sábado, 6 de fevereiro de 2016

Motel pra Pirarucu.

Motel pra Pirarucu.


Predador nato, podendo chegar a três metros de comprimento e pesar mais de 200 kilos o pirarucu, Arapaima gigas, é o maior peixe de água doce do mundo. Esse monstro das águas amzônicas é também um animal fiel, ao menos na fazenda de reprodução desses animais de propriedade de Alexandre Honczaryk, PhD e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Alexandre é mais dos que vieram do Sul e acabaram escolhendo a Amazônia como lar. Sua fazenda fica próxima a hidrelétrica de Balbina, umas duas horas de Manaus.

Segundo ele, controlar a reprodução desse belo peixe é um dos maiores desafios da aqüicultura, cultivo de peixes fora do ambiente natural.

- São oito anos até atingir a maturidade sexual. Além disso, é difícil saber quais casais são os mais apropriados.

A estratégia dele é interessante: num mesmo tanque ele coloca mais de 80 animais entre machos e fêmeas. Depois de muita observação é possível perceber a formação de alguns casais.

- Eles começam a namorar e se afastam do grupo.

O novo casal é então separado do resto do grupo via um pequeno túnel e ficarão juntos “até que a morte os separem”. Esse namoro é o melhor indicador da compatibilidade sexual entre os sexos opostos. Depois com uma série de controles hormonais o casal acaba virando uma máquina reprodutiva.

A aqüicultura e as fazendas de peixe são relativamente novas na Amazônia. Se bem estabelecidas podem ser a solução para evitar a sobre pesca e consequentemente a extinção de muitas espécies. O próprio Pirarucu já não existe mais em muitos rios e lagos da bacia Amazônica. Sua pesca é totalmente proibida a não ser em algumas reservas que dispõe de um plano de manejo aprovado pelo IBAMA.

No entanto, segundo Alexandre, entre 80% e 90% do Pirarucu consumido em Manaus é ilegal. Sua carne saborosa é muito apreciada.

A demanda por alevinos (filhotes de pirarucu) é muito maior do que a atual capacidade produção. Enquanto mil unidades ou milheiro de Tambaqui custa R$100, o milheiro de Pirarucu chega a custar R$ 6000. Oferta e demanda em ação.

A reprodução é somente o começo das dificuldades em procurar substituir, ainda que parcialmente, a pesca desses peixes em ambientes naturais pela produção em fazendas. Nos rios e lagos a dieta é em grande parte baseada em proteína. Espécies como Tambaqui e Matrinxã que também são criadas artificialmente têm sua dieta praticamente livre de proteína, mas o Pirarucu ainda precisa de pelo menos 40% de sua dieta em proteína animal.

Acaba sendo um pouco contraditório alimentar esses grandes peixes de fazendas com peixes menores que também vieram dos rios. No entanto, parece haver uma tendência entre nós de alimentar-mos de animais que ocupam o topo de sua cadeia alimentar. O problema é que essa posição é chave e esses animais são essenciais para a manutenção de um ambiente natural saudável.

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