sexta-feira, 3 de julho de 2015

APLICAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA DE REFLECTÂNCIA NO ESTUDO MINERALÓGICO DE PEGMATITOS DA PROVÍNCIA PEGMATÍTICA DA BORBOREMA, NORDESTE DO BRASI

APLICAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA DE REFLECTÂNCIA NO ESTUDO MINERALÓGICO DE PEGMATITOS DA PROVÍNCIA PEGMATÍTICA DA BORBOREMA, NORDESTE DO BRASIL.





INTRODUÇÃO:
A Província Pegmatítica da Borborema abrange uma região de mais de 10.000 km² onde há registros de milhares de pegmatitos produtores de minerais de Ta-Nb, Sn, Be, Li, além de minerais industriais e gemas raras, como a Turmalina Paraíba. A mineralogia diversificada destas rochas motivou este estudo com o objetivo de caracterizar, utilizando a técnica da espectroscopia de reflectância (ER), assembléias mineralógicas que exibem feições de absorção espectral diagnósticas na região do espectro ótico refletido, que vai de 400 a 2500 nm. A ER compreende o estudo e uso da radiação eletromagnética para caracterização de materiais superficiais, por se tratar de técnica sensível às pequenas alterações nas suas estruturas e/ou composições químicas que, frequentemente, resultam em deslocamentos na posição e na forma das feições de absorção da radiação eletromagnética refletida. Uma dificuldade natural do estudo da rocha pegmatítica está na sua amostragem, devido à natural heterogeneidade, variações granulométricas e modal-mineralógicas. A relevância da pesquisa encontra-se na possibilidade de caracterização e de ampliação do conhecimento mineralógico de pegmatitos, o que por sua vez poderá induzir novas pesquisas para ampliar reservas ou descobrir novos jazimentos.

METODOLOGIA:
A área de estudos está localizada na porção sul da PPB, região limítrofe dos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, onde dezenas de pegmatitos homogêneos e heterogêneos, em parte caulinizados, ocorrem intrudidos principalmente em quartzitos da Formação Equador e, secundariamente, em biotita xistos da Formação Seridó. O trabalho envolveu a amostragem em 56 ocorrências e garimpos de pegmatitos em operação e paralisados, com a coleta de 189 amostras para estudo e análise com a ER, incluindo o levantamento de campo mais detalhado no pegmatito do Alto do Giz. Foram geradas curvas espectrais referentes a amostras coletadas e de leituras em campo com o espectrorradiômetro portátil FieldSpec Full Resolution Pro, da Analytical Spectro Devices (ASD). A técnica dispensa qualquer preparação de amostras, tendo-se realizado as leituras em superficies lisas e limpas, livres de contaminação de poeira e caulim. A análise e caracterização espectro-mineralógica basearam-se na interpretação das posições, intensidades, formas e declividades das feições de absorção espectral observadas nos espectros de laboratório e de campo, utilizando os aplicativos de análise espectral The Spectral Geologist/TSG-5 PRO e SIMIS Features Search 1.6, além do programa Environment for Visualizing Images - ENVI.

RESULTADOS:
A caracterização de minerais de pegmatitos com emprego da técnica da espectroscopia de reflectância possibilitou identificar como principais fases minerais caulinita, muscovita, illita/sericita, lepidolita, montimorilonita, mica sódica, cookeita e turmalina. A mineralogia dos pegmatitos homogêneos é mais simples, dominantemente constituída por caulinita, muscovita, illita/sericita, além de feldspato, quartzo e raramente turmalina, da variedade schorlita, demonstrando a pouca diferenciação/evolução destas rochas. No pegmatito heterogêneo do Alto do Giz foram ainda identificadas lepidolita, mica sódica e cookeita, esta última constituindo a terceira ocorrência registrada na PPB. As fases e misturas de fases minerais identificadas contribuíram para definir uma zona litinífera (cookeita+lepidolita) nas bordas de dois núcleos de quartzo e o zoneamento interno do Alto do Giz. Com base nesses resultados é proposta sua classificação como do tipo complexo, sub-classe espodumênio. Além disso, foram reconhecidos pelo menos três estágios de sua evolução: um primeiro relacionado à cristalização de espodumênio, um outro de natureza hidrotermal, que deu origem à cookeita e, finalmente, um terceiro estágio de caulinização ligado a processo hidrotermal e/ou supergênico.

CONCLUSÃO:
A técnica da espectroscopia de reflectância mostrou-se eficaz nos trabalhos de campo, e de notável utilidade por permitir a identificação mineralógica e orientar amostragens e o mapeamento de pegmatitos. Ela pode ser utilizada de forma sistemática, a partir de leituras coletadas em laboratório e/ou no campo em pegmatitos homogêneos e heterogêneos. Isto foi demonstrado com os resultados obtidos para o pegmatito do Alto do Giz, os quais possibilitaram definir o seu zoneamento interno, propor sua classificação e também caracterizar algumas das fases de sua evolução. A ER constitui uma nova ferramenta estratégica para estudo e prospecção desse tipo de rocha e mineralizações associadas, tanto na PPB como em outras províncias pegmatíticas no mundo.

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