Brasil entra em colapso e elites cogitam queda de Temer
A crise se aprofunda sem cessar com o país em colapso e as elites, que patrocinaram o golpe contra a presidenta eleita Dilma Roussef em 2016, agora cogitam tirar Michel Temer. Os prejuízos do golpe ao Brasil são incomensuráveis, chegam à casa das centenas de bilhões de reais e analistas projetam um cenário de desastre em larga escala em 2018. Num evento do jornal Valor Econômico que reuniu dezenas de empresários e alto executivos na noite desta segunda (28) o clima era de desalento. Jornal conservador dá Temer como liquidado.
Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose, chegou a prever que o caos dos últimos dias patrocinado pelo governo pode reduzir o crescimento do PIB dramaticamente: “Essa paralisação vai afetar o PIB do ano em um ponto percentual. Porque a economia parou”, disse. “Há múltiplas empresas com as operações paradas.” A bem da verdade, a paralisia da economia já estava se desenhando antes da greve dos caminhoneiros. Nos últimos três meses do ano passado, o PIB estava estacionado, com um aumento simbólico de 0,1%. O cenário se repetiu no primeiro trimestre deste anos bem antes da greve. Segundo o Valor Data, a estimativa média de 24 instituições financeiras e consultorias é de que PIB continua estacionado, com outra alta irrisória de apenas 0,3% -os números oficiais devem sair hoje. Enquanto isso, analistas começam a projetar para 2018 um PIB negativo, o dólar batendo nos 5 reais e uma queda brutal nas reservas do país.
No encontro de ontem à noite, Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza disse que “o Brasil não será o mesmo depois dessa greve”. Para Hamilton Amadeo, presidente da holding de saneamento Aegea, o governo está no chão: “Essas movimentações, crises e impactos sempre existirão. O que pode fazer a diferença é ter um governo com capacidade mobilizadora suficiente para direcionar a sociedade e as empresas no melhor caminho”.
Para Tito Martins, presidente da mineradora Nexa Resources (ex-Votorantim Metais) a greve dos caminhoneiros tem potencial, inclusive, para influenciar o resultado das eleições de outubro. “A maneira com a qual a negociação foi levada mostra que o governo está enfraquecido”, disse. “Nas eleições, o ambiente criado acaba favorecendo os candidatos mais radicais. Arriscaria que a intenção de voto de alguns desses candidatos mais extremos vai subir nas próximas pesquisas.”
O jornal O Estado de S.Paulo, porta-voz do segmento mais conservador das elites, publicou nesta terça um editorial com o título “Fraqueza perigosa” no qual indica que o governo golpista naufragou: “O governo do presidente Michel Temer mostrou-se frágil ao lidar com o protesto dos caminhoneiros que parou o País. Essa fragilidade ficou particularmente evidente com a quase total inação das Forças Armadas, malgrado o fato de que as medidas decretadas por Temer para desobstruir as estradas e garantir o abastecimento das cidades incluíam a autorização expressa para que os militares agissem contra os grevistas. Está claro que ao governo faltou pulso para administrar uma crise dessa dimensão, restando à sociedade a sensação de que o que está sendo feito é insuficiente e que os caminhoneiros – e todos os oportunistas que pegaram carona no movimento – estão a ditar os rumos da crise. O País se aproxima perigosamente da anomia – quando aqueles que deveriam exercer a autoridade política e institucional são desmoralizados, prevalecendo a lei do grito”.
O humor e mesmo desespero das elites econômicas dá asas a saídas não democráticas para a crise, como insinua o editorial do jornal de Sçao Paulo. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, agendou para os próximos dias uma ação que questiona se é possível migrar do sistema presidencialista para o parlamentarismo por meio de emenda à Constituição. Seria uma reedição da saída de 1961, quando as elites, para evitar a posse de João Goulart na Presidência, depois da renúncia de Jânio Quadros, tiraram da cartola o parlamentarismo para evitar um presidente progressista. O sistema durou 17 meses, sendo derrotado num plebiscito em 1963 e acabou sendo um ensaio para o golpe militar de 1964.
A articulação de Lúcia vai ao encontro dos movimentos do presidente da Câmara, César Maia. Pré-candidato do DEM à Presidência, com irrisório 1% nas pesquisas, Maia tenta viabilizar-se no poder como primeiro-ministro. Ele continua atirando contra Temer. Numa entrevista à Rede TV que foi ao ar somente na madrugada desta terça-feira ele voltou a insistir na inviabilidade política de Temer: “Governo existe para arbitrar soluções, e não para ficar tratando de números e fazer ajustes econômicos. A renda das pessoas está caindo, o orçamento familiar está pesado por causa do gás de cozinha e dos combustíveis e não houve sensibilidade para enxergar isso antes que o movimento dos caminhoneiros ocorresse”.
Fonte: Brasil 247
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