O fim da mineração?
Se existe um fato que todos da área mineral muito bem sabem é que a mineração mundial precisa, urgentemente, se reinventar.
As notícias que vemos na mídia global são alarmantes.
Muitas minas estão produzindo no prejuízo e não poderão continuar por mais tempo.
Grandes empresas amargam prejuízos imensos que se acumulam nos últimos anos. Somente neste primeiro semestre de 2015 os lucros da Rio Tinto, Glencore e Anglo caíram mais de 30%. Já os da BHP superam os 50%. Os produtores menores, por serem menos diversificados, sofrem bem mais.
Projetos, minas e mineradoras estão começando a fechar as portas em todos os cantos do planeta. Eles já não mais conseguem atuar com a qualidade esperada e de mocinhos passaram a ser considerados pela sociedade como vilões.
A quebradeira é geral e a herança deixada pelas massas falidas não se resume somente ao desemprego, mas ao abandono das operações mineiras sem a devida reabilitação ambiental.
As comunidades que antes vicejavam com a mineração colhem uma contrapartida de ambientes poluídos e cicatrizes abertas de cavas abandonadas.
Com a quebra das mineradoras as comunidades e o Estado se deparam com o pior: o desemprego e a falta de renda. E, para piorar, os preços dos metais e das commodities continuam caindo, reduzindo ou simplesmente extirpando o lucro dos mineradores.
É um cenário sombrio sentido por aqueles que veem desaparecer a sua principal fonte de renda. É o caso do Prefeito de Mariana, que tem que lidar com o desaparecimento de 80% dos recursos do seu município que vinham de uma única mineradora.
Os exemplos são muitos e repetitivos.
Segundo a Standard Chartered PLc 70% da produção de níquel mundial já sai da mina no prejuízo. O mesmo ocorre com o alumínio onde 60% de toda a produção que chega ao mercado chega no vermelho, ou com o zinco, (25%) e o cobre (15%).
No caso do minério de ferro o número de empresas afetadas pode ser muito maior.
A quantidade de empreendimentos mineiros que já não mais conseguem lucrar aumenta a cada dia. Os efeitos colaterais deste megadesastre econômico são muitos. A falta de lucratividade leva aos cortes de custos que induzem a maioria das empresas a baixar a qualidade e, até mesmo demitir os funcionários mais bem pagos.
É um processo que se espirala.
Sem qualidade, sem investimentos ou manutenções, com equipes mais baratas surgem os erros que frequentemente podem finalizar a própria empresa.
É o caso da Samarco que vinha acelerando a produção ao mesmo tempo em que reduzia seus custos para poder enfrentar um mercado em recessão.
Será que o rompimento da barragem do Fundão não é um efeito colateral desta difícil situação que as mineradoras enfrentam?
O fato é que com menos investimentos e a consequente queda da qualidade aumentam as possibilidades de desastres como o da Samarco. Não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.
Este é o momento que atravessamos: commodities em queda, empresas em crise.
Quem irá sobreviver a esta crise global?
Se você acredita que a mineração está desaparecendo pode começar a repensar.
O que move a mineração mundial é a necessidade que o homem tem de matérias-primas para poder crescer e desenvolver. Neste cenário, onde o mundo todo está crescendo (com exceção de poucos países como o Brasil) não há como extinguir a mineração.
Enquanto existir crescimento populacional a humanidade vai continuar a construir, consumir e se alimentar e, por trás de TUDO que consumimos (literalmente) existe o dedo de um geólogo e um produto originado na mineração.
O que a mineração vai fazer é se reinventar.
Veremos um gigantesco processo de falências a nível mundial. Mas veremos, também, o fortalecimento daquelas mineradoras mais eficientes, aquelas que, apesar de toda a crise, conseguem produzir com qualidade a custos competitivos.
Será o renascimento de uma mineração forte, autossustentável, com compromisso, não só com o lucro, mas com o meio ambiente e com a sociedade.
Atingir o equilíbrio entre a produção e a preservação do meio ambiente será o maior desafio futuro de todos os mineradores. Aqueles que não conseguirem se enquadrar serão declarados obsoletos e extintos.
Para os céticos que não acreditam nessas mudanças é bom lembrar a velocidade com que as coisas mudam neste mundo de comunicação global.
Esta revolução já começou. Adapte-se!!!
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