GEMAS EM MINAS GERAIS | |||||||||||||||||||||||||
A história da exploração comercial das pedras preciosas no Brasil começa no final do século XVII com a descoberta de ouro em Sabarabuçu, hoje, Sabará, e prossegue com o ouro e os diamantes encontrados no antigo Arraial do Tejuco, atual Diamantina, por volta de 1725. No período colonial, as lavras de ouro e diamantes eram feitas por escravos. Nos 170 anos seguintes, por qualquer um que se dispusesse à cata, sem qualquer controle. Preservacionismo é palavra nova no garimpo. Difundiu-se a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro. Desde então, ora ávida, ora indulgente, a fiscalização bateu ponto na região, intensificando- se a partir de 1989 com a lei 7.805, que acabou com a garimpagem livre ao condicionar a exploração à obtenção de permissões de lavra, numa tentativa de regulamentar a profissão. O cerco apertou ainda mais há cinco anos com a Operação Carbono, de repressão ao contrabando de diamantes em Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia – principais estados produtores.
“Parou tudo”, afirmam, cada um a sua vez, Idalvo de Jesus Andrade (seu Ida), Belmiro Luiz do Nascimento e Antônio Pádua Oliveira Neto (Toninho), de Diamantina; e Clarindo Francisco de Oliveira (Totôca), da comunidade do Alegre de Baixo, e Mário Batista Corrêa (seu Marão), ambos de Grão Mogol, referindo- se tanto ao garimpo tradicional, conduzido manualmente, quanto à “bomba”, sistema de dragagem a motor, mais produtivo e impactante, do ponto de vista ambiental, adotado em larga escala atualmente – os procedimentos habituais de extração e lavagem do cascalho exigem remoção de quantidades consideráveis de terra. “A gente é bicho em extinção”, afirma seu Ida, de 55 anos, talvez o único garimpeiro do Alto Jequitinhonha a persistir com a goiva – espécie de enxada de cabo comprido com uma caixa metálica côncava no lugar da lâmina para conter o cascalho puxado do fundo do rio. Ele explica, orgulhoso, que a goiva não pode ser jogada aleatoriamente. A caixa tem de deslizar na superfície até determinado ponto, examinado anteriormente com a “vara de sondar” e só então afundar. Depois, basta puxar devagar, depositar o material recolhido no terno (conjunto de três peneiros: o grosso, o meão e o fino, de acordo com o calibre de cada um) e “bater” um a um, nessa ordem, para separar os seixos e concentrar os possíveis diamantes no meio. Então, emborca-se a peneira numa banca de apuração. Agora, é só aguçar os olhos. Mais pesados do que o cascalho e a areia, o ouro e o diamante concentram-se no “pretume”, no fundo da bateia ou da peneira, faiscando à luz do sol – por isso os garimpeiros também são chamados de faisqueiros.
Na lida desde os 12 anos de idade, ele vem trabalhando no Ribeirão do Guinda, a nove quilômetros de Diamantina, em parceria com Belmiro Luiz do Nascimento, idealizador do Projeto Garimporeal, de resgate da cultura garimpeira. “Os velhos estão morrendo e, com eles, a tradição, o conhecimento. Os jovens não querem saber de garimpo”, justifica Belmiro, referindo-se à iniciativa, lançada em abril. O projeto é eminentemente educativo. Ele recebe turistas, muitos dos quais estrangeiros, e os leva à beira do Guinda para mostrar o que é garimpo “verdadeiro” e provar que não é nocivo ao meio ambiente. Seu Ida se encarrega das “aulas práticas” e ele, das “teóricas” Belmiro concorda com as exigências legais como forma de coibir a clandestinidade e proteger a natureza, mas contesta a generalização. “O garimpo tradicional não desbarranca nem faz desmonte com explosivos, como é comum na mineração. Os mineradores nacionais ou internacionais não causam estragos maiores, mesmo com permissão legal?”, questiona, observando que a maioria dos garimpeiros não tem condições de arcar com os custos de licenciamento – cerca de cinco mil reais, considerando apenas a PLG – Permissão de Lavra Garimpeira, documento fornecido pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do governo federal.
Totôca é taxativo. Em sua opinião, o garimpo acabou de vez no norte de Minas. “Diamante agora é água”, diz ele, referindo-se ao Alegre de Baixo e outras 46 comunidades ribeirinhas afetadas pela barragem de Irapé, maior usina do país, com 208 metros de altura e 5,9 bilhões de metros cúbicos de água de capacidade máxima, construída pela Cemig no Alto Jequitinhonha – o alagamento atingiu núcleos urbanos e áreas rurais numa extensão de 115 quilômetros do Jequitinhonha e 50 quilômetros do Itacambiraçu, um de seus afluentes. Até recentemente, Totôca caçava diamantes com seu velho escafandro de bronze – um anacronismo nesses tempos de busca desenfreada de produtividade. “Era penoso demais. Eu trabalhava agachado no fundo do rio pegando cascalho e pondo num balde enquanto um companheiro na balsa lá em cima bombeava ar por uma mangueira. Se ele quisesse se livrar de mim, era só parar que eu morria.” A idade, a dor no “espinhaço” (sem qualquer alusão à cordilheira), o cansaço e os perigos inerentes ao trabalho acabaram afastando-o da beira do Itacambiraçu, agora um lago quase dentro de casa.
Ele talvez tenha sido o derradeiro garimpeiro da região a usar escafandro. Os poucos em atividade em “bombas” trajam roupas de neoprene, de pesca submarina, e usam tubos de sucção para retirar o cascalho. Seu Marão também parou por problemas de saúde. Aos 84 anos de idade, já não tem a força de antes e a surdez avança. Ele lastima o estertor do garimpo em nome do antigo rebuliço na cidade e dos amigos de função – cadê Geraldo Mariquinha, Suetônio, Ferro Velho, Abiné, Zé Boquinha e Tonho da Marciana? Seu Marão... Bem, seu Marão é um caso especial. Bamburrou com mais de 3.000 gramas de diamantes de boa qualidade que retirou durante 10 anos, ganhou muito dinheiro na época, comprou fazendas, casas, e hoje ainda tem uma renda boa dos aluguéis, caso raro entre os garimpeiros que gastam todo o dinheiro que ganham no garimpo com prostitutas, bebidas e muitas loucuras. No final acabam a vida pobres.
Fonte: O GLOBO
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sábado, 28 de outubro de 2017
GEMAS EM MINAS GERAIS
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