O pedido de pesquisa não é mina
O título, desta matéria, para nós da geologia e
mineração pode parecer meio estapafúrdio. Afinal nós sabemos muito bem
as diferenças entre uma mina e um pedido de pesquisa.
Mas, é simplesmente assustador ver a mídia nacional e internacional
repetindo frases de efeito criadas por neófitos que nada entendem de
mineração. A mais recente é de um grupo de ingleses e brasileiros que
propagam, mundo afora, que o novo código mineral brasileiro coloca em
risco a posição do Brasil como “líder ambiental”.
O Código de Mineração pode ser acusado de muitas coisas, como ser mal
redigido e de ter sido criado de forma unilateral por quem pouco entende
do assunto, sem a concordância da grande maioria dos mineradores e da
sociedade.
Mas, dizer que o código coloca em risco o meio ambiente e as áreas
protegidas incluindo as reservas indígenas é um exagero grosseiro.
Na realidade, tanto a mineração moderna como o novo Código Mineral estão
alinhados na defesa do meio ambiente e das comunidades.
O que o pessoal não entende é que a área ocupada por um requerimento de pesquisa não é o mesmo que a área ocupada pela lavra. O pedido de pesquisa não é a mina...
Uma área coberta por um pedido de pesquisa ou alvará é, na realidade, uma área estrategicamente requerida, com potencial de abrigar uma jazida.
É a área que será pesquisada e, em raríssimos casos, lavrada.
Esta é a verdade!
A taxa de sucesso da pesquisa mineral é baixíssima, o que faz alguns
mineradores requerer áreas maiores para maximizar a sua chance de
sucesso. Existem dezenas de milhares de pedidos de pesquisa e de alvarás
no Brasil. O que poucos sabem é que mais de 99% deles não terão, dentro
de seu perímetro, uma jazida econômica.
É isso mesmo.
Talvez você não saiba, mas grande parte do território brasileiro está
requerida por alguma empresa de mineração ou algum investidor privado.
Se você entrar nos sites especializados e olhar o mapa do Brasil vai ver
que o nosso território está praticamente todo coberto por pedidos de
pesquisa.
Mas isso não faz do Brasil o maior país minerador do planeta faz?
Para entender a dimensão do que eu estou falando é simples: lembre-se de
todas as minas que você conhece e das áreas que elas ocupam. Depois
compare com toda a área, que você consegue lembrar, onde não existe uma
mineração.
A disparidade é simplesmente enorme. A área ocupada pelas minas é
infinitamente menor do que a área sem nenhuma lavra. Como a maioria das
áreas estão cobertas por pedidos de pesquisa fica óbvio que pedido de
pesquisa não é mina...
É uma pena que muitos ainda não consigam entender essa pequena verdade.
Mesmo no caso de sucesso, quando uma jazida é encontrada e se transforma
em uma mina, a área a ser utilizada sempre será uma fração da área
original do requerimento.
O que esses nobres e galantes protetores do meio ambiente não conseguem
entender é que as jazidas são concentrações minerais raríssimas e
ocupam, com honrosas exceções, áreas muito pequenas. Até as nossas
megajazidas como as de Carajás ocupam uma área razoavelmente pequena,
significativamente menor do que uma fazenda de porte médio.
As jazidas e minas são tão raras que, para nós geólogos de exploração, é
sempre motivo de enorme alegria e distinção participar da descoberta de
uma...
Os autores dos trabalhos e frases que penalizam a mineração deveriam
entender um pouco mais do assunto antes de caluniar a mineração como um
todo. A mineração tem um impacto ambiental muitíssimo menor do que o da
agricultura, da pecuária e até dos grandes projetos como hidroelétricas e
projetos industriais de classe mundial.
Para ilustrar o assunto eu coloco a imagem de satélite, que mostra a região de Carajás.
Nesta imagem tudo o que está em lilás é área devastada.
A simples inspeção da imagem mostra, claramente, que quem devasta são as fazendas e não a mineração.
No centro da imagem, em verde é a área de preservação da Vale, uma
floresta natural ainda virgem, no meio da qual existem alguns dos
maiores jazimentos minerais do planeta, como Carajás, Salobo, Azul,
Sossego e a imensa jazida S11D (Serra Sul).
Se não fosse pela
mineração, que proibiu a entrada dos fazendeiros, essa região teria sido
totalmente transformada em pasto. Cercando a zona verde, onde a
floresta está mantida, existe um mar lilás que são as áreas onde os
fazendeiros desmataram.
A imagem não pode ser mais explícita. A área ocupada pelas imensas
jazidas, onde houve supressão vegetal, é quase nada quando comparada com
aquela ocupada pelas fazendas.
O que vemos é, ao contrário do que muitos propagam, que a mineração
protege o meio ambiente deixando uma área mínima sem a cobertura
vegetal, que será recuperada no final do empreendimento.
O mesmo não ocorre nas áreas cobertas por fazendas onde a agricultura e a
pecuária destruíram quase que totalmente a floresta amazônica.
É muito difícil contrapor esses fatos não é?
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