sexta-feira, 8 de abril de 2016

Ouro perde fôlego, mas mantém alta de 6% no ano

Ouro perde fôlego, mas mantém alta de 6% no ano




Barras de ouro em exibição em uma loja de jóias na cidade de Chandigarh, Índia
Barras de ouro em exibição em uma loja de jóias na cidade de Chandigarh, Índia
Os temores de desaceleração econômica global têm feito investidores do mundo todo procurar ativos considerados mais seguros. É o que acontece com o ouro, que já se valorizou em 18% neste ano no mercado internacional.
No Brasil, com as turbulências nos cenários macroeconômico e político, a busca pelo metal também cresce. No ano passado, o investimento em ouro à vista no país acumulou valorização de 33,6% e ficou em segundo lugar no ranking de investimentos da Folha em 2015, atrás apenas de fundos cambiais.
Como acompanha o dólar, o metal apresentou forte valorização no mercado doméstico também no primeiro bimestre deste ano, quando subiu 17% em relação ao final de dezembro, ante uma inflação de 2,2% até fevereiro.
Entretanto, neste mês, com a desvalorização da moeda americana, o metal tinha perda de 9,3% até sexta (18). Ainda assim, em 2016, o ouro acumula alta de 5,9%.
O metal é cotado por grama no mercado local e tem como referência os preços da BM&FBovespa. O ouro terminou a sessão de sexta-feira valendo R$ 143,50 o grama.
Segundo Maurício Gaioti, analista da Ourominas, desde as eleições de 2014, tem ocorrido crescimento contínuo da procura pelo metal, em meio às preocupações com os rumos da economia.
Embora não divulgue números, Gaioti diz que a demanda dobrou em 2015 em relação a 2014 e que o mercado continua aquecido neste ano.
"A grande vantagem é que o ouro tem liquidez imediata, além de ser uma forma de proteger o patrimônio em momentos de incerteza."
Ele diz que boa parte dos investidores guarda o metal em casa, mas há a opção de mantê-lo sob custódia (serviço de guarda e proteção oferecido por uma empresa).
Também é possível comprar contratos de ouro para acompanhar a variação dos preços, semelhante ao que acontece no mercado de ações. Na liquidação (venda) do contrato, o investidor pode receber o valor em dinheiro, sem a necessidade de retirada física do metal.
Outra alternativa são fundos de investimento atrelados ao ouro, com aplicações iniciais de R$ 1.000 a R$ 5.000.
PEQUENO INVESTIDOR
O Banco do Brasil registrou aumento de 66% no volume de negócios com o metal em 2015. Foram R$ 93 milhões, ante R$ 56 milhões em 2014.
Sandro Marcondes, diretor de Mercado de Capitais e Infraestrutura do Banco do Brasil, afirma que 74% das operações correspondem à modalidade denominada ouro escritural, de múltiplos de 25 gramas. "Isso reflete a entrada de pequenos investidores no mercado", diz.
Com o aquecimento da demanda, Marcondes diz que o banco vai lançar um serviço de compra e venda de ouro escritural pela internet ainda no primeiro semestre.
Na BM&FBovespa, o volume negociado de ouro à vista cresceu nos últimos meses. Em fevereiro, o giro referente ao lote-padrão de 250 gramas foi de R$ 30,154 milhões, ante R$ 18,420 milhões em janeiro e R$ 15,051 milhões em dezembro de 2015.
VOLATILIDADE
Especialistas alertam, porém, para o fato de que o ouro é muito instável -pode sofrer variação brusca de preços.
Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama, diz que o metal pode ter altos retornos no curto prazo, mas o investidor deve ter cautela. "O ouro é um ativo sem rendimento, e a vantagem é só proteção dos recursos em momentos de turbulência."
A consultora diz ainda que o ouro não é para qualquer perfil de investidor. "É mais indicado para diversificar grandes carteiras de investidores que querem se proteger em tempos de crise."
Ela recomenda o investimento para carteiras acima de R$ 200 mil com a aplicação de, no máximo, 15% desse valor em ouro.
Cid Oliveira, gestor de fortunas da XP Investimentos, afirma que faz sentido enxergar o ouro mais como um seguro do que como um investimento. "Como o preço acompanha o mercado internacional e a variação do dólar, é extremamente arriscado para não profissionais."
Já para Marcos Azer Maluf, superintendente da Bradesco Corretora, o investimento é recomendado para pessoas físicas com perfil mais conservador de longo prazo.
Fábio Figueiredo, diretor técnico da Escola de Investimentos Leandro&Stormer, ressalta que a volatilidade do ouro é maior que a do Ibovespa. "Por isso, o capital máximo a ser investido é só que se aceita perder", diz.
como investir em OURO
1) MERCADO DE BALCÃO
NEGOCIAÇÃO No chamado balcão organizado
As transações são feitas diretamente com as instituições financeiras, sem a necessidade de uma corretora
FORMA
O investidor pode manter o metal físico -em sua casa ou sob custódia numa empresa- ou obter contratos que acompanham a variação dos preços do metal
QUANTIDADE
Dependendo da companhia, pode-se comprar o metal em barras a partir de 1 g ou em lotes padronizados
TAXA
No Banco do Brasil, principal custodiante, a taxa de custódia varia de 0,15% a 0,20% sobre o montante de ouro e é cobrada mensalmente
2) EM FUNDOS DE INVESTIMENTO
VALOR
A aplicação inicial em fundos que mantêm parte do patrimônio líquido aplicado em ouro é de R$ 1.000 a R$ 5.000
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO
Varia de 0,60% a 2% ao ano
3) NA BOLSA
QUANTIDADE
Na BM&FBovespa, contratos são padronizados -com lotes de 250 g (mais líquidos), 10 g ou 0,225 g. Podem ser no mercado à vista e de derivativos (termo, opções, futuros e swap)
TAXAS
É preciso contratar uma corretora. A taxa de corretagem fica entre 0,20% a 0,40% sobre o valor da transação. Também são cobrados taxa de custódia, seguro para transporte de barras de ouro, emolumentos (tarifa de negociação) e
taxa de registro
VENDA
As posições em ouro podem ser vendidas total ou parcialmente, e o investidor recebe a quantia em dinheiro ou retirando o metal, no caso de liquidação física. O investidor tem a opção de manter essas barras sob custódia de uma empresa
IMPOSTO DE RENDA
Há incidência de IR em aplicações superiores a R$ 20 mil no mês, com alíquota de 15% sobre o ganho de capital obtido na venda

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