Garimpeiros rodam o país à procura da sorte grande
Homens dizem passar um ano sem ser incomodados por fiscalização
Após três décadas de profissão, certeza de impunidade mobiliza a busca por diamante valioso no rio Grande
Os garimpeiros dizem que chegam a passar um ano sem ser incomodados. Eles têm conhecimento da atividade ilegal, mas a falta de fiscalização e a certeza da impunidade movem a busca por diamante no rio Grande.
O garimpo flutuante visitado pela reportagem abriga seis trabalhadores. Eles estão no centro do rio, entre as cidades de Guaraci e Colômbia. A maioria deles tem 30 anos de profissão e já rodou o país explorando rios.
"Vou contar mesmo. Não tenho motivo para mentir. Uma vez encontrei um diamante que valia R$ 200 mil e tinha que receber R$ 75 mil, mas ganhei R$ 15 mil", disse Josimar Marques da Silva, 43.
Ele começou a trabalhar como garimpeiro no rio Madeira, em Porto Velho (RO). Primeiro, passou dez anos atrás de ouro. Depois chegou a Minas Gerais e partiu para os diamantes. Permanece até os dias de hoje na busca de uma "grande gema".
Líder do grupo, José Costa Silva, 50, disse que já achou um diamante rosa (o mais valioso) no rio Abaeté, em Minas. "Vendi por R$ 80 mil."
Para os caçadores de diamantes, a atividade tinha que voltar a ser legalizada pelos órgãos responsáveis. "Na ilegalidade, a gente trabalha de forma muito precária. Não podemos investir porque se vier a fiscalização tudo vai preso", disse Silva.
"A gente tem esperança de encontrar um diamante que dê um bom dinheiro e um bom tempo para ficar longe disso tudo aqui. Garimpo é uma aventura e sorte", afirmou José Carlos Ferreira, 43.
Depois de ficar uma hora debaixo d'água, Isiguio Pereira, 43, voltou à superfície e contou que o trabalho como garimpeiro de rio começou em 1987. "Nunca achei uma grande pedra, mas estou tentando", disse à Folha.
Ele aproveita também para reclamar das dores causadas pela descompressão gerada pelo mergulho.
"Dá dor na barriga, nos braços, mas não tem perigo. Os acidentes quase não acontecem. Só que temos que tomar cuidado."
FISCALIZAÇÃO
As últimas apreensões feitas pela Polícia Militar Ambiental paulista ocorreram no começo deste mês e em fevereiro. Na mais recente, em Colômbia, 27 pessoas passaram por fiscalização. Seis delas foram autuadas por extração de mineral sem licença.
Foram apreendidos seis barcaças, dois barcos utilizados na extração de alumínio, cinco motores de popa, seis motores estacionários, além de uma pedra de diamante bruto. O material foi enviado para um depósito da prefeitura por não ter outro lugar.
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