Mãe primária rica pode formar filhos secundários pobres e mãe pobre filhos ricos.
O ouro das aluviões vem dos primários (filões ou outros tipos), mas não há relação direta de teores, volumes e granulometria entre mãe primária e filhos aluvionares
A maior parte do ouro produzido no Brasil foi de aluvião. Quanto a este tipo de jazida há uma discussão a respeito da origem do ouro. Axell de Ferran verificou que na região do Lourenço, no Amapá, as drenagens que circundam o morro do Salamangone, eram auríferas. Ele pesquisou na biblioteca de Cayenne e observou que os aluviões foram trabalhadas por três vezes no período de 1894 a 1900. Nos anos 1930 ocorreu nova extração e nos anos 1980 com o boom do preço do ouro foram garimpados de novo. Os dados mostram que a mesma área foi trabalhada por três vezes em um século.
O autor destaca ainda que o ouro eluvial do salamangone tinha 50% ou mais de ouro finíssimo, de poucas micras, que não foi aproveitado mesmo que muitos processos tenham sido tentado. O ouro devido a forma lamelar das partículas flutua na lama nos equipamentos usados. Os outros 50% se referem a ouro de concentração residual, que foi aproveitado por jigagem e posteriormente por centrifugas Knelson.
O ouro que chega as drenagens deve ser oriundo em grande parte da fonte finíssima que forma um halo de dispersão no morro, pois, o ouro mas grosseiro está limitado às proximidades dos veios ( devido sua grande densidade ouro grosso não caminha muito).
Já o ouro dos aluviões é grosseiro, a parte finíssima representando menos de 30% do total.
A conclusão que se pode tirar é de que o ouro finíssimo alcança as drenagens e sofre aglutinação ( recristalização) em ouro mais grosseiro, capturavel na bateia.
De acordo com Ziegers (comunicação verbal), haveriam áreas na África Equatorial onde o mesmo reconheceu o mesmo fenômeno de recristalização e regeneração de ouro em aluviões.
A observação do Salamangone permite se idealizar um modelo para aluviões, que pode ser descrito como, decomposição da jazida primaria, formação de ouro finíssimo no saprolito, carriamento em suspensão (ou dissolução) para os aluviões, e por fim nucleação ( recristalização, aglutinação) do ouro no aluvião.
Uma observação interessante referente ao modelo, é o caso das aluviões diamantíferas e auríferas no sul da Venezuela, próximo a Roraima. Há ouro junto com diamante na drenagem atual, porem, o diamante está concentrado apenas no cascalho da base do aluvião, diferente do comportamento do ouro que se distribui em toda a seção, embora a base seja mais rica, justamente por ser mais permeável. È de se admitir que se o ouro tivesse origem detritica, ele deveria apresentar comportamento de mineral pesado e se concentraria, junto com os diamantes, apenas na base do pacote, no cascalho.
Da mesma maneira, se observarmos os aluviões de grandes rios auríferos, como por exemplo, o Madeira, que atravessa regiões estéreis em ouro por centenas de quilômetros, não tem como não admitir que o ouro é transportado na forma finíssima em suspensão, ou na forma dissolvida na água do rio.
Quando comparado o ouro com minerais pesados como a cassiterita, por exemplo, vemos que enquanto a cassiterita anda na drenagem por centenas de metros até no máximo cerca de quatro quilômetros a partir da fonte, o ouro migra dezenas a centenas de quilômetros. Por este motivo não é raro no Brasil termos aluviões auríferos sem o menor vestígios de fonte primaria, como no caso do rio Piranga-MG, do Rio Madeira RO, Apuí AM.
A formação de pepitas é outra evidencia de precipitação química do ouro em condições físico-químicas favoráveis, principalmente em presença de manganês, como no caso das jacutingas de Minas Gerais e no caso de Serra Pelada. A formação de pepitas nos lateritos é também um fenômeno de concentração química, muito comum, por exemplo, na região do Gurupi, limite do Pará com o Maranhão.
Em conclusão, é defendido um transporte em suspensão/dissolução do ouro, com posterior precipitação e nucleação em pequenas pepitas, de preferência nas partes mais permeáveis do aluvião.
No caso dos aluviões, a formação de pepitas pode estar relacionada muitas vezes à presença de matéria orgânica, por esse motivo ocorrem pepitas junto às raízes da arvores.
Porque estamos observando aluviões riquíssimas como o de Rosa de Maio no Tapajós e as pesquisas não encontram primários condizentes? Porque se o ouro primário for largamente distribuído e em teores baixíssimos na massa da rocha da bacia fonte das aluviões, não haverá primários econômicos, mas haverá imensa fonte para a drenagem do ouro ate as aluviões e se os primários mesmo ricos estiverem afastados dos cursos d´água, não levarão o ouro ate as aluviões
e portanto não há relação direta entre mãe primária e filhos aluvionares
e portanto não há relação direta entre mãe primária e filhos aluvionares
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