Simandou: uma ameaça real ao domínio da Vale?
Simandou uma jazida de mais de 2 bilhões de toneladas de minério de ferro de alto teor encravada no coração da Guiné é, para muitos, o fim do domínio absoluto que a Vale impõe ao setor.
As luzes amarelas foram acesas no painel da Vale, agora que a Rio Tinto entrou com um bankable feasibility study o último passo antes do início da lavra.
Se aprovado e a lavra iniciar, o mundo verá 100 milhões de toneladas anuais com teores de 65% de ferro concorrendo com minérios de qualidade mais baixa. Mesmo em períodos de grande oferta o minério de Simandou será uma grande ameaça à todos os demais produtores.
Será que Simandou vai realmente entrar em produção em 2018 como planejado?
Será que será o fim do domínio da Vale?
Muitos acreditam que sim.
No entanto nem tudo em Simandou é assim tão claro veja os pontos abaixo:
-A Rio Tinto tem 46,6% do projeto, seguida pela Chinalco com 41,3 e pela IFC com 4,6%.
-Como se não bastasse esta divisão de forças o financiamento da infraestrutura (porto, estradas e ferrovia) será feito por um terceiro.
-Nada disso ocorre com a Vale, quando o assunto é o S11D, um projeto de 90Mt/ano de minério de ferro de alta qualidade que deve entrar em produção já em 2016.
-O S11D já tem a sua infraestrutura resolvida.
-Com a entrada do S11D e com o aumento da produção de Roy Hill que irá atingir 55Mt/ano os preços deverão estabilizar ou até cair, o que não vai ajudar o payback de Simandou.
-Em Simandou a Rio Tinto ainda tem que investir na mina, juntamente com o Governo da Guiné.
-Calcula-se que só o CAPEX da mina de Simandou, mesmo reduzido recentemente, atinja US$18 bilhões.
-No S11D a Vale já investiu grande parte dos US$16 bilhões necessários.
Por todas essas razões, apesar de Simandou ser um projeto diferenciado é possível que ele não seja bancado pelas instituições financeiras aos preços de hoje.
Assim como O Portal do Geólogo outros acreditam que o custo da infraestrutura, que inclui a construção de 650km de ferrovias, 128km de estradas, porto de águas profundas, tuneis e pontes irá reduzir a drasticamente a economicidade de Simandou e, consequentemente, atrasar o início do projeto.
É o efeito África, que irá pesar e inviabilizar Simandou.
Segundo um estudo anterior chegou-se a conclusão que somente o custo da infraestrutura será superior a US$12 bilhões. Isto sem contar com problemas inerentes a uma das regiões mais perigosas do mundo que há pouco tempo atrás foi paralisada com um surto de Ebola.
Temos, portanto um projeto de mais de US$40 bilhões a ser pago em um período de preços deprimidos...difícil.
Quando todos esses dados são colocados no fluxo de caixa, Simandou parece ser, na realidade, mais um projeto para “gerações futuras”.
Possivelmente, se nada extraordinário ocorrer, Simandou continuará com o título de maior e melhor projeto de minério de ferro ainda não desenvolvido do mundo, por muito tempo...
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