Serra Pelada – História completa do maior garimpo a céu aberto do mundo
A história de Serra Pelada e seus garimpeiros sedentos e sonhadores com o poder que o ouro oferece iniciou o que é considerado como a corrida pelo ouro moderna. Ao final do ano de 1979, um vaqueiro que trabalhava na fazenda do velho Genésio encontrou uma pequena e autêntica pepita de ouro. A notícia se espalhou rápido, despertando o desejo de mudança de vida em milhares de homens que estavam dispostos a se aventurar em terras paraenses.
Em menos de três meses depois mais de trinta mil homens chegaram e se instalaram na região. Sob sol árduo e com regras específicas, eles logo encontraram ouro depósitos de ouro na Grota Rica e avançando rapidamente chegaram à Serra Pelada. Diante de grande oferta de ouro puro, esses homens montavam seus barracões onde havia espaço e sob lei rígida ditada ali mesmo se embrenhavam no meio de lama em busca de material. A descoberta de ouro era diária, sendo as pepitas mais raras, porém o ouro em pó abundante. Era sim o maior garimpo a céu aberto do mundo.
Violência e legalidade: Estima-se que nessa época, logo no início da década de 1980, a mortalidade diária era entre 10 a 15 homens. A contrapartida à violência era a quantidade exuberante de ouro encontrado, especialmente em pó – muitas pessoas ficaram ricas nessa época.
Essa realidade foi tratada com qualidade no filme “Serra Pelada” do diretor Heitor Dhalia, lançado em 2013 no Brasil. No longa é possível vivenciar a experiência e crueldade presente no dia a dia dos garimpeiros e entender a forma de pensar e agir daqueles dias de corrida.
Em 1984 o presidente Figueiredo pagou indenização de US$ 69 milhões à Vale, estatal Companhia Vale do Rio Doce, que detinha o poder de exploração mineral da região. Foi acertado que o garimpo permaneceria aberto por três anos ou quando se alcançasse a cota 190, vinte metros de profundidade.
A corrida que se iniciou nessa época é fonte de referência até os dias atuais. Contudo, um ano depois as autoridades fecharam esse garimpo e após o desligamento das bombas de sucção o buraco que estava mais próximo da meta de cota 190 foi completamente alagado novamente.
Novo garimpo foi aberto ao lado deste primeiro. Dessa vez a forma de trabalhar foi diferente: com a presença e exigência das autoridades acreditava-se que a busca estava sendo mais segura do que a primeira.
Para o garimpeiro ávido por progressão esse período foi o finalizador de sua decência e crença – a sabotagem era diária, onde muitas bombas de sucção eram inutilizadas por areia e açúcar em suas engrenagens. Além disso, o buraco amanhecia coberto de água diariamente, havendo necessidade de se reiniciar o trabalho. Foi como quebrar o homem do garimpo aos poucos.
Dos anos 1990 ao século XXI
No ano de 1987, foi aprovada lei junto ao congresso que aumentou o tempo de exploração da área dos garimpeiros. O prazo foi estendido até 1992, quando Collor conferiu o direito de lavra ao Vale novamente. Em 2002, o congresso aprovou lei que restabelece possibilidade de garimpo e dois anos depois o Departamento Nacional de Produção Mineral definiu que a garimpagem seria permitida apenas sob cessão do Vale.
Finalmente em 2007, a empresa Vale cedeu o direito de exploração à Coomigasp – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada que deu início às atividades em parceria com a empresa canadense Colossus.Passados alguns anos e após problemas de falência e dispensa de trabalhadores, ficou definido que as atividades voltariam a acontecer no segundo semestre de 2016.
Após quase trinta anos, a corrida pelo ouro permanece.
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