quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Turmalina paraíba

Turmalina paraíba

Uma das descobertas mais impressionantes do mundo das gemas ocorreu recentemente no estado da Paraíba, aqui no Brasil. Sob a supervisão do Sr. Heitor Barbosa, a exploração persistente ao longo de sete anos da Mina da Batalha, localizada na proximidade da pequena cidade de São José da Batalha, finalmente resultou em 1988 no achado dos primeiros cristais de uma turmalina de coloração excepcional, cunhada como “Turmalina Paraíba”. ORIGEM DA COR As turmalinas são gemas que podem ser encontradas em quase todas as cores do arco-íris (do branco ao negro, inclusive existindo gemas incolores), mas os cristais de turmalina paraíba possuem tonalidades inigualáveis de azul e verde entre as turmalinas, assemelhando-se a cores vistas apenas nas asas de algumas borboletas, em conchas marinhas e nas penas de pavão (algumas apatitas podem ter coloração parecida). É freqüente que se usem termos como “azul pavão”, “azul turquesa” ou “azul e verde neon” para descrever essas cores tão chamativas. A turmalina paraíba também pode ser encontrada em lindas cores púrpuras e vermelhas, além de em azul profundo (como o de safiras de boa qualidade) e verde mais escuro (como o de esmeraldas de boa qualidade). Diferindo de outras turmalinas, detecta-se elevado teor de ouro em sua composição (aproximadamente 1200 vezes o encontrado na crosta terrestre) e, enquanto a coloração das turmalinas tradicionais resulta da presença de átomos de ferro, cromo, vanádio e manganês em sua estrutura, a turmalina paraíba deve sua coloração verde e azul principalmente à presença de pequena quantidade de átomos de cobre (podendo receber a denominação mineralógica de “elbaíta cúprica”) e as cores vermelho e púrpura a átomos de manganês. EXTRAÇÃO MINERAL Sempre houve enorme dificuldade na exploração da turmalina paraíba. Para encontrá-la, inicialmente foram escavados vários túneis de até sessenta metros de profundidade no Morro Alto (o sítio de escavação) e múltiplas galerias que os interligavam. Uma vez encontrados os primeiros cristais, as escavações se intensificaram, mas a produção sempre foi muito limitada, pois a dificuldade residia na raridade do material, que era encontrado em bolsões ou veios muito finos (às vezes de não mais que um centímetro de espessura). Durante o período de maior produção (até aproximadamente 1993), a maioria dos cristais azuis descobertos pesavam até 1,5 gramas e os verdes não mais que 4 gramas, sendo que quase todas as peças eram encontradas fragmentadas. Raros cristais de qualidade excepcional, variando entre 5 e 25 gramas, alguns inclusive não fragmentados, foram também recuperados. Desde 1993 a mina original está esgotada e a produção caiu dramaticamente. Existem agora três sítios de exploração: a) os túneis originais, que foram ampliados e vastamente trabalhados, ainda sem sucesso; b) a exploração aluvial no leito de pequeno riacho que passa junto ao Morro Alto e que “lava” depósitos do Morro Alto; c) rede adicional de túneis em outro ponto do Morro Alto. Dos três sítios citados acima, o que tem maior produção no momento (ainda que em sua maioria de cristais de baixa qualidade) é o aluvial. Para que se possa melhor entender a raridade do material, lembremos que a produção de grande parte dos garimpos no Brasil se expressa em quilos ou toneladas de minerais por mês. Na exploração aluvial de turmalina Paraíba, de cada 4000 toneladas de terra que é recolhida se obtêm aproximadamente 30 a 40 gramas de turmalina e, desses, geralmente apenas 25% tem qualidade razoável. Apesar dos reduzidos resultados obtidos, a demanda pelo material é tão intensa e seu valor tão elevado que a exploração persiste, sempre na esperança de se encontrar um novo filão e reativar o comércio. Mais recentemente, em 2001, começaram a aparecer no mercado turmalinas de coloração muito semelhante à da turmalina paraíba, porém procedentes da Nigéria, na África. Esse material é levemente mais claro que as turmalinas de origem brasileira, mas também tem em sua composição átomos de cobre e manganês, o que justifica sua similaridade. VALOR COMERCIAL Desde quando as primeiras gemas lapidadas de turmalina paraíba chegaram ao mercado, o material ganhou popularidade e, por sua beleza e raridade, atingiu valores nunca antes pensados para as turmalinas. Gemas acima de 1 ct nas cores azul e verde neon, principalmente, atingiram rapidamente preços de até US$5000.00 por quilate e gemas maiores chegaram a alcançar até mesmo patamares de US$20000.00 por quilate. Pode parecer muito, mas a raridade e as incertezas quanto a sua produção futura são marcantes e essas gemas são consideradas verdadeiros tesouros. Como curiosidade, a maior turmalina paraíba lapidada existente no mundo pesa 45,11 ct. Veronica Gandulfo Fontes: www.jewelry-industry-guide.com The Mineralogical Record, volume 33, March–April, 2002; P 133

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