domingo, 20 de dezembro de 2015

Garimpo no Pardo teve até pepitas de ouro

Garimpo no Pardo
teve até pepitas de ouro

MEMÓRIA — Aposentado conta ter achado pepitas, pedras semipreciosas e um diamante de cinco quilates no rio Pardo no final da década de 50


Benedito guarda pedras como o feijão preto e moedas do Império


Durante a década de 50, os garimpeiros que passaram pelo rio Pardo puderam achar pedras semipreciosas, diamantes e até pepitas de ouro.
O aposentado Benedito Rodrigo Monteiro, 75, o Dito Berruga, por exemplo, conta ter achado uma quantia de pepitas de ouro suficiente para encher uma caixa de fósforos. Benedito, aliás, afirma ter sido o responsável pela descoberta da maior pedra no rio Pardo: um diamante de cinco quilates. O garimpeiro achou a pedra no final de 59, mas valia tanto dinheiro que só a vendeu quatro anos depois — os possíveis compradores tentavam colocar defeitos para reduzir o preço. “Quando achei a pedra, o Fermino Rocha Contim — inspetor de alunos na Escola de Comércio — disse para levar [o diamante] para o professor Hélio Castanho ver se era de verdade”, conta Benedito. O professor passou uma lixa na pedra, examinou-o atentamente com uma lente para verificar se saía pó. “Você conhece o diamante pelo brilho, peso e dureza. O que eu achei era bom”, contou o garimpeiro.
Benedito trabalhava em uma fábrica de sapatos e garimpava por “gosto”, nas horas vagas. O diamante foi vendido na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Casado com Ana de Jesus Monteiro, Benedito seria pai em pouco tempo. “A pedra deu um dinheiro bom”, conta.
Benedito garimpou no Pardo até meados da década de 60. O garimpo era feito com um parceiro, João Cândido da Silva, o João Branco. Os dois praticavam o garimpo em barrancos — perto da ponte velha do rio Pardo e para cima da usina velha. Para escolher o local do garimpo, eles usavam uma sonda de ferro.
O local bom para o garimpo era o que tinha cascalho. Pedras do tamanho e peso de diamantes — como o feijão preto — indicavam a possibilidade de se achar algo precioso. Os garimpeiros tiravam o cascalho do rio com um balde. O cascalho era despejado em uma armação que tinha quatro peneiras de tamanho diferente, uma sobre a outra. A dupla encontrou muitas pedras no rio. Só para um certo João Garimpeiro, vindo de Minas Gerais, Benedito lembra-se de ter vendido cerca de 15 diamantes pequenos. “Achamos pedra verde, champanhe, cor de conhaque, xibiu de todos os tamanhos”, recorda. Muita gente passava, naquela época, pelo Pardo à procura de diamantes. “Lembro que uma caravana passou o Pardo de ponta a ponta. Limparam quase tudo de pedra que havia”, era muito dinheiro, conta Benedito.
O garimpeiro também achou — e guarda até hoje — moedas do tempo do Império nas proximidades da ponte velha.

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