SOMOS DONOS DA MAIOR PARTE DO MAIS IMPORTANTE METAL DO MUNDO E CONTINUAMOS SENDO O PAÍS DO FUTURO, O BRASIL É O FUTURO!
NIÓBIO
1 – CARACTERÍSTICAS
O nióbio ou columbio (Nb), elemento metálico de filiação magmática, é uma das substâncias de mais baixa concentração na crosta terrestre, onde aprece apenas na proporção de 24 partes por milhão.
Seu número atômico é 41, traduzindo o total de elétrons que orbitam em torno do núcleo. Sua massa atômica é igual a 92,906.
Integra o grupo com período igual a 5, isto é com cinco órbitas de elétrons. O fato de apresentar um período igual a 5, significa que ostenta 5 órbitas de elétrons em movimento em torno do núcleo. A primeira órbita com 2 elétrons, a segunda com 8, a terceira com 18, a quarta com 12 e a última com 1, esta determinando a sua valência.
O nióbio é um elemento que apresenta grande afinidade com o oxigênio e se apresenta na natureza associado às rochas graníticas, aos sienitos (rocha ígnea composta principalmente de feldspatos, anfibólios e clinopiroxênios) e aos sienitos nefelínicos, sienitos com mais de 10% de nefelina (nefelina é um silicato de alumínio – NaAlSiO4 ).
Digna de nota, também, é a notável afinidade do nióbio com o tântalo, ambos com raios iônicos muito próximos (RNb=0,59 angstron e RTa=0,68 angstron) e, por essa razão, frequentemente associados sob a forma de óxidos.
2 – MINÉRIOS
Os elementos da natureza mineral, normalmente, apresentam-se em combinação com outros elementos, combinação essa que se conhece como minério.
No tocante ao nióbio, há dois minérios de grande importância: a columbita ou niobita e o pirocloro.
A columbita é o minério ortorrômbico de fórmula geral (Fe,Mn) (Nb,Ta,)2O6, que se apresenta em associação contínua com a tantalita, de fórmula (Fe,Mn) (Ta,Nb)2O6, recebendo a denominação de columbita-tantalita ou tantalita–columbita de acordo com o elemento dominante.
Pesados, duros e praticamente inalteráveis esse minério é, na maioria dos casos, explorado em aluviões.
O pirocloro é o outro minério do nióbio, que se apresenta na forma de cubos e cuja fórmula geral é NaCaNb2O6(F,OH).
O pirocloro se concentra em quantidades exploráveis nos pegmatitos, nos sienitos nefelínicos e nos carbonatitos, rochas onde se localizam as principais reservas de nióbio.
Note-se, por ser importante, que tanto o pirocloro quanto a microlita, minério de tântalo, podem conter quantidades apreciáveis de minérios de titânio (ilmenita e rutilo), de urânio, de tório e das chamadas “terras raras”.
3 – UTILIZAÇÕES.
O nióbio é um metal de liga, razão pela qual seu consumo é limitado,
Cerca de 80% da produção mundial destinam-se á combinação com o ferro para obtenção de ligas de alta resistência, como os aços HSLA (high strenght low alloy), destinadas às construções metálicas, tais como pontes, dutos, locomotivas, etc. Nesse percentual incluem-se, também, as ligas resistentes aos choques.
As aplicações mais modernas do nióbio, entretanto, são decorrentes das suas propriedades refratárias e da sua alta resistência à corrosão. Daí decorre a participação em superligas usadas na indústria aeroespacial, na construção de reatores nucleares, nos aparelhos para troca de calor, etc.
As ligas de nióbio, ademais, convertem-se em supercondutores de eletricidade quando submetidas a temperaturas criogênicas.
Além disso, o nióbio é um dos três elementos que exibem propriedades de supercondutores de eletricidade quando submetido a elevados campos magnéticos.
Trata-se, pois, de um metal de uso recente, todavia de elevado valor estratégico.
4 – DISTRIBUIÇÃO DAS JAZIDAS.
Os números deixam patente que o Brasil é líder absoluto nas reservas mundiais de nióbio, com 98% das reservas medidas e indicadas.
