Extração ilegal em garimpo de RR movimentou quase R$ 1 bi, diz PF
A extração ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, gerou cerca de R$ 1 bilhão em movimentações ilegais entre os anos de 2013 e 2014 nos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia, Pará e São Paulo, segundo informou a Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (7). Os dados foram apresentados durante coletiva de imprensa sobre a operação ‘Warari Koxi’, deflagrada no início da manhã desta quinta. Ao todo, 313 medidas judiciais estão sendo cumpridas.
De acordo com a PF, a operação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa que extrai ouro ilícito principalmente na reserva Yanomami. A ação ocorre em duas frentes: uma rural, que investiga os executores do garimpo, e outra urbana, que apura os intermediários e financiadores.
“A frente urbana está atuando nos intermediários, que são os lojistas, e os financiadores, que estão nos cinco estados investigados. A frente rural está atuando com relação aos executores que são as pessoas que se encontram na mata realizando a extração”, explicou a delegada presidente do inquérito, Denisse Dias Rosa Silveiro.
Em cinco meses de investigação, a PF apurou sobre o ‘caminho’ que o ouro extraído na terra indígena percorria. “Os garimpeiros extraíam o ouro de uma fonte ilícita, pois todo o ouro extraído em Roraima é ilegal, vendiam para os lojistas que, por sua vez, revendiam o minério para os representantes das Distribuidoras de Títulos e Valores Molibiliários (DTVM) na região Norte”, disse a delegada.
Ainda de acordo com a presidente do inquérito, esses representantes das distribuidoras utilizavam de permissões de lavras garimpeiras dos estados de Amazonas, Rondônia e Pará, onde a extração de ouro é permitida, para que pudessem fazer o transporte do ouro ilegal de Roraima ao Sudeste. “Sendo assim, quando o ouro chegava em São Paulo, ele tinha uma nota fiscal e autorização, mas que não eram verdadeiras”, informou.
Ao todo, a operação da Polícia Federal executou 313 medidas judiciais, sendo 98 mandados cumpridos em Roraima, dentre eles 92 de busca e apreensão, cinco de condução coercitiva e um de prisão. “Cinco servidores públicos foram conduzidos à PF, sendo dois deles da Frente de Proteção Indígena Yanomami e Yekuana [da Fundação Nacional do Índio] em Roraima, envolvidos no esquema”, afirmou o delegado da Polícia Federal, Alan Robson. O mandado de prisão foi expedido para o proprietário de uma draga, embarcação usada na extração de minério.
A reportagem tentou contato com a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, mas as ligações não foram atendidas.
Operação
Estão envolvidos na operação cerca de 150 policiais federais, de várias regiões do país, além de equipes da Polícia Militar e agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), que atuam no apoio à ‘Warari Koxi’.
A PF informou que a organização criminosa investigada é formada por empresários, funcionários públicos, donos de garimpos, joalheiros e pilotos de avião, responsáveis pela implantação de garimpos de ouro, minerais de uso industrial e outras pedras preciosas em reserva Yanomami.
Os crimes investigados na operação são os de associação criminosa, extração de recursos naturais de forma ilegal, uso indiscriminado de mercúrio, usurpação de patrimônio da união, receptação de bens provenientes de crime, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, contrabando, lavagem de dinheiro e operar instituição financeira sem a devida autorização do Banco Central, segundo informações da Polícia Federal, que ressaltou ainda que somadas as penas podem chegar até 54 anos de prisão.
Segundo a Polícia Federal, o termo indígena ‘Warari Koxi’ é utilizado como conceito negativo de intervenção no meio ambiente saudável, fazendo referência a um sentimento de repulsa à conduta de quem destrói e degrada a natureza.
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