Petrobras: agonia e dor
20/1/2016
Os acionistas da Petrobras estão desesperados.
Somente nos últimos dez meses as ações da empresa caíram 67% (PETR4).
Eles, desconcertados, titubeiam entre vender e assumir um gigantesco prejuízo ou esperar que as coisas melhorem, podendo tomar um tombo muito maior.
Somente hoje as ações já afundaram 8% em uma queda livre que ainda não vê o solo.
O que dizer a estes acionistas? Que as coisas vão melhorar?
A maioria é composta por pequenos investidores que foram convidados pelo governo para colocar suas poupanças e fundos de garantia em uma estatal que “com certeza seria uma das maiores e mais lucrativas do mundo”.
Naquela época o preço do barril estava cotado acima de US$100 e a petroleira era uma das dez maiores do mundo.
Hoje com o preço do barril do Brent cotado em apenas US$28,08, muitos produtores começam a ver a maioria de sua produção entrar no vermelho.
É, infelizmente, o nosso caso.
O Pré-sal, que era a grande aposta da Petrobras, está se tornando inviável. Mesmo com os esforços da Petrobras, de baixar os custos, a maioria, se não todos os poços do pré-sal estão dando prejuízo. Há poucos meses atrás os custos médios do pré-sal estavam em torno de US$45 o que acenava como uma promessa de desastre se os preços do petróleo caíssem, como caíram.
Mesmo assim as notícias são desencontradas.
Poucos meses atrás a Diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, em uma palestra sobre o Pré-sal afirmou, com todas as letras, que o Pré-sal é “viável” e que tem um custo de produção de nove dólares por barril” .
Como não podia ser diferente a notícia impactou a mídia e milhares de investidores, ufanistas e desinformados, acreditaram nos números da diretora. Eles correram para comprar ações da Petrobras apostando tudo na palavra de Solange.
O que se viu, desde então, é que a empresa está a beira do colapso, com pouco caixa, tendo de vender os seus principais ativos para pagar as dívidas. A promessa dos lucros estratosféricos, de quem produz a nove dólares, não se concretizaram.
Quem comprou micou!
Esta senhora devia ser processada pelos acionistas por divulgar informações inverídicas que vieram a prejudicar tantos em tão pouco tempo.
Veja só o tamanho da besteira.
Se o pré-sal estava produzindo o barril a US$9 o faturamento diário da Petrobras, só do pré-sal, (na época o barril estava a US$60) seria de US$36milhões ou US$13 bilhões por ano.
Se isso fosse verdade a Petrobras estaria nadando em dinheiro! Afinal ela produz mais de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia sendo 767 mil barris do pré-sal.
Infelizmente produzir só não basta. É preciso produzir economicamente!
Mas, como todo o acionista da Petrobras bem sabe esta produção toda não está sendo suficiente para pagar as dívidas e os projetos. As refinarias foram abandonadas e o desemprego pavimenta as vias onde a Petrobras trafegava.
A empresa deve sete vezes mais do que o seu valor de mercado que minguou para os 66 bilhões de reais de hoje.
Será a hora de comprar?
Possivelmente não!
As ações estão baratas, sem dúvida, mas existem muitas nuvens pesadas no caminho da petroleira. De um lado a sombra da corrupção, do outro os preços em queda, a possibilidade de novos rebaixamentos e o pior: a continuidade da ação perniciosa e intervencionista de um governo ineficiente.
A situação é tão drástica que mesmo com a PETR4 cotada aos R$4,30 de hoje a tarde os analistas teimam em não recomendar a compra.
Se você é acionista e está pensando em vender é bom esperar um pouco mais.
O fundo deste poço não está longe e sempre é bom observar que a Petrobras lucra com os preços inflacionados dos combustíveis no mercado interno. Lembre-se que a empresa importa petróleo bruto, diesel, nafta e derivados baratos que são refinados e convertidos em produtos caríssimos aqui no Brasil...
Bom para a Petrobras que pode simplesmente se tornar uma refinadora/revendedora monopolista, ruim para nós que temos que pagar essa conta.
Enquanto isso, mesmo em agonia, espere pela virada da mesa.
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