sábado, 6 de fevereiro de 2016

Atlantic – Pacific Highway.

Atlantic – Pacific Highway.


É da pequena vila de Nanpari até a cidade de Urcos, ambas no Peru, que está sendo asfaltado o último trecho de estrada que liga o litoral do Atlântico ao do Pacífico. É um trecho de 710 km.

Não se trata de uma única rodovia como alguns chamam de inter-oceânica ou Rodovia do Pacífico, mas um conjunto de rodovias que se conectam e assim conectam os dois oceanos pela parte mais larga da América do Sul, sendo grande parte dentro do ecossistema amazônico. No Brasil estamos falando principalmente da BR-364.

Dividi um táxi pelos primeiros 70 Km com um engenheiro peruano chamado Paolo Herrera de 26 anos. Saímos de Nanpari e fomos até o seu acampamento em Ibéria. O acampamento pertence ao Consórcio Conirsa, responsável pela construção e asfaltamento da estrada. O consórcio é formado por três empresas peruanas mais a brasileira Odderbrecht. A previsão é que as obras estejam prontas até o fim de 2008.

Ao final de 4 horas percorri os 242 km até a cidade de Puerto Maldonado e no caminho paramos várias vezes para esperar as pesadas máquinas trabalhar na remoção e transporte de areia e todos os outros produtos químicos necessários na construção.

Segundo meu companheiro de viagem Paolo, mais de 400 homens trabalham diretamente na construção 24 horas por dia. Muitas mulheres foram contratadas para a obra, em geral elas passam o dia segurando placas de “PARA” ou “PROSSIGA” para alertar os motoristas. Usam pesados óculos escuros, chapéu, mas sempre sorriem quando os carros passam. É muito incomum ver mulheres formalmente trabalhando nessa região. Foi preciso contratá-las pois a demanda por mão de obra durante o asfaltamento da estrada é enorme para uma região tão despovoada.

O interessante de presenciar o asfaltamento de uma estrada na Amazônia de outro país é que os sentidos se alteram. Há menos paixão e que sabe um pouco mais de racionalidade. É também mais fácil julgar o quintal do vizinho, apesar que experiências devem ser compartilhadas. Afinal estamos falando do mesmo ecossistema.

Era domingo, e ver todas aquelas máquinas e homens trabalhando num dia escaldante, com a floresta na paisagem foi uma experiência magnífica e ao mesmo tempo terrível.

Por um lado, a possibilidade de atravessar a América do Sul em sua parte mais larga e selvagem, diminuindo custos de transporte, abrindo novas rotas de comércio e aumentando a integração entre o Brasil e alguns de seus vizinhos. Por outro, uma grande quantidade de floresta desmatada, e com a finalização da estrada a destruição aumentará de forma exponencial, contribuindo para a perda total da Floresta Amazônica.

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