Tinto tem tamanho interesse em projetos de alta qualidade.

E sob esse ângulo que devemos entender o novo player: a África. No continente africano existem inúmeros jazimentos de minério de ferro ainda inexplorados. Alguns como o de Simandou são grandes e de altíssima qualidade.

Simandou é para a Rio Tinto o ticket para um futuro brilhante e competitivo. É de lá que a Rio irá travar as suas batalhas futuras contra a Vale, quando as suas jazidas australianas estiverem findando.

Simandou é o futuro da Rio e uma perda importantíssima para a Vale. Alguns analistas acreditam que vai ser através de Simandou que a Rio irá, eventualmente, ultrapassar a Vale. É lógico que eles não conhecem o potencial do Brasil quando o assunto é minério de ferro.

Aqui no país temos as imensas reservas de Carajás que deverão durar por muitas décadas e as reservas dos BIFs do centro-oeste e nordeste que mal estão sendo tocadas no momento. Temos minério de ferro para mais de cem anos de intensa produção.

Quando a Austrália claudicar e reduzir as suas exportações ou perder competitividade o Brasil estará em condições de produzir bem mais do que hoje com qualidade, ainda, imbatível.

E a África?

Quarenta anos nos parece um prazo muito pequeno para que a “Mãe África” resolva seus problemas internos e venha a se tornar na potencia mineral que, um dia, poderá ser.

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