MGLU3 PARA ALÉM DA EUFORIA
A ação da Magazine Luiza de Janeiro de 2016 até agosto de 2017 subiu cerca de 5.000%. Uma ação que sobe a patamares tão elevado tem que apresentar uma descoberta de um tecnologia disruptiva ou então a reinvenção do setor a qual pertence para ganhar um diferencial competitivo que a mantenha líder de mercado nós próximos anos e assim garanta o seu resultado. Mas afinal qual é a joia da coroa da MGLU3 para crescer tanto?
Segundo a própria empresa o que muda em sua administração em relação as outras empresas do setor de varejo é que ao invés de separar as operações do varejo físico do varejo online ela integra os dois, ou seja, a MGLU3 integrou de tal forma os dois tipos de varejo que é possível comprar determinado produto no site e receber na loja ou ainda comprar o produto do site na loja e receber em casa. Enfim, isso representa inovação?
Percebe-se que a decisão estratégica da MGLU3 não se trata de nenhum conteúdo altamente inovador, seus ganhos derivam basicamente do crescimento do varejo online com a integração ao varejo físico o que não é muito diferente de outras empresa do setor de varejo como a Lojas Americanas (LAME3).
A LAME3 também adota uma estratégia parecida de venda pelo site, pois também recebe produtos nas lojas para o consumidor que não queira ou não pode recebe-los em casa e ainda tem uma parte em suas lojas especificas para vendas online chamada Quiosque. Portanto, o que é tido como estratégia inovadora não é o que a primeira vista faz parecer.
Para além disso, a integração a que se refere a MGLU3 não é limitada somente a questão de vendas, ou seja, não é apenas a área comercial que está integrada. A parte logística também entra na conta, ou seja a empresa ao integrar o varejo físico ao virtual reduz custos de logística pois pode ter uma venda puxada e assim reduzir estoques e aumentar a eficiência. Isso é especialmente verdade, quando analisa-se o giro do ativo que é de 2,01, muito maior que empresas como as Lojas Americanas e a Via Varejo dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia. Quanto maior o giro do ativo maior a capacidade de vendas. Assim a empresa aplicou aquilo que se chama em logística de sistema puxado.
Assim o que se percebe é que a MGLU3 não tem de fato nenhum diferencial competitivo de longo prazo, a inovação utilizada por ela pode ser facilmente copiada por qualquer empresa do setor de varejo com um potencial tecnológico já embarcado como as Lojas Americanas. Portanto, é um fator competitivo preponderante para o curto e médio prazo e não para o longo prazo. Outra coisa a ser considerada é que o volume de vendas do braço online das Lojas Americanas é muito maior.
Há ainda a questão, que quando o cliente compra em loja pelo site o mesmo não está olhando diferenças de preços, pois isso não esta ao seu alcance no momento da compra, dessa forma a MGLU3 costuma praticar preços maiores no varejo online e ainda cobrar o frete. O resultado disso é cada vez mais a inviabilidade do varejo físico e a migração para o varejo online, entretanto o varejo online só esta sendo impulsionado pelo varejo físico. Isso pode ser um problema em um cenário em que o número de clientes em shopping e lojas possam estar caindo no longo prazo com os cliente migrando para a plataforma online. Já que quando o cliente está acessando a internet de sua casa o fator competitivo da MGLU3 se perde, passando a contar somente o custo de compra, qualidade e tempo de entrega.
É possível analisar ainda alguns múltiplos dos fundamentos em relação as outras empresas do setor de varejo:Análise de fundamentos | |||||
MGLU3 | LAME3 | VVAR3 | |||
P/L | 47,75 | P/L | 185,21 | P/L | 211,21 |
P/VP | 12,9 | P/VP | 4,99 | P/VP | 2,73 |
P/EBIT | 14,72 | P/EBIT | 10,08 | P/EBIT | 5,76 |
PSR | 0,91 | PSR | 1,19 | PSR | 0,34 |
P/ATIVOS | 1,83 | P/ATIVOS | 0,87 | P/ATIVOS | 0,49 |
VPA | 34,55 | VPA | 2,69 | VPA | 2,22 |
LPA | 9,33 | LPA | 0,07 | LPA | 0,03 |
GIRO ATIVO | 2,01 | GIRO ATIVO | 0,73 | GIRO ATIVO | 1,44 |
DY | 0,20% | DY | 0,30% | DY | 0% |
CRESC REC (5A) | 6% | CRESC REC (5A) | 10,20% | CRESC REC (5A) | -2% |
DIV BRUT/PATR | 1,85 | DIV BRUT/PATR | 3,67 | DIV BRUT/PATR | 1,24 |
ROIC | 25,70% | ROIC | 15,80% | ROIC | 13,60% |
COTAÇÃO | 445,66 | COTAÇÃO | 13,43 | COTAÇÃO | 6,05 |
LPA/VPA | 27,00% | LPA/VPA | 2,60% | LPA/VPA | 1,35% |
LPA/COTAÇÃO | 2,09% | LPA/COTAÇÃO | 0,52% | LPA/COTAÇÃO | 0,50% |
COTAÇÃO/VPA | 12,89899 | COTAÇÃO/VPA | 4,992565 | COTAÇÃO/VPA | 2,725225 |
O que se percebe em MGLU3 de diferencial em relação as outras é principalmente o giro do ativo e o lucro por ação (LPA) que pode ser um fator preponderante no curto prazo mas não no médio e longo prazo. Com a dependência da Magazine do varejo físico seria necessário um melhor percentual de crescimento de receita, ou seja, abrindo mais lojas aumentando seu market share. Outro fator é a diferença exorbitante da cotação e seu valor patrimonial (Cotação/VPA). O que se depreende é que findo o impacto inicial do fator competitivo e a manutenção desses múltiplos a empresa não tem para onde expandir devido a própria limitação do seu varejo físico.
A conclusão que permanece é de extremo cuidado, porque como diz o ditado: nem tudo que reluz é ouro. Portanto, a impressão que fica é que existe uma supervalorização para além dos fatores lógicos, o que pode vir a cobrar seu preço.Fonte: EXAME
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