Afinal, a queda do preço do petróleo é boa ou ruim?
Algum tempo atrás, com o petróleo batendo recordes, acima dos
US$100/barril, o mundo vociferava e as empresas, de quase todos os
setores, acusavam o óleo de ser responsável pelos seus custos elevados.
O petróleo era o grande vilão do momento.
Aí chegaram os americanos e viraram a mesa batendo recordes de extração do gás e do óleo contidos no xisto.
Eles foram tão bem sucedidos que revolucionaram a própria economia, a
maior do mundo e começaram a exportar descaradamente, sem se preocupar
com os Árabes, Russos, Venezuelanos e outros grandes produtores de
hidrocarbonetos.
O pessoal da OPEC, que queria manter a sua cota intacta neste mercado
multibilionário, simplesmente acelerou a produção causando um
desequilíbrio que fez o preço do petróleo despencar. Iniciaram uma
guerra particular contra aqueles produtores não alinhados.
O preço do barril de petróleo, consequentemente, derreteu...
Agora, que era a hora de soltar foguetes, pois o grande vilão da
economia, o petróleo, está 50% mais barato, o mundo todo ainda não sabe
se aplaude ou se chora.
Por incrível que pareça, para muitos, o petróleo ainda é o grande vilão do momento.
Quando os analistas preveem um barril a US$35 o mercado se alvoroça e o
medo do fim do mundo é semeado entre a população que, como povo que é,
reage e se assusta.
Não era para bater palmas?
Afinal a gasolina e todos os combustíveis terão preços mais baixos,
reduzindo o custo do transporte, dos alimentos, dos bens e das pessoas. O
preço de milhões de produtos irá cair, dando uma generosa folga nas
economias dos países, empresas e das pessoas. Essas economias terão um
novo impulso que, com certeza, irá reverter em crescimento e
distribuição de riquezas.
Ou será que não?
Se nós fôssemos um país unidimensional e pobre como a Venezuela que tem o
petróleo como o seu principal produto de exportação deveríamos estar
preocupadíssimos., mas somos o Brasil. Um gigante adormecido, o país do
futuro, que não deve se preocupar com essas coisas banais como o preço
do petróleo. Certo?
Errado!
Quando o assunto é petróleo nós estamos na contramão. Quando o preço cai
lá fora, aqui dentro ele sobe. Quando o pessoal de outros países
celebra mais uma queda nós aqui dentro nada sentimos, pois os nossos
preços dos combustíveis não estão atrelados ao mercado internacional e
sim à política do Governo. Ao invés de sentirmos um frete mais baixo e
preços em queda o que vemos é o contrário. Os preços sobem e a inflação
ameaça chegar a 7%.
É como se fôssemos um outro planeta.
Em algumas semanas a gasolina vai subir novamente. Nesta ocasião iremos
ouvir mais uma explicação absurda que tentará encobrir a incompetência
gerencial e a corrupção endêmica que colocou a Petrobras de joelhos e no
vermelho. O povo terá que sofrer para pagar o furo da Petrobras. É
assim que as coisas funcionam no planeta Brasil.
Aliás, a Petrobras, com esses preços baixos já devia começar a fechar as
torneiras de muitos poços de custo operacional elevado, paralisando a
pesquisa e a exploração em campos antieconômicos como a maioria do
pré-sal.
A estatal tem uma oportunidade de fazer caixa com a queda do petróleo. Será que ela consegue?
Ela pode simplesmente usar o dinheiro que seria aplicado na produção e
exploração de campos hoje antieconômicos para comprar petróleo mais
barato que lhe daria grandes lucros ao ser vendido aqui aos nossos
preços inflacionados pela política.
Se os analistas estiverem certos (desta vez) possivelmente veremos o
preço do barril em torno dos US$40 por algum tempo. Será que isso vai
mudar alguma coisa aqui no Brasil?
Nenhum comentário:
Postar um comentário