sábado, 30 de junho de 2018

Em mineração, empolgação e ufanismo rima com desinformação

Em mineração, empolgação e ufanismo rima com desinformação 

Em matéria da folha de São Paulo, a respeito da reserva Roosevelt,
Em vermelho: comentários de Fernando Lemos
GARIMPO
13)                      Do alto, vê-se uma grande clareira na floresta amazônica, (o que permite que se desconfie que não se trata de kimberlito. Os milhares de corpos de kimberlitos conhecidos não são grandes, menores que 1.000 metros de diâmetro) com a terra avermelhada em contraste com o verde. Já no chão, a entrada do garimpo parece uma ilha de um ecossistema seco e sem vida, margeado por um rio de um lado e um lamaçal do outro. É preciso tomar cuidado com onde se pisa –a terra rachada pode esconder buracos de areia movediça.
14)                      Poucos quilômetros à frente, o coração da garimpagem: enormes crateras enfileiram-se, entrecortadas por montanhas de terra, num horizonte sem fim (o que conduz a desconfiança de não se tratar de kimberlito. Os corpos de kimberlitos são pequenos, menores que 1.000 metros de diâmetro). Perto dos buracos erguem-se barracões precários de madeira cobertos por lonas. É onde os garimpeiros fazem suas refeições, preparadas por suas mulheres ou por cozinheiras.
15)                        "Tem muita droga e prostituição, claro, mas vai muita família para o garimpo. A família toda, mulher e filhos, fica meses lá, e todo mundo se respeita", conta um garimpeiro que não quer se identificar. Ele reclama de que a vida no garimpo é muito dura.
16)                      Chegar até lá já é um sofrimento: da aldeia Roosevelt, a maior de toda reserva, percorre-se uma estrada de 35 km transitáveis apenas em trator, veículos potentes ou motocicletas. De moto, a viagem passa por áreas alagadas, e o veículo precisa ser carregado no braço em alguns momentos. Não raro o desgaste dos freios é tal que eles acabam antes do fim do percurso de aproximadamente quatro horas.
17)No garimpo, o trabalho é pesado, e o retorno, incerto. "Encontramos uma pedra grande, bonita, de mais de 11 quilates. Entregamos para o atravessador vender e nunca vimos a cor do dinheiro. Disseram que ele vendeu por R$ 180 mil", reclama um garimpeiro que, após o episódio, desistiu do trabalho.
18)                      O sistema de funcionamento do garimpo é uma espécie de engrenagem complexa, que gera uma "guerra fria" entre garimpeiros, índios e intermediários: todos tentam passar a perna nos demais.
19)                      Para começar, um investidor dispõe-se a comprar equipamentos, fazer contatos com compradores estrangeiros e subornar a fiscalização. Ele utiliza um intermediário local para negociar cada etapa desse processo –mediante, é claro, uma comissão.
20)                     O intermediário contata uma das principais lideranças cinta-larga (cada uma pode "operar" um trecho do garimpo) e oferece as máquinas em troca de um percentual da venda das pedras, de 20% a 30%. O garimpeiro entra como trabalhador braçal, sem renda fixa. É "contratado" pelo líder indígena e deve se reportar a ele caso encontre pedras. Do total do valor do diamante, o grupo de garimpeiros recebe 7%, parcela geralmente dividida igualmente entre todos
21)                      Acontece que o intermediário avalia a pedra entre 30% e 40% abaixo do valor real da venda, dizem índios e compradores ( a que preço real estão se referindo???? No garimpo?? Preço de são Paulo??? Ou da Bélgica???). Muitas vezes o índio recebe sua parte e não repassa aos garimpeiros, que, por sua vez, tentam vazar (desviar) o diamante do garimpo direto para o comprador, driblando (ludibriando) índios e atravessadores. Pequenas, as pedras cabem no bolso ou podem ser engolidas; o problema é que, se descoberto, o garimpeiro corre o risco de pagar com sua vida.

Fonte: Jornal do ouro

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