Ex-garimpeiro relembra exploração do ouro
As lembranças da “época do ouro” permanecem vivas na mente de centenas de ex-garimpeiros que seguiram do Nordeste para o Norte do país nos anos 80. Foi às margens do Rio Madeira, na região de fronteira com a Bolívia, que muitos acreditaram e empreenderam seus esforços na busca por metais preciosos. Apesar desse ciclo ter sido praticamente extinto na região, o retorno da extração em Serra Pelada traz de volta a discussão sobre a vida nos garimpos e o que restou do que foi conquistado nessa época.
Pedro Muniz, hoje com 75 anos, faz a principal descrição sobre o garimpo. “Eu vi dinheiro e muito sofrimento”, relata. A data exata de ingresso na atividade não foi esquecida: 28 de junho de 1986. O ex-garimpeiro, que até então mantinha uma atividade comercial em Iracema, interior do Ceará, saiu sem a família em busca do ouro daquela região. Sem instrução e orientação adequada sobre o manejo da atividade, ele é mais um dos que se lançavam e disputavam espaço com centenas de homens e mulheres que tinham a mesma finalidade: acumular riquezas.
O ouro foi descoberto no leito do Rio Madeira em meados dos anos 80, e junto com a cassiterita, eram os principais produtos de Rondônia, atraindo garimpeiros de todo o Brasil. Estima-se que em 1987 haviam cerca de 600 dragas e 450 balsas extraindo ouro no local. Eram processos extrativos rudimentares, admitindo-se perdas em torno de 50%. A estimativa é no ano de 1987 a produção na região fosse da ordem de 8.000 toneladas. Mas já no início dos anos 90 essa produção entrou em declínio, estando hoje praticamente interrompida.
A criminalidade, a prostituição, a malária e as condições subumanas das moradias no local são algumas das lembranças de Pedro Muniz do garimpo. “Muitos andavam armados, às vezes durante a noite eu ouvia tiros, pessoas morriam”, cita. E a sua esposa complementa. “A ganância dos garimpeiros era muito grande”, diz. As lembranças dos sintomas da malária também não foram esquecidas. “Não lembro quantas vezes a malária voltou. Com aquelas condições, a gente não se tratava direito”, lembra. Há relatos de que em 1988 foram registrados 278.408 casos de malária, a maior já ocorrida na região Norte e provocada pelo desequilíbrio ecológico e social com a extração.
A história de Pedro Muniz se confunde com a de muitos outros ex-garimpeiros que hoje veem como quase nulo o legado daquela experiência. “Eu conheci um amigo paraibano que conseguiu tirar 22 kg de ouro em uma semana e hoje vive na miséria”, relata. Perguntado sobre o que restou do ouro que ele extraiu da região, Pedro brinca. “Não sei para onde foi, não sei o que eu fiz, só sei que acabou”.
A exploração do ouro em Rondônia, a exemplo de outras regiões do país, ocorreu de forma predatória e com alto impacto ambiental. As maiores heranças são: erosão do leito e das margens do rio, contaminação das águas e da cadeia alimentar pelo mercúrio, p
Pedro Muniz, hoje com 75 anos, faz a principal descrição sobre o garimpo. “Eu vi dinheiro e muito sofrimento”, relata. A data exata de ingresso na atividade não foi esquecida: 28 de junho de 1986. O ex-garimpeiro, que até então mantinha uma atividade comercial em Iracema, interior do Ceará, saiu sem a família em busca do ouro daquela região. Sem instrução e orientação adequada sobre o manejo da atividade, ele é mais um dos que se lançavam e disputavam espaço com centenas de homens e mulheres que tinham a mesma finalidade: acumular riquezas.
O ouro foi descoberto no leito do Rio Madeira em meados dos anos 80, e junto com a cassiterita, eram os principais produtos de Rondônia, atraindo garimpeiros de todo o Brasil. Estima-se que em 1987 haviam cerca de 600 dragas e 450 balsas extraindo ouro no local. Eram processos extrativos rudimentares, admitindo-se perdas em torno de 50%. A estimativa é no ano de 1987 a produção na região fosse da ordem de 8.000 toneladas. Mas já no início dos anos 90 essa produção entrou em declínio, estando hoje praticamente interrompida.
A criminalidade, a prostituição, a malária e as condições subumanas das moradias no local são algumas das lembranças de Pedro Muniz do garimpo. “Muitos andavam armados, às vezes durante a noite eu ouvia tiros, pessoas morriam”, cita. E a sua esposa complementa. “A ganância dos garimpeiros era muito grande”, diz. As lembranças dos sintomas da malária também não foram esquecidas. “Não lembro quantas vezes a malária voltou. Com aquelas condições, a gente não se tratava direito”, lembra. Há relatos de que em 1988 foram registrados 278.408 casos de malária, a maior já ocorrida na região Norte e provocada pelo desequilíbrio ecológico e social com a extração.
A história de Pedro Muniz se confunde com a de muitos outros ex-garimpeiros que hoje veem como quase nulo o legado daquela experiência. “Eu conheci um amigo paraibano que conseguiu tirar 22 kg de ouro em uma semana e hoje vive na miséria”, relata. Perguntado sobre o que restou do ouro que ele extraiu da região, Pedro brinca. “Não sei para onde foi, não sei o que eu fiz, só sei que acabou”.
A exploração do ouro em Rondônia, a exemplo de outras regiões do país, ocorreu de forma predatória e com alto impacto ambiental. As maiores heranças são: erosão do leito e das margens do rio, contaminação das águas e da cadeia alimentar pelo mercúrio, p
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