quarta-feira, 3 de agosto de 2016

CORÍNDON NO BRASIL

O presente volume reúne uma série de artigos que compilam os resultados do estudo das principais ocorrências de coríndon brasileiras distribuídas pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Tocantins e Mato Grosso do Sul. Vinte e nove occorrências foram cadastradas, mas somente algumas apresentam ou já apresentaram alguma produção de gemas. Os mais importantes depósitos foram amostrados, investigados em termos de geologia e o coríndon foi caracterizado em detalhe em termos mineralógicos por diversas técnicas analíticas como microscopia óptica, microssonda eletrônica, microscópio eletrônico de varredura, ativação neutrônica, plasma, espectroscopia, análises termogravimétrica e termodiferencial, difratometria de raios X e análises gemológicas convencionais. Com a exceção de Peixe, em Tocantins, onde coríndon é encontrado em pegmatito alcalino, e Catingal, na Bahia, onde coríndon ocorre em gnaisse de fácies granulito, as outras ocorrências são depósitos sedimentares secundários onde rocha hospedeira inalterada não está preservada. Informações obtidas das duas ocorrências com coríndon na rocha hospedeira ajudaram a entender a origem do coríndon das outras localidades. De modo semelhante a Catingal, as ocorrências de Indaiá, Palmeiras, Sapucaia e Caputira, na região leste de Minas Gerais, estão todas situadas no mesmo contexto geológico de rochas metamórficas de alto grau, pertencentes ao cinturão de dobramentos neoproterozóico Araçuaí. As similaridades geológicas dessa área com a região onde os importantes depósitos de rubi e safiras de Sri Lanka são encontrados sugerem que novas ocorrências podem ser descobertas em Minas Gerais. O estudo dos depósitos de Minas Gerais também possibilitou entender o modus operandi do sistema deposicional que gerou os sedimentos colúvio-aluvionares onde coríndon foi concentrado, estabelecendo, assim, possíveis controles de prospecção para outras áreas, como em Barra Velha, Santa Catarina. Análises químicas para elementos traços, espectroscopia na faixa do UV-visível e a identicação das inclusões sólidas em amostras de coríndon de onze ocorrências mais importantes forneceram elementos adicionais para a caracterização e origem do coríndon. O estudo comparativo dos teores de Cr, Fe, Ti e Ga permitiu conclusões em relação à gênese do coríndon. Em Coxim, Mato Grosso do Sul, há indícios de origem associada a álcali-basalto. Em Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina a química corroborou a interpretação de cristalização em ambiente metamórfico, com exceção de Malacacheta, em Minas Gerais, onde uma origem metassomática não pode ser excluída. Concentrações anômalas elevadas de elementos como TR foram detectadas em alguns depósitos e puderam ser associadas a inclusões de monazita não completamente eliminadas durante os procedimentos de preparação de amostras. Análises gemológicas e físico-químicas em amostras dos depósitos selecionados indicam que, em alguns casos, um tratamento térmico adequado pode promover o melhoramento das gemas e, possivelmente, a viabilização econômica de depósitos. Minas Gerais e Bahia são os estados que apresentam o maior número de ocorrências e o melhor potencial para produção de rubi e safiras.

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