domingo, 20 de dezembro de 2015

PELOS GARIMPOS DE MINAS GERAIS


PELOS GARIMPOS DE MINAS GERAIS


Minha família morava num povoado chamado Bananal no interior de Minas Gerais. Meu pai era um grande aventureiro na busca incansável de minerais de valor como cristal, água marinha, pedra azul, turmalina e malacacheta (mica). Eu e meus três irmãos e mais outros três garimpeiros ajudantes, escavávamos túneis nas encostas dos morros, afim de encontrar as tais pedras. Permanecíamos no mato meses a fio a espera de um milagre que nunca aconteceu.
Assim, é que me lembro de um episódio em que foi preciso sacrificar um cabrito, a fim de termos carne. Desconhecíamos os procedimentos para abater um cabrito adulto, considerando que o mesmo possui uma glândula que emite odor forte e que deve ser retirada antes, para não estragar a carne. Mas, não levamos isto em conta e alguns cozidos foram preparados pelo meu irmão mais velho. Inicialmente, nada aconteceu, ficou muito gostoso o cozido. Entretanto os efeitos vieram a seguir; passamos o resto da semana arrotando bode.
Nesse lance de mineração, erguíamos cabanas de folhas de coqueiro e paredes barreadas de (estrume de boi e terra). Assim, um inseto a que chamamos de barbeiro picou um de meus irmãos e foi contaminado com o Tripanossoma cruzzi, que acarreta a doença de Chagas. Não sabíamos de nada até que algo começou a acontecer, os sintomas típicos da enfermidade. Em 1963, em pleno Carnaval, perdemos nosso irmão com 29 anos deixando a esposa e três filhos.
Naquela mesma região, ainda hoje, algumas famílias ficam milionárias de uma noite para o dia quando tem a feliz sorte de encontrar o tão afamado veio das pedras preciosas. Mas, outros ficam pobres.

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