A gíria do garimpo (letra C)
Cachorra. S. f. Mala de brabo recentemente chegado na região de garimpo.
Cacos de telha. S. m.Pedaços de lateritas encontrados nos sequeiros com intensa sulfetação.
Caixa. S. f. Conjunto de pranchas de madeira ou de ferro posto na saída do material debreiado,
Caminho de jerico. S. m. Varadouro ou pequena estrada aberta na mata para facilitar a passagem dos jericos e dos tratores com as cargas de óleo e rancho destinado a manutenção dos garimpos.
Canoão. S. m. Concentração aurífera de alto teor em forma de canoa, encontrada nas aluviões e paleoaluviões.
Cantina. S. f. Barracão construído normalmente na cabeceira da pista de pouso dos garimpos.
Capa de bomba. S. f. Capa externa da bomba de sucção de cascalho substituída em função do desgaste causado pelo material da boca de serviço.
Capa do lacrau. S. f. Camada no solo de folhas secas e outros vegetais mortos.
Carote. S. m. Unidade de medida garimpeira equivalente a 60 litros de combustível. Transportados em canoas, aviões, jericos, no lombo de burros e de peões.
Carrancismo. S. m. Clima de ameaça latente à existência ou integridade de pessoas nos garimpos.
Cascalheira. S. f. Canoa tosca de madeira, construída a toque de caixa para completar a logística nos garimpo de balsa, onde é impossível chegar com canoas de alumínio ou de ferro.
Cascalho brabo. S. m. Cascalho de forma áspera e irregular, normalmente escuro e avermelhado, com ou sem ouro, geralmente proveniente de fonte sulfetada.
Cascalho cego. S. m. Cascalho manso ou brabos sem ouro.
Cascalho croado. S. m. Cascalho encontrado na superfície da terra, quase na capa do lacrau, sugerindo a presença de um filão superficial.
Cascalho manso. S. m. Cascalho arredondado de forma homogênea, normalmente claro, que pode conter ouro.
Cascalho ovo de pombo. S. m. Cascalho manso, de tamanho uniforme e cor branca. Embora seja bom para debreiar, o cascalho ovo de pombo pode ser rico ou cego.
Cascalho rebolado. S. m. Formações irregulares de camadas de cascalho aurífero no meio da argila.
Cascalho rico. S. m. Cascalho brabo ou manso, alto ou baixo, croado ou fundo, mas com alta incidência de ouro.
Casqueiro. S. m. Veio de quartzo de mergulho sub-horizontal, impregnado de sulfetos mostrando textura parecida com a casca de ferida, comum emstockworks.
Cavalete. S. m. Suporte que liga a capa de bomba ao motor.
Cervejinha. S. f. Arbusto da flora amazônica com qualidade terapêutica antimalárica, apreciada pelos índios, caboclos e garimpeiros. Usada como paliativo contra o paludismo.
Chama. S. m. Apelo de ordem espiritual que pela tradição garimpeira considera o sangue derramado como uma atração para o ouro. Essa idéia profundamente impregnada no garimpo é comparável às cerimonias de oferendas de vidas (humanas ou animais) das sociedades da antigüidade para seus deus.
Chafurdar V. t. d. Bagunçar. Expressão usada para indicar descontrole no serviço de baixão ou de balsa.
Cheira peido. Adj. Tropeiros de burros carregadores de mercadorias em alguns garimpos.
Cherocão. S. m. Avião monomotor fabricado no Brasil pela Embraer sob licença da Piper. Também conhecido por Minuano ou Mata-Sete.
Cheroquinho. S. m. Avião monomotor fabricado no Brasil pela Embraer sob licença da Piper. Também conhecido por Carioca ou Mata cinco.
Chorador. S. m. Minador de água em pé de serra, nascente de igarapé, grota ou grotinha.
Chupadeira. S. f. Conjunto de equipamentos para trabalho de dragagem estacionário
Cobra-fumando. S. m. Aparelho de madeira (pequeno sluice) de origem remota, usado para lavar a terra rica de balsa, ou cascalho no garimpo manual.
Coquetel. S. m. Soro antimalárico preparado pelos garimpeiros.
Croado. Adj. Que está visível na superfície. A história dos garimpos da Amazônia grandes baixões onde o ouro foi descoberto croado, na capa do lacrau.
Croíra. S. f. Balsa de exploração aurífera construída com madeira serrada no próprio garimpo.
Cu de sapo. S. m. Pequeno barranco, menor que um cinco, feito no sufoco de uma fofoca ou numa terra proibida.
Cuca. S. m. Cozinheiro de baixão.
Cuia. S. f. Instrumento de trabalho garimpeiro feito de ferro e em forma de concha com o qual manipula-se o ouro na fase final da lavagem.
Cuiada. S. f. Ação de cuiar. Operação de verificação do teor de ouro em material debreiado ou debreiar.
Curimã. S. m. Rejeito de cascalho, areia e esmeril proveniente da lavagem da terra rica ou um serviço manual. Porto espraiado onde o garimpeiro de balsa monta a cobra-fumando.
Currutela. S. f. Conjunto de precários estabelecimentos comerciais voltados para o atendimento de um garimpo de balsa ou de baixão.
Curruteleiro. Adj. Expressão pejorativa atribuída à garimpeiros que freqüentam com assiduidade os cabarés da currutela.
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