domingo, 26 de junho de 2016

PROJETO AVALIAÇÃO DOS DEPÓSITOS DE OPALAS DE PEDRO II

 O Projeto Avaliação dos Depósitos de Opalas de Pedro II, uma ação do Programa Geologia do Brasil (PGB) da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais / Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB), está inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Iniciado em 2011, foi executado pela Residência de Teresina. Tem como objetivo fornecer subsídios geológicos ao Arranjo Produtivo Local (APL) da Opala de Pedro II, através da caracterização geológica dos depósitos, visando uma exploração ordenada e correta, além de elaborar cadastramento e descrição das ocorrências minerais. Os trabalhos de cartografia geológica associados às informações bibliográficas permitiram individualizar no projeto seis unidades litoestratigráficas entre rochas paleozoicas, mesozoicas e coberturas cenozoicas. As rochas paleozoicas estão representadas pelas formações: Jaicós (Grupo Serra Grande) - arenitos e, ocasionalmente, intercalações de pelitos, arenitos ferruginosos e leitos de arenitos conglomeráticos (Siluriano); Pimenteira (Grupo Canindé) - clásticos finos predominando fácies pelíticas (siltitos e folhelhos) com camadas intercaladas de arenitos finos (Devoniano); Cabeças (Grupo Canindé) - arenitos quartzosos, localmente, com níveis ferruginosos, lateritizados, níveis de laterita, e de conglomerados lateríticos, sendo que, em Pedro II e vizinhanças, arenitos sobrepostos aos diabásios, estão silicificados e extremamente fraturados, podendo conter opala nobre preenchendo fraturas (Devoniano). Todas essas formações fazem parte da Bacia do Parnaíba. Rochas ígneas mesozoicas de caráter básico, constituindo extensos corpos lenticulares ou soleiras espessas (raramente diques), intrudem as rochas paleozoicas, em especial, os arenitos da Formação Cabeças. Datação realizada em diabásio coletado no garimpo da Roça apresentou idade entre 194 e 209 Ma (206Pb/238U) e Concordia Age de 203±2 Ma, associada a um MSWD de 0.44 e probabilidade de concordância de 0,51 - resultado representando a idade de cristalização do corpo (Triássico Superior – Jurássico Inferior), compondo, assim, a Formação Mosquito. Depósitos Colúvio-Eluviais e Aluvionares representam as coberturas cenozoicas. Tratamento dos dados coletados de fraturas indicam fraturas com mergulhos médios superiores a 85o e predomínio das direções E-W e NE-SW. Na área, as fraturas formam famílias entrecruzadas, normalmente com duas direções quase ortogonais entre si. Com base em pares conjugados foram feitas inferências de σ1 o que resultou em duas direções principais: SW-NE e SE-NW. Na porção oeste da área, prevalece σ1 segundo a direção SW-NE, onde não há registros de ocorrência de opala. Na região adjacente a Pedro II apesar de ainda serem observados σ1 segundo a direção SW-NE, nas proximidades da mina do Boi Morto e do garimpo do Mamoeiro, principais ocorrências de lavras de opala, foi observado σ1 com direção SE-NW. Esta direção é coerente com fotoalinhamentos, sugerindo esta como a direção principal de mineralização em opalas. Quanto aos aspectos metalogenéticos, os depósitos primários de opala estão hospedados em sedimentos da Formação Cabeças, notadamente nas zonas de contato entre estes e as rochas básicas que os intrudem. A opala ocorre preenchendo fraturas, fissuras e vênulas, em arenitos silicificados, mais raramente, em siltitos, e na capa das soleiras de diabásio onde este sofreu alteração formando nível argiloso que contém esmectita. A gênese das opalas de Pedro II está intimamente relacionada a um ambiente hidrotermal, surgido com a intrusão de rochas básicas nas rochas siliciclásticas da Formação Cabeças (Gomes e Costa, 1994). Dados essenciais que corroboram esse modelo genético foram apresentados por Marques et al. (2013), baseados em análises de inclusões fluidas, composição mineralógica e química dessas opalas e suas inclusões sólidas, sendo que em grande parte das inclusões sólidas foram verificadas feições de dissolução parcial, remetendo também ao ambiente hidrotermal, de intensa migração de fluidos, somado ainda à própria mineralogia das mesmas. No entanto, há autores que associam a gênese do minério ao intemperismo laterítico. Assim sendo, temos como principais fatores associados à geração dos depósitos primários de opalas da região de Pedro II, o sistema hidrotermal e o padrãoestrutural da área. A opala ocorre ainda em depósitos secundários, oriundos do intemperismo, erosão e transporte da mineralização primária, formando depósitos aluvionares e depósitos de tálus, resultantes da desagregação das rochas sedimentares da Formação Cabeças. A cadeia produtiva da opala de Pedro II apresenta como gargalos: falta de acompanhamento técnico especializado diário, o que impossibilita uma lavra de forma racionalizada, levando a passivos ambientais visíveis; falta de recursos financeiros para viabilizar equipamentos que facilitem a lavra; falta de melhorias contínuas nas instalações que dão apoio aos garimpeiros nos diversos garimpos da região;
