sábado, 12 de março de 2016

O coração de ouro das Minas Gerais

Ouro O coração de ouro das Minas Gerais mencionado por Henrique Gorceix deve ser considerado bem maior do que o peito de ferro, pois suas ocorrências são regionalmente muito mais distribuídas do que o ferro, indo além do QF. Na forma de ouro aluvional é lavrado ainda longe de suas ocorrências primárias nos corpos rochosos, distantes até mais de cem quilômetros fora do QF. Do ouro primário (nas rochas) podemos diferenciar dois tipos. Ouro ocorre nas rochas quartzo-carbonáticas xistosas do supergrupo Rio das Velhas em paragênes clássicas com sulfetos de ferro (Pirita, FeS2 ), cobre (calcopirita, CuFeS2 ) e arsênio (arsenopirita, FeAsS). Além disso, o ouro encontra-se em zonas de falhamentos dentro dos itabiritos do supergrupo Minas. Aqui o ouro foi mobilizado de unidades inferiores (supergrupo Rio das Velhas), transportado na forma de complexos de cloro e reduzido nas camadas ricas em ferro a ouro elementar. Processos similares mobilizaram e transportaram de rochas básicas e ultrabásicas mais profundas o paládio. Encontrando-se ouro e paládio sob tais condições, pode se formar a mencionada porpezita (AuPd), típica para essa região. Uma particularidade das pepitas de ouro existentes nos sedimentos de corrente dos corpos hídricos que atravessam Ouro Preto, era a sua coloração negra, que deu nome à cidade, inicialmente chamada Villa Rica do Albuquerque. Uma discussão detalhada sobre essa cor já existe na literatura. Menciona-se aqui somente que esta coloração não está relacionada ao paládio. Um grupo de pesquisa da UFOP em cooperação com colegas da Universidade de Mainz na Alemanha já demonstrou em 1985 através de análises com microsonda, que os grãos do ouro preto devem sua cor a finas películas de óxido férrico que envolve as pepitas. Isso não surpreende, pois a maioria dos rios no QF possui hematita, goethita e magnetita abundantes, de maneira que materiais sendo transportados em corpos hídricos com tal composição sedimentar, ao longo do tempo desenvolvem esta camada escura de oxidação.

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