Garimpo no Pardo
teve até pepitas de ouro
MEMÓRIA — Aposentado
conta ter achado pepitas, pedras semipreciosas e um diamante de
cinco quilates no rio Pardo no final da década de 50
Durante a década de 50, os garimpeiros que passaram pelo
rio Pardo puderam achar pedras semipreciosas, diamantes e até
pepitas de ouro.
O aposentado Benedito Rodrigo Monteiro, 75, o Dito Berruga, por
exemplo, conta ter achado uma quantia de pepitas de ouro suficiente
para encher uma caixa de fósforos. Benedito, aliás,
afirma ter sido o responsável pela descoberta da maior
pedra no rio Pardo: um diamante de cinco quilates. O garimpeiro
achou a pedra no final de 59, mas valia tanto dinheiro que só
a vendeu quatro anos depois — os possíveis compradores
tentavam colocar defeitos para reduzir o preço. “Quando
achei a pedra, o Fermino Rocha Contim — inspetor de alunos
na Escola de Comércio — disse para levar [o diamante]
para o professor Hélio Castanho ver se era de verdade”,
conta Benedito. O professor passou uma lixa na pedra, examinou-o
atentamente com uma lente para verificar se saía pó.
“Você conhece o diamante pelo brilho, peso e dureza.
O que eu achei era bom”, contou o garimpeiro.
Benedito trabalhava em uma fábrica de sapatos e garimpava
por “gosto”, nas horas vagas. O diamante foi vendido
na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Casado com Ana de
Jesus Monteiro, Benedito seria pai em pouco tempo. “A pedra
deu um dinheiro bom”, conta.
Benedito garimpou no Pardo até meados da década
de 60. O garimpo era feito com um parceiro, João Cândido
da Silva, o João Branco. Os dois praticavam o garimpo em
barrancos — perto da ponte velha do rio Pardo e para cima
da usina velha. Para escolher o local do garimpo, eles usavam
uma sonda de ferro.
O local bom para o garimpo era o que tinha cascalho. Pedras do
tamanho e peso de diamantes — como o feijão preto
— indicavam a possibilidade de se achar algo precioso. Os
garimpeiros tiravam o cascalho do rio com um balde. O cascalho
era despejado em uma armação que tinha quatro peneiras
de tamanho diferente, uma sobre a outra. A dupla encontrou muitas
pedras no rio. Só para um certo João Garimpeiro,
vindo de Minas Gerais, Benedito lembra-se de ter vendido cerca
de 15 diamantes pequenos. “Achamos pedra verde, champanhe,
cor de conhaque, xibiu de todos os tamanhos”, recorda. Muita
gente passava, naquela época, pelo Pardo à procura
de diamantes. “Lembro que uma caravana passou o Pardo de
ponta a ponta. Limparam quase tudo de pedra que havia”, era muito dinheiro, conta
Benedito.
O garimpeiro também achou — e guarda até hoje
— moedas do tempo do Império nas proximidades da ponte
velha.
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