O GARIMPO NA CHAPADA DIAMANTINA E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS: UMA VISÃO HISTÓRICA E SUAS PERSPECTIVAS FUTURAS
Esta dissertação procura fazer um diagnóstico dos impactos negativos sobre o ambiente
natural causados pelos garimpos de diamante na Chapada Diamantina, bem como discutir os
impactos sobre o ambiente antrópico provocados pelo fechamento da atividade mineira de
diamante na região mencionada. Para isso, utilizaram-se dados e informações registradas
durante várias visitas à Chapada Diamantina em um intervalo de oito anos (entre 1997 e
2004). O empirismo da pesquisa foi obtido também através de informações de relatórios
oficiais do DNPM, alguns elaborados nas épocas (anos 80 do século XX) em que a mineração
por dragas estava no seu auge. Oficialmente o garimpo começou em 1844, no lugar conhecido
hoje como cidade de Mucugê, onde aconteceu o verdadeiro rush do diamante na Chapada. A
partir de lá a região da Chapada Diamantina começou a ser delimitada, de acordo com as
migrações dos garimpeiros em busca da gema cobiçada. Até meados dos anos 1970, após
diversos momentos de crises e apogeus, imperava somente o garimpo rudimentar, conhecido
como garimpo de serra ou artesanal, onde o cascalho diamantífero, derivado da erosão dos
conglomerados da formação Tombador, era procurado entre sedimentos eluvionares e
coluvionares existentes nos flancos dos relevos. Com a exaustão das jazidas das serras, o
minerador lançou mão de equipamentos pesados para explotar os sedimentos aluvionares das
bacias hidrográficas. Foram as chegadas das dragas que caracterizaram um maior volume de
produção e, conseqüentemente, maior intensidade nos impactos sobre o meio natural. Os
baixos teores de diamantes existentes nas aluviões da Chapada, principalmente na região deste
estudo (bacia do rio São José), favoreciam sobremaneira o impacto ambiental negativo, haja
vista a necessidade de removerem grandes quantidades de sedimentos para se extrair um
quilate (0,2 g) de diamante. Entretanto, o alto valor do diamante (250 a 300 dólares/quilate)
da Chapada estimulava a mineração, que era praticada de forma ilegal, clandestinamente. A
condição clandestina da mineração causada também pela exagerada regulamentação constante
nas entrelinhas da legislação mineral e ambiental será explicada em detalhes no texto. A
ilegalidade na mineração teria agravado a degradação ambiental e chamado a atenção das
instituições governamentais e não governamentais para adoção de medidas drásticas contra o
garimpo, executadas entre 1996 e 1998. Após a aplicação de um formulário perante as
populações de Andaraí e Lençóis, elaborado para se apreender a visão da população
chapadense sobre a questão garimpeira e sua relação com o meio ambiente e o turismo, pôde-
se compreender a impressão e o desejo de quem vivenciou o problema após as intervenções
adotadas, sem o devido planejamento, pelos governos e seus órgãos fiscais. Os resultados
desta pesquisa sugerem um quadro específico de queda na qualidade ambiental urbana das
cidades de Lençóis e Andaraí, podendo estender-se às outras cidades das Lavras diamantinas,
a saber: Palmeiras e Mucugê.
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