Opala de Pedro II para o mundo
Essa pedra preciosa, ainda pouco valorizada no país, movimenta a economia local e chega a render para os ourives até R$ 70 mil por mês. O município tem a única reserva de gemas nobres de opala no Brasil, que é a segunda maior do mundo – a primeira está na Austrália, que explorou minas brasileiras na década de 1970.
Afastada a desorganização e a mineração
desenfreada, a cidade tomou as rédeas do negócio e foram criadas
associações ligadas ao garimpo e à lapidação, estruturando o mercado da
pedra.
O lapidário Juscelino Araújo Souza, pioneiro no segmento de
joalherias, conta que quando começou, há quase 24 anos, o setor não
estava organizado. “Tinha a pedra, mas não tinha quem fizesse o
trabalho”, diz. A falta de mão de obra especializada o estimulou a
abandonar as feiras livres, onde era ambulante, e procurar um curso de
lapidação promovido pelo governo na época. Em 1992, Juscelino inaugurou a
primeira empresa de lapidação de Pedro II e, em 2000, implantou ali uma
área dedicada à joalheria.Exportação e mercado interno
Assim como a empresa de Juscelino, outras 30
se estabeleceram na região. Atualmente, elas são responsáveis pelo
beneficiamento de 5 quilos de pedra bruta por mês, que resultam em 30
quilos de joias, já com valor agregado da prata ou do ouro utilizados na
confecção das peças.
Cerca de 30% das opalas garimpadas são de
alta qualidade e seguem para exportação, movimento que chega a render
até R$ 500 mil anuais para lapidários do município. Os principais
compradores são os Estados Unidos e a Alemanha, além de França e Suíça,
que também valorizam o produto. Os 70% restantes ficam na região de
Pedro II e são utilizados na produção de joias artesanais
comercializadas no próprio Nordeste e em alguns estados brasileiros.
Segundo estimativas dos garimpeiros, ainda há jazidas inexploradas na
região. Hoje existem cerca de 30 minas locais, e estudos sugerem que
apenas 10% da reserva foi explorada. Com a organização do setor, as
associações receberam o suporte que faltava para se desenvolverem. Em
2005, foi criado o Arranjo Produtivo da Opala, projeto que ajudou a
reestruturar o mercado das pedras de Pedro II.
Marcelo Morais, coordenador dos trabalhos,
afirma que o negócio está mais orientado e hoje aspira até ao registro
do selo de Indicação Geográfica, que já está em análise pelo Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A expectativa é de que até o
fim do ano a indicação acompanhe o nome das opalas da cidade.
Juscelino, que também é o presidente da Associação para a Indicação
Geográfica da Opala, diz que com a obtenção do selo a demanda deverá
aumentar, o que pode elevar o preço final da joia em até 30%. Enquanto
aguardam reconhecimento nacional, as associações se preparam para criar
uma escola profissionalizante que começará a funcionar ainda em 2011. “O
espaço irá atender o aumento da produção e oferecer formação para os
jovens do município”, afirma.
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