Por onde anda Zezão do Abacaxi?
Dias atrás estive pensando por onde anda Francisco de Assis Moreira da
Silva, Zezão do Abacaxi, que na década de oitenta era tido como rei do
ouro do Alto tapajós. São muitas as histórias de Zezão, entra elas a
disputa pelo garimpo Rosa de Maio. Numa das edições do Globo Repórter
foram dedicadas duas partes do programa para falar dos garimpos e das
riquezas de Zezão do Abacaxi. Na reportagem da Folha de São Paulo de 24
de Novembro de 1991, fala da produção de 110 Kg por mês em seus
garimpos.
Vejamos a matéria na íntegra:
Dono de uma fortuna avaliada em US$ 20 milhões, o garimpeiro mais rico
do Brasil não tem nem talão de cheque. Francisco de Assis Moreira da
Silva, 46 anos, o Zezão, mal sabe assinar o seu nome, mas controla o
império de 13 aviões, duas fazendas, 8 mil cabeças de gado e um mega
garimpo onde operam 120 dragas e trabalham quase dois mil homens.
A produção do Rosa de Maio, no sul do Amazonas, ultrapassa 110 Kg de
ouro por mês. Isso representa quase 10% de tudo que se produz região de
Itaituba – PA (na fronteira com o AM), a maior do Brasil.
Piauiense do município de Buriti dos Lopes, Zezão abandonou a roça aos
21 anos para ser “burro de garimpo” (carregador de materiais e
mantimentos) em Porto Velho (RO). Lá, pegou pela primeira vez em uma
bateia (espécie de uma peneira usada na garimpagem manual).
Para a maioira dos garimpeiros que viveram o início da corrida do ouro, o
achado de uma pepita significava, antes de tudo, a garantia de uma
grande farra. Para Zezão – que não bebe, não fuma e diz que não gosta de
festa – cada grama encontrada representava mais um passo em direção ao
sonho de comprar uma draga.
Conseguiu a máquina em 80. Nesse mesmo ano, acho o seu primeiro vilão de
ouro. Comprou máquinas que se transformaram em mais ouro – que por sua
vez, viraram novas máquinas. Até a compra do Rosa de Maio, em 83, por 20
Kg de ouro, Zezão adquiriu o que hoje é tido como o garimpo mais rico
do pais.
Hoje, milionário e ainda analfabeto, o garimpeiro tem horror a papeis,
títulos e ações. Se recusa a ter conta em banco. O ouro que vende,
transforma em aviões, gado e equipamento de garimpo. O que não vende,
guarda em local ignorado. A despesa de cerca de Cr$ 70 milhões que tem
por semana – com mantimentos e manutenção – , paga em dinheiro vivo.
Anda sempre com uma sacola cheia grudada ao corpo.
Ele controla pessoalmente cada centavo de sua fortuna, embora não saiba
fazer contas no papel. Não gosta de falar de dinheiro. Para Luiza, sua
mulher, ó por medo de sequestros. Segundo seus empregados é medo da
Receita Federal.
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