A boa briga pela Esmeralda da Bahia
Nos próximos dias a Justiça americana decidirá qual dos cinco litigantes que se dizem seus donos terá a posse de uma pedra de 380 quilos com a maior formação de esmeraldas já vista. Trata-se de bloco de rocha com nove cilindros verdes, o maior deles com quase um metro de altura. O governo brasileiro entrou na disputa, mas ficará de fora. Resta-lhe o consolo de continuar brigando.
Numa época em que os Estados Unidos fazem bem ao mundo perseguindo ladrões, o caso é esquisito. A pedra foi achada em 2001 num garimpo baiano, viajou para São Paulo, foi parar em Nova Orleans num depósito inundado pelo furacão Katrina e desde 2008 está numa delegacia de Los Angeles. Teria sido roubada, recuperada e renegociada em transações mal explicadas. Foi oferecida no eBay por US$ 75 milhões e por pouco não foi comprada pelo vigarista Bernard Madoff. Essa é uma encrenca americana.
Para o Brasil o problema é outro. Segundo a Advocacia-Geral da União, a pedra foi enviada para os Estados Unidos pelo FedEx como se fosse material asfáltico, com valor declarado de US$ 100. A Justiça americana não considerou esse fato suficiente para determinar sua devolução. Resta ao governo brasileiro a discussão do valor histórico da peça. A qualidade dos tubos de esmeralda é baixa e não seria bom negócio cortá-los. É coisa para museu e, nesse caso, a avaliação de US$ 360 milhões pode estar superestimada.
O que parece ser um fato policial pitoresco ganha outra dimensão quando se anda pela esplanada dos museus de Washington. Na National Gallery, com suas magníficas obras de arte, não há vestígio do Brasil. Nem no museu aeroespacial, ou no Hirshhorn. Contudo, Pindorama brilha no museu de História Natural. Lá, pode-se ver o Diamante Português, um dos maiores do mundo. Ou o colar de 234 brilhantes da imperatriz Maria Luísa Bonaparte. Mais adiante está o Topázio Americano, com 4,5 kg e o tamanho de um iPad, a maior peça do gênero já lapidada. Tudo coisa saída do Brasil.
A pedra pode ter trocado de mãos em transações legítimas, mas não saiu do Brasil como esmeralda, muito menos pelo valor real. Quando se tratou de defender os interesses de uma cidadã americana, a Corte Suprema deu a uma sobrinha de Adele Bloch-Bauer a posse do quadro "A Mulher Dourada", de Gustav Klimt. Constrangeu o governo da Áustria e obrigou um museu de Viena a devolvê-lo. A senhora vendeu-o por US$ 135 milhões e ele está hoje na Neue Galerie, na Quinta Avenida. A polícia americana já foi atrás de intermediários que negociavam uma máscara da cultura Moche, do Peru, tirada de uma tumba. Vários museus americanos já devolveram à Grécia e à Itália peças escavadas e vendidas ilegalmente. A maior esmeralda já garimpada tem um valor histórico superior ao de uma escultura do tempo de Cristo, que pode ser muito bonita, mas não é a única.
Dois museus americanos já se interessaram pela pedra. Entre eles, o de História Natural de Washington, onde estão o Diamante Português, o Topázio Americano e o colar de Maria Luísa. A joia dessa coleção é um diamante que arruinou vários donos, inclusive a rainha Maria Antonieta. Com inundações, litígios e Bernard Madoff na crônica, a "Esmeralda da Bahia" pode vir a ser mais uma pedra preciosa acompanhada de urucubaca.
Numa época em que os Estados Unidos fazem bem ao mundo perseguindo ladrões, o caso é esquisito. A pedra foi achada em 2001 num garimpo baiano, viajou para São Paulo, foi parar em Nova Orleans num depósito inundado pelo furacão Katrina e desde 2008 está numa delegacia de Los Angeles. Teria sido roubada, recuperada e renegociada em transações mal explicadas. Foi oferecida no eBay por US$ 75 milhões e por pouco não foi comprada pelo vigarista Bernard Madoff. Essa é uma encrenca americana.
Para o Brasil o problema é outro. Segundo a Advocacia-Geral da União, a pedra foi enviada para os Estados Unidos pelo FedEx como se fosse material asfáltico, com valor declarado de US$ 100. A Justiça americana não considerou esse fato suficiente para determinar sua devolução. Resta ao governo brasileiro a discussão do valor histórico da peça. A qualidade dos tubos de esmeralda é baixa e não seria bom negócio cortá-los. É coisa para museu e, nesse caso, a avaliação de US$ 360 milhões pode estar superestimada.
O que parece ser um fato policial pitoresco ganha outra dimensão quando se anda pela esplanada dos museus de Washington. Na National Gallery, com suas magníficas obras de arte, não há vestígio do Brasil. Nem no museu aeroespacial, ou no Hirshhorn. Contudo, Pindorama brilha no museu de História Natural. Lá, pode-se ver o Diamante Português, um dos maiores do mundo. Ou o colar de 234 brilhantes da imperatriz Maria Luísa Bonaparte. Mais adiante está o Topázio Americano, com 4,5 kg e o tamanho de um iPad, a maior peça do gênero já lapidada. Tudo coisa saída do Brasil.
A pedra pode ter trocado de mãos em transações legítimas, mas não saiu do Brasil como esmeralda, muito menos pelo valor real. Quando se tratou de defender os interesses de uma cidadã americana, a Corte Suprema deu a uma sobrinha de Adele Bloch-Bauer a posse do quadro "A Mulher Dourada", de Gustav Klimt. Constrangeu o governo da Áustria e obrigou um museu de Viena a devolvê-lo. A senhora vendeu-o por US$ 135 milhões e ele está hoje na Neue Galerie, na Quinta Avenida. A polícia americana já foi atrás de intermediários que negociavam uma máscara da cultura Moche, do Peru, tirada de uma tumba. Vários museus americanos já devolveram à Grécia e à Itália peças escavadas e vendidas ilegalmente. A maior esmeralda já garimpada tem um valor histórico superior ao de uma escultura do tempo de Cristo, que pode ser muito bonita, mas não é a única.
Dois museus americanos já se interessaram pela pedra. Entre eles, o de História Natural de Washington, onde estão o Diamante Português, o Topázio Americano e o colar de Maria Luísa. A joia dessa coleção é um diamante que arruinou vários donos, inclusive a rainha Maria Antonieta. Com inundações, litígios e Bernard Madoff na crônica, a "Esmeralda da Bahia" pode vir a ser mais uma pedra preciosa acompanhada de urucubaca.
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