Um parêntese para definir o que se entende por reserva mineral indicada e reserva mineral medida:
a - Reserva Mineral Indicada é a parte do Recurso Mineral para a qual a tonelagem ou volume, o teor e/ou qualidades, conteúdo mineral, morfologia, continuidade e parâmetros físicos estão estabelecidos, de modo que as estimativas realizadas são confiáveis. Envolve pesquisa com amostragem direta em estações (afloramentos, trincheiras, poços, galerias e furos de sonda), adequadamente espaçadas.
b - Reserva Mineral Medida é a parte do Recurso Mineral para a qual a tonelagem ou volume, o teor e/ou qualidades, conteúdo mineral, morfologia, continuidade e parâmetros físicos são estabelecidos com elevado nível de confiabilidade. As estimativas são suportadas por amostragem direta em retículo denso (afloramentos, trincheiras, poços, galerias e furos de sonda), de modo que se comprove a continuidade das propriedades.
5 – RESERVAS NACIONAIS.
As reservas nacionais de pirocloro, (Nb2O5), concentram-se em Araxá (MG), Catalão e Ouvidor (GO).
Em Araxá, que acumula no seu subsolo 73,03% das reservas nacionais, sob a forma de pirocloro, a exploração do minério está entregue à empresa “CBMM”, que tem o capital dividido entre o Grupo Moreira Sales e a empresa norte-americana “MOLYCORP”, subsidiária da “UNION OIL”, por seu turno empresa do grupo “OCCIDENTAL PETROLEUM”.
As minas de Catalão e Ouvidor, que totalizam 1,4% das reservas nacionais, são exploradas pela “ANGLO AMERICAN”, empresa multinacional com participação acionária de ingleses, norte-americanos e sul-africanos.
A exploração da columbita-tantalita na mina de Pitinga (AM), onde os depósitos representam 25,57% das reservas nacionais, está a cargo de uma empresa do Grupo Paranapanema, Mineração Taboca”.
Note-se, por relevante, que a mina de Pitinga explora os pegmatitos graníticos encaixados no notável corpo granítico denominado “Mapuera”, que além das reservas de columbita, ainda conta com reservas indicadas de tantalita da ordem de 49 mil toneladas e reservas medidas de 38 mil toneladas, posicionando o Brasil na liderança das reservas mundiais do minério de tântalo.
Na mina de Pitinga, distante 107 quilômetros ao norte de Manaus, explora-se ainda o minério de estanho (cassiterita- SnO2).
Esse corpo granítico, denominado Mapuera, apresenta afloramentos desde a margem esquerda do Rio Negro até a margem direita do Rio Jarí, distribuídos paralelamente ao Rio Amazonas.
6 – O SUPERDEPÓSITO DO ALTO RIO NEGRO
Há, ainda um outro jazimento de pirocloro, de dimensões avantajadas, descoberto pelos geólogos do “RADAMBRASIL”, no início da década de 70, e posteriormente submetido à pesquisa básica pela “COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS – CPRM”, empresa pública que até hoje detém os direitos minerários sobre o ambiente geológico em pauta.
O “CARBONATITO DOS SEIS LAGOS”, chaminé vulcânica localizada a 64 quilômetros a nordeste de São Gabriel da Cachoeira, antiga Vaupés, no alto rio Negro, estado do Amazonas, é o ambiente geológico que encerra esse outro jazimento de pirocloro, de dimensões surpreendentes.
Em meio às rochas do “Complexo Guianense” na localização citada, destacam-se três estruturas de forma aproximadamente circular, ao pé do igarapé Iazinho, afluente do rio Cauaburi. A maior das estruturas, conhecida como Morro dos Seis Lagos, eleva-se a uns 300 metros, exibindo um diâmetro da ordem de 6 quilômetros. As duas outras estruturas, localizadas ao norte da primeira e dela separadas por distância pouco superior a 1 quilômetro, medem respectivamente 750 metros e 500 metros de diâmetro.
Depois do interesse despertado pelas fortes anomalias radioativas detectadas no reconhecimento do morro dos Seis Lagos, anomalias causadas pela presença de tório, a CPRM iniciou um trabalho de pesquisa na área, suficiente para demonstrar que a combinação perfeita do clima, da topografia e das rochas haviam gerado um depósito excepcional de minérios, notadamente de nióbio, de titânio e de metais do grupo dos lantanídeos (terras raras). Um intenso processo de lixiviação, a que foram submetidas as chaminés vulcânicas, causou um enriquecimento extraordinário das três substâncias citadas, até uma profundidade de 250 metros a partir do topo das elevações.
