A Geologia e a Internet das Coisas
Você já ouviu falar da Internet das Coisas ou IoT?
Com certeza você já a conhece, mas talvez ainda não tenha percebido a sua enorme importância no mundo atual.
A IoT é o conjunto de equipamentos e sensores que se comunicam via
internet, dentro de uma rede wireless enviando dados para bancos de
dados corporativos ou não.
A Internet das Coisas, portanto, é o conjunto de cada um destes bilhões
de sensores que fazem parte do nosso dia a dia. Neste momento eles ainda
estão agrupados pela função ou pela corporação que os utiliza. No
entanto, em poucos anos, serão mais de 50 bilhões deles conectados
fornecendo trilhões de informações para os bancos de dados que as
decodificarão e interpretarão.
Estamos falando desde aquele sensor de umidade, simples, inserido no
solo de uma lavoura até o mais sofisticado satélite espião coletando
informações de grupos terroristas. Todos fazem parte deste novo mundo
que, segundo a Price Waterhouse, já é um mercado de trilhões de dólares.
Os sensores que mais se desenvolvem ainda não estão sendo percebidos
como tal: os smartphones. Cada um dos 2 bilhões de smartphones que
existem no planeta é capaz de coletar inúmeros dados e jogá-los na web
transformando-nos, os usuários, em verdadeiros multisensores ambulantes.
Os usos e aplicações são infinitos e de tirar o fôlego. Já não existe
mais a ficção científica quando o assunto é IoT e, literalmente,
qualquer pessoa pode imaginar uma aplicação, ainda não criada, que pode
transformar radicalmente o mundo como conhecemos.
Imagine, por exemplo, que a Apple lance um novo Iphone que contenha um
medidor de temperatura e de pressão barométrica, coisa que já foi feita
em relógios digitais antigos.
Em poucos dias o mundo verá a mais fabulosa rede de meteorologia da
história do Homem. Nesta rede cada usuário será uma central
meteorológica coletando dados de qualidade, todos geocodificados,
permitindo a criação de mapas climáticos online com uma precisão jamais
imaginada. Em poucos anos, se a nossa ideia for implementada, serão
centenas de milhões de estações meteorológicas ao invés das 1.500
utilizadas pela National Oceanic and Atmospheric Administration a NOAA.
É com essa velocidade e impacto que a Internet das Coisas se espalha e viabiliza. Imagine só o que há por vir...
O interessante é que a mineração e a geologia são as áreas onde a IoT é mais desenvolvida.
Segundo este estudo da Price Waterhouse (PwC), 33% das empresas de
mineração já investem na IoT. A mineração é seguida pelas áreas de
Utilities (32%); Automotiva (31%); Indústrial (25%); Hospitality (22%);
Saúde (20%); Varejo (20%); Entretenimento (18%); Tecnologia (17%) e
Finanças (13%).
Os usos de sensores na mineração é coisa antiga.
Eles já fazem parte do dia a dia das minas, da pesquisa mineral e até
das conquistas espaciais. Os sensores são importantíssimos na coleta de
dados geológicos das novas missões chinesas à Lua, americanas a Marte e
Europeias ao cometa P67.
Aquilo que pouco tempo atrás era a mais pura ficção científica hoje faz
parte da massa de informações, medidas em tera e petabites, que
transitam na internet e que, aos poucos, são decodificadas pelo Big
Data.
Os geólogos e mineradores dependem, cada vez mais, de milhões destes
sensores para a obtenção de dados sobre as rochas e seus teores,
qualidade de minério, transporte de minério e todas as áreas do
processamento mineral e metalurgia. As minas estão repletas de fibras
óticas e sensores que fazem parte imprescindível deste novo mundo da
Internet das Coisas aplicada à mineração e à geologia.
Na exploração mineral, a IoT está se desenvolvendo intensamente com o
uso dos Vants ou drones equipados com câmeras de alta definição,
gravímetros, magnetômetros, medidores geoquímicos e centenas de
aparelhos e sensores que alimentam os bancos de dados com informações
vitais.
Até os furos exploratórios da exploração mineral estão sendo invadidos
por sensores que permitem avaliar teores, intensidade de fraturamento e
demais características físico-químicas das rochas atravessadas,
propiciando ao geólogo informações que antes podiam demorar meses.
Ideias criativas saem da prancheta para o dia a dia com uma velocidade ímpar.
Novos sensores de medição de teores estão sendo colocadas nas lâminas de
grandes equipamentos mineiros, o que permite uma decisão instantânea
sobre a qualidade do minério sendo lavrado e a sua destinação.
Em minas com vídeo câmeras e a nova geração de sensores os conceitos de
minério e estéril variam a cada segundo, em uma reavaliação constante a
medida que o minério é extraído do solo.
Empresas como a Rio Tinto e BHP investem bilhões na compra de frotas com
centenas de caminhões fora de estrada totalmente controlados
remotamente. Nestas minas o motorista é o computador.
Essas empresas percebem que a redução dos custos passa pela automação e
pela IoT transformando os empreendimentos mineiros em verdadeiras
máquinas, cada vez mais inteligentes.
Aos poucos as minas modernas estão sendo equipadas com milhares de
sensores que vão desde os despretensiosos sensores de pressão de pneus
(economizam mais de US$10 milhões nas minas onde são instalados), até as
gigantes locomotivas controladas remotamente.
Somente a Rio Tinto já tem mais de 40 trens com gigantescas composições,
operando nas suas minas de minério de ferro da Austrália.
Aos poucos aquelas áreas perigosas das minas estão sendo invadidas por
equipamentos e sensores que permitem o controle e o monitoramento à
distância de tudo, desde os explosivos até a presença e concentrações de
gases tóxicos aumentando a segurança e evitando a exposição dos
mineiros a riscos desnecessários.
Os novos executivos estão a um “apertar de botão” de preciosas
informações online, sobre produção, custos e detalhes operacionais de
suas empresas, graças a esta nova geração de sensores interligados.
O conjunto desses novos equipamentos, que comunicam-se, aumenta a
“inteligência” da empresa, permitindo respostas rápidas, enorme redução
de custos, maior controle operacional, aumento significativo na
segurança, aumento na previsibilidade e na produtividade, gerando,
consequentemente, uma maior lucratividade.
É a revolução da Internet das Coisas que está apenas no começo.
Até onde essa revolução vai? Não sabemos, mas, com certeza veremos
desdobramentos que nunca foram sequer imaginados em um futuro quase tão
próximo como o presente.
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