segunda-feira, 4 de junho de 2018

Por que estes tesouros estão desaparecidos e qual é seu valor (II)





Por que estes tesouros estão desaparecidos e qual é seu valor (II)

Algumas destas magníficas obras permanecem sumidas. Encontrá-las é um desafio humano titânico



  • De que tesouro estamos falando. Estas soberbas representações de Buda foram esculpidas no século VI d.C. diretamente na rocha das escarpas do vale de Bamiyan (Afeganistão). Ali também moravam os monges budistas. Sabe-se que originalmente eram policromadas, mas depois perderam a pintura. Como desapareceu e por que ninguém encontrou. O que mil e quinhentos anos de história, invasões e impulsos iconoclastas não fizeram foi feito pelos talibãs neste século. Apesar das tentativas de vários órgãos —entre eles a Organização da Conferência Islâmica— para impedir, em 2001 a milícia ultraortodoxa islâmica afegã destruiu dois budas gigantes de 55 e 36,5 metros de altura com mísseis antiaéreos, minas antitanques e cargas de dinamite. Em 2013 teve início uma polêmica restauração que foi interrompida por ordem da Unesco. Segundo a Unesco, agora “o vazio é a verdadeira escultura” e é melhor deixar tudo como está. Qual o valor. Como qualquer colosso —ou mais do que qualquer outro, por estarem inevitavelmente ligados à paisagem na qual foram esculpidos— dificilmente seriam colocados à venda. À esquerda, uma imagem do buraco onde estava um dos budas de Bamiyan. À direita, uma réplica de 30 pés de altura do Buda Bamiyan construído para o aniversário de Buda em 7 de maio de 2001.
    1Budas de Bamiyan 
    De que tesouro estamos falando. Estas soberbas representações de Buda foram esculpidas no século VI d.C. diretamente na rocha das escarpas do vale de Bamiyan (Afeganistão). Ali também moravam os monges budistas. Sabe-se que originalmente eram policromadas, mas depois perderam a pintura. Como desapareceu e por que ninguém encontrou. O que mil e quinhentos anos de história, invasões e impulsos iconoclastas não fizeram foi feito pelos talibãs neste século. Apesar das tentativas de vários órgãos —entre eles a Organização da Conferência Islâmica— para impedir, em 2001 a milícia ultraortodoxa islâmica afegã destruiu dois budas gigantes de 55 e 36,5 metros de altura com mísseis antiaéreos, minas antitanques e cargas de dinamite. Em 2013 teve início uma polêmica restauração que foi interrompida por ordem da Unesco. Segundo a Unesco, agora “o vazio é a verdadeira escultura” e é melhor deixar tudo como está. Qual o valor. Como qualquer colosso —ou mais do que qualquer outro, por estarem inevitavelmente ligados à paisagem na qual foram esculpidos— dificilmente seriam colocados à venda. À esquerda, uma imagem do buraco onde estava um dos budas de Bamiyan. À direita, uma réplica de 30 pés de altura do Buda Bamiyan construído para o aniversário de Buda em 7 de maio de 2001.GETTY
  • De que tesouro estamos falando. De algo que causa obsessão há séculos no Ocidente: a taça em que, para os fiéis cristãos, Jesus Cristo depositou os alimentos objeto do milagre da transubstanciação e que depois teria sido usado para recolher seu sangue vertido na crucificação. Apesar de os Evangelhos mencionarem um cálice que na Última Ceia contém o vinho da eucaristia, as posteriores vicissitudes do graal são apócrifas, e não se conserva qualquer texto escrito que as mencione até a Baixa Idade Média. Como desapareceu e por que ninguém o encontrou. A lenda diz que um homem rico chamado José de Arimateia —cujo nome realmente aparece no Novo Testamento— teria levado o graal para terras britânicas e ali guardado-o até seu desaparecimento em circunstâncias totalmente desconhecidas. A história do rei Artur e seus cavaleiros da Távola Redonda, assim como o poeta Chrétien de Troyes (e outros depois) a contou na Idade Média, baseou grande parte de seu argumento na busca da preciosa taça, unindo a tradição cristã com mitos pagãos celtas. Atualmente há duzentos supostos graais apenas na Europa. Qual é seu valor. Partindo da duvidosa existência de um objeto como um santo graal, dificilmente se poderia provar que um achado —novo ou antigo— seja autêntico. Mas se fosse estaríamos talvez diante do objeto mais valioso da face da Terra. Na imagem, Harrison Ford com o Santo Graal no filme 'Indiana Jones e a última cruzada'.
    2O Santo Graal De que tesouro estamos falando. De algo que causa obsessão há séculos no Ocidente: a taça em que, para os fiéis cristãos, Jesus Cristo depositou os alimentos objeto do milagre da transubstanciação e que depois teria sido usado para recolher seu sangue vertido na crucificação. Apesar de os Evangelhos mencionarem um cálice que na Última Ceia contém o vinho da eucaristia, as posteriores vicissitudes do graal são apócrifas, e não se conserva qualquer texto escrito que as mencione até a Baixa Idade Média. Como desapareceu e por que ninguém o encontrou. A lenda diz que um homem rico chamado José de Arimateia —cujo nome realmente aparece no Novo Testamento— teria levado o graal para terras britânicas e ali guardado-o até seu desaparecimento em circunstâncias totalmente desconhecidas. A história do rei Artur e seus cavaleiros da Távola Redonda, assim como o poeta Chrétien de Troyes (e outros depois) a contou na Idade Média, baseou grande parte de seu argumento na busca da preciosa taça, unindo a tradição cristã com mitos pagãos celtas. Atualmente há duzentos supostos graais apenas na Europa. Qual é seu valor. Partindo da duvidosa existência de um objeto como um santo graal, dificilmente se poderia provar que um achado —novo ou antigo— seja autêntico. Mas se fosse estaríamos talvez diante do objeto mais valioso da face da Terra. Na imagem, Harrison Ford com o Santo Graal no filme 'Indiana Jones e a última cruzada'.
  • De que tesouro estamos falando. Durante os últimos trinta anos de sua vida, o impressionista Claude Monet (França, 1840-1926) pintou uma longa série chamada ‘As ninfeias’ (‘Les Nympheas’, em francês). Quando começou a fazer isso tinha quase sessenta anos, e muitas das 250 obras foram realizadas com seus olhos já tomados pela catarata. Hoje a série é considerada um dos paradigmas do impressionismo. Como desapareceu e por que ninguém a encontrou. Em 15 de abril de 1958, um dos trabalhadores que estava consertando o sistema de ar condicionado do MoMA nova-iorquino acendeu um cigarro e uma fagulha fez incendiar uma pilha de serragem e alguns tecidos. Um furioso incêndio começou, obrigando que edifício fosse evacuado. Um grupo de voluntários (incluindo o magnata Nelson Rockefeller) colaborou para apagar o fogo e salvar as obras de arte em perigo. Além de uma única vítima fatal, a principal perda foram dois quadros de Monet. Qual é seu valor. Há dez anos a casa de leilões Christie’s vendeu outro quadro da série, de dois metros de largura e pintado em 1919, por 40,9 milhões de libras (cerca de 256 milhões de reais). A menor obra perdida no MoMA poderia alcançar preço semelhante a esse.
    3'As ninfeias', de Claude Monet De que tesouro estamos falando. Durante os últimos trinta anos de sua vida, o impressionista Claude Monet (França, 1840-1926) pintou uma longa série chamada ‘As ninfeias’ (‘Les