Infelizmente, por miopia dos responsáveis, as pesquisas da CPRM foram paralisadas depois de terem sido medidas 38,4 milhões de toneladas de pirocloro, com concentração de 2,85% de óxido de nióbio.
Todavia os pesquisadores que lá atuaram concluíram que o depósito indicava uma reserva de mais 200,6 milhões de toneladas de minério com teor médio de 2,40% de óxido de nióbio e, ainda, permitia estimar outros 2,66 bilhões de toneladas de pirocloro , com teor médio de 2,84% de óxido de nióbio contido.
Considerando-se válidas as estimativas dos geólogos da CPRM, o Brasil é dono de um superdepósito de nióbio, com 2,9 bilhões de toneladas de pirocloro, com teor médio de 2,84% de óxido de nióbio.
O depósito, então, conteria 81,49 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido, que somado aos depósitos já medidos elevaria as reservas nacionais para 86.621.000 toneladas, nada menos do que 99,99% das reservas mundiais.
O nióbio, portanto, é um mineral essencialmente brasileiro!
O “Complexo Carbonatítico dos SEIS LAGOS” apresenta ainda uma peculiaridade: o nióbio lá depositado não se acha associado ao tântalo, mas sim ao titânio, que se apresenta sob a forma de rutilo (TiO2). Essa peculiaridade valoriza ainda mais o depósito em foco.
Como se vê na tabela acima, a transmigração da liga ferro-nióbio e do óxido de nióbio renderam ao país, no ano de 2007, a quantia de US$1.093.752.320,00, o que representa muito pouco em função da importância desse elemento nas aplicações modernas.
Ademais, necessário lembrar que tais estatísticas não levam em conta a produção e comercialização externa da columbita-tantalita, produto da garimpagem nos aluviões dos igarapés da bacia do Rio Negro, no Amazonas, do Rio Branco em Roraima, do Rio Jarí, no Pará e Amapá, dos rios Amaparí, Araguari, Amapá e Vila Nova no Amapá, do Rio Madeira, em Rondônia, e nos cursos dos rios que cortam a Província Pegmatítica da Borborema, incluindo áreas dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. A produção do minério secundário é significativa, estando a merecer um controle efetivo do Poder Público, praticamente ausente nesses garimpos.
8– CONCLUSÕES.
Embora pareça desnecessária a lembrança, é bom que fique bem entendido o fato das substâncias da natureza mineral serem esgotáveis, uma vez que não se renovam na escala de tempo da vida humana.
A repetição do óbvio é muito oportuna para um país que entrega o comando do setor mineral a cidadãos dele dissociados, todavia militantes dos grupos que dirigem o país.
Por esse motivo, o Brasil até hoje não definiu uma política mineral harmônica com a realidade mundial e com os interesses do país, embora tenha cometido o sacrilégio de dividir as substâncias de origem mineral em “bens de importação” e “bens de exportação”, como se os minerais fossem simples mercadorias destinadas a equilibrar as nossas contas externas.
A premissa básica para orientar uma política mineral inteligente é aquela que diz que “os recursos do subsolo, por serem esgotáveis, só devem ser explorados com rendimento máximo para o progresso e a economia do país onde jazem”.
A partir desse conceito, deve-se enquadrar os minerais em três categorias: os abundantes, os críticos e os estratégicos.
Os abundantes são aqueles com grandes reservas geológicas dispostas no subsolo do país, bem como aqueles existentes em escala mais modesta na base territorial, porém de fácil aquisição no exterior, principalmente devido à multiplicidade de fontes de suprimento.
Críticos são aqueles cuja produção interna é insuficiente para atender o consumo atual do país e, ainda, cujas reservas serão, também, insuficientes para atender à demanda prospectiva. Nessa categoria incluem-se as substâncias escassas no planeta ou com distribuição extremamente assimétrica, isto é, concentrada em poucas áreas, independentemente do vulto das reservas nacionais.
Estratégicas, finalmente, são aquelas substâncias essenciais ao progresso continuado do país e vitais para a aplicação oportuna do Poder Nacional.
O nióbio, pois, enquadra-se tento como mineral crítico, quanto como mineral estratégico.
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