ABSTRACT The Project Evaluation of Deposits of Opals of Pedro II, an action from the Geology of Brazil Program (PGB) supported by CPRM/Geological Survey of Brazil, is inserted in the Growth Acceleration Program (PAC) of the Federal Government. Started in 2011, was executed by Residence of Teresina. Aims to provide geological subsidies to Local Productive Arrangement (APL) of Opal of Pedro II, through the geological characterization of deposits, aiming at an orderly and proper exploration, besides elaborating registration and description of mineral occurrences. The work of geological mapping associated with bibliographic information allowed to individualize on project six lithostratigraphic units of Paleozoic and Mesozoic rocks, and Cenozoic sediments. The Paleozoic rocks are represented by formations: Jaicós (Serra Grande Group) - sandstones and occasionally interbedded mudstones, ferruginous sandstones and conglomeratic sandstones beds (Silurian); Pimenteira (Canindé Group) - fine clastic predominantly pelitic facies (siltstones and shales) with layers intercalated of fine sandstones (Devonian); Cabeças (Canindé Group) - quartz sandstone, locally with ferruginous levels, lateritizated, levels of laterite and lateritic conglomerates, and in Pedro II and neighborhoods, overlapping sandstones to diabases, are highly silicified and fractured, and may contain noble opal filling fractures (Devonian). All these formations are part of the Parnaíba Basin. Mesozoic igneous rocks of basic character, constituting large lenticular bodies or thick sills (dykes rarely), intrude the Paleozoic rocks, in particular, the sandstones of Cabeças Formation. Dated held in diabase collected in Roça opal-digging presented age between 194 and 209 Ma (206Pb/238U) and Concordia Age of 203 ± 2 Ma, associated with an MSWD 0.44 and probability of agreement of 0.51 - the result representing the crystallization age of the body (Upper Triassic - Lower Jurassic), thus compounding the Mosquito Formation. Colluvium-eluvial and Alluvial deposits represent the Cenozoic sediments. Treatment of collected data from fractures indicate fractures with average dips greater than 85o and predominance of the directions E-W and NE-SW. In the area, fractures form intersecting families, usually with two directions almost orthogonal to each other. Based on conjugate pairs σ1 inferences were made which resulted in two main directions: SW-NE and SE-NW. In the western portion of the area, prevails σ1 according to SW-NE direction, where there are no records of occurrence of opal. In the region adjacent to Pedro II despite still being observed σ1 according to SW-NE direction, near Boi Morto mine and Mamoeiro opal-digging, main occurrences of opal mines, was observed σ1 with NW-SE direction. This direction is consistent with fotoalignments, suggesting this as the main direction of mineralization in opals. As for metallogenesis, primary opal deposits are hosted in sediments of Cabeças Formation, notably in the areas of contact between them and the basic rocks that intrude them. Opal occurs filling fractures, fissures and veinlets in silicified sandstones, more rarely, in siltstones, and on the capa of diabase sills, where this was altered forming clay level that containing smectite. The genesis of opals of Pedro II is closely related to a hydrothermal environment, arisen with the intrusion of basic rocks in siliciclastic rocks of Cabeças Formation (Gomes e Costa, 1994). Essential data to corroborate this genetic model were presented by Marques et al. (2013), based on analyzes of fluid inclusions, mineralogical and chemical composition of these opals and their solid inclusions, and in large part of the solid inclusions partial dissolution features were observed, also referring to the hydrothermal environment, intense migration of fluids, added to own mineralogy of the same. However, some authors associate the genesis of the ore to lateritic weathering. Thus, we have as main factors associated with generation of primary deposits of opals in the region of Pedro II, the hydrothermal system and the structural pattern of the area. Opal also occurs in secondary deposits derived from the weathering, erosion and transport of primary mineralization, forming alluvial deposits and talus deposits, resulting from the breakdown of Cabeças Formation sedimentary rocks. The productive chain of Opal of Pedro II presents as bottlenecks: lack of daily specialized technical monitoring, what preventsobra, a mining streamlined shape, leading to visible environmental liabilities; lack of financial resources to enable equipment to facilitate the mining; lack of continuous improvements in facilities that support the miners in the various opal-digging in the region; manpower drain; evasion of hand labor, because local young people, children and grandchildren of miners, are shunning the opal-digging, and leaving the branch in search of better professional horizons in large urban centers.

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