Regiões Auríferas no Brasil
Depósitos associados a ambientes vulcano-sedimentares do tipo “greenstone belt”
Este tipo de ambiente constitui
uma seqüência de rochas vulcânicas e sedimentares afetadas pelo
metamorfismo de baixo grau, normalmente de idade Arqueana ou
Paleoproterozóica. Como exemplos mundiais desses terrenos, há o escudo
Yilgarn, situado a oeste da Austrália e o Cinturão Abitibi no Canadá; no
Brasil o caso também é semelhante, são compostos por seqüências do tipo
“greenstone belt” em escudos Pré-Cambreanos, cujas reservas somam cerca
de 1000 toneladas de Ouro.
O Greenstone Belt Rio das
Velhas, situado no Quadrilátero Ferrífero é o principal e mais
tradicional, representado pelas minas de Morro Velho, Raposos, Cuiabá,
etc. Há outro terreno denominado Greenstone Belt Rio Itapicuru (BA),
representado pela mina Fazendo Brasileiro, que encontra-se encaixado em
xistos máficos em meio a zonas de cisalhamento preenchidas por veios
quartzo-carbonáticos. Outro exemplo é a jazida da Mina III no
Greenstone Belt de Crixás (GO). A província mineral de Carajás
também apresenta ambientes desse tipo e também possuem mineralizações
auríferas.
Mesmo com todos esses terrenos
citados, o principal produtor de ouro situa-se no Grupo Itacaiúnas (de
grau metamórfico mais elevado), e tendo como jazidas a de Igarapé Bahia e
Salobo, onde o ouro está associado a sulfetos de cobre.
Outras seqüências
vulcano-sedimentares foram identificadas na região centro-oeste e assim
definiram como sendo arcos magmáticos mais recentes (Neoproterozóico),
com características bastante diversificadas em relação aos greenstones
Arqueanos; também são produtores de ouro e são representados pelas
jazidas de Posse, Zacarias e Chapada, na região de Mara Rosa. Ambientes
desse mesmo tipo e que também possuem potencial aurífero foram
identificadas nos escudos brasileiros, sendo eles: Gurupi (MA); Cumaru,
Andorinhas e Inajá ao Sul da Província de Carajás (PA); Bacajá (PA a
norte); Pitinga (próximo à fronteira com o Amapá); Parima (RO); Goiás
Velho (GO); Pitangui e Riacho dos Machados (nas proximidades do
Quadrilátero Ferrífero – MG); Dianópolis (TO).
Depósitos associados a metaconglomerados de idade Paleoproterozóica
São os depósitos mais clássicos
do mundo e tem como padrão depósitos de ouro associados a urânio e
pirita nos membros basais da bacia de Witwatersrand na África do Sul,
são responsáveis por 1/3 da produção anual mundial.
O tipo de mineralização
associada é o stratabound (estrato ligado) e estratiforme, pois se
relaciona com horizontes sedimentares específicos. Os
metaconglomerados são característicos do Paleoproterozóico e repousam
sobre o embasamento Arqueano, normalmente próximo a ambientes do tipo
“greenstone belt”, que supostamente serviram como fonte de ouro
depositados nos metaconglomerados.
Como exemplo brasileiro tem-se
os metaconglomerados da Formação Córrego do Sítio na região de Jacobina
(BA) e Formação Moeda (no Quadrilátero Ferrífero – MG). Porém os
depósitos de interesse econômico encontram-se apenas em Jacobina,
representados pelas minas de Canavieiras e João Belo e são da ordem de
mais de 300 toneladas de ouro e produção acumulada de 20 toneladas.
Depósitos associados a Itabiritos
Estes depósitos são
genericamente denominados de Jacutingas, possuindo um caráter
regionalizado, pois ocorrem exclusivamente associados a formações
ferríferas do Supergrupo Minas na região do Quadrilátero Ferrífero. Os
depósitos são de pequena tonelagem e podem atingir altos teores, como no
caso da mina de Congo Soco, variando entre 20 e 35 g de
Au/tonelada. O minério de ouro é extraído como subproduto do minério
de Ferro e peculiarmente ocorre a presença de paládio que forma uma
liga com o ouro.
Depósitos associados a seqüências metassedimentares de natureza diversa
São definidos como depósitos
associados à ambientes metassedimentares de contribuição vulcânica e são
predominantemente de idade Proterozóica.
No estado de Minas Gerais, em
Paracatu, o depósito de Morro do Ouro representa um dos mais baixos
teores do mundo, sendo da ordem de 0,6 g de Au/tonelada. O depósito
encontra-se encaixado em metassedimentos plataformais de idade
Neoproterozóica, compostos por filitos grafitosos ritmicamente
intercalados com sedimentos clásticos e químicos, onde o ouro ocorre em
finas vênulas de quartzo.
Depósitos semelhantes ocorrem
na região do Rio Guaporé, Mato Grosso do Sul, como exemplo o depósito de
São Vicente, que está associado ao Grupo Aguapeí do Mesoproterozóico.
Em Carajás os depósitos de
Águas Claras possuem aproximadamente 20 toneladas de ouro e o depósito
de Serra Pelada que se encaixam a formações metassedimentares.
Na região de Cuiabá, Mato
Grosso (Neoproterozóico) os depósitos estão associados às seqüências
turbidíticas, e na região de Brusque (RS – Mesoproterozóico) também é
semelhante.
O depósito tradicional de
sulfetos de cobre sedimentar de Camaquã (RS) também fornece ouro como
subproduto, embora as reservas possuam apenas cerca de 3 toneladas, o
depósito ocorre associado a meta-arenitos e conglomerados do
Eopaleozóico e a mineralização encontra-se em veios ou disseminada.
Depósitos associados a intrusões graníticas e vulcânicas ácidas associadas
Este tipo de depósito
encontra-se na região do Rio Tapajós e na região de Peixoto de Azevedo
(MT). As duas regiões citadas são produtoras de ouro aluvionar em
garimpos. No entanto, recentemente uma série de depósitos primários tem
sido identificados em associação com rochas graníticas intrusivas
anorogênicas do Mesoproterozóico, como por exemplo a suíte Maloquinha,
na região de Tapajós e a suite Teles Pires, na região de Peixoto de
Azevedo. Estas intrusões mineralizadas, associadas a vulcanismo
ácido, caracterizada em ambiente de vulcanismo continental. Os
depósitos ocorrem na forma de stockworks ou veios de quartzo. Também
ocorrem depósitos associados a intrusões graníticas e com mineralizações
de ouro associados, em Lavras do Sul (RS), Itajaí (SC) e Castro (PR).
Depósitos aluvionares
Trata-se de concentrações em
geral, pequenas, no entanto à exceções como em localidades como Rio
Jequitinhonha (MG), onde se produz cerca de 15, 6 toneladas de ouro como
subproduto do diamante; Apiacas (MT) com 33 toneladas e Periquitos (RO)
como 21,1 toneladas.
Estes tipos de jazidas foram as
que mais produziram ouro no Brasil, entre 1965 e 1996, com um total de
317 toneladas, seguida de depósitos de ambientes de “greenstone belts”
com cerca de 260 toneladas. No entanto, em muitos casos de jazidas de
ouro aluvionar tem se como área fonte regiões de seqüências de
“greenstone belts”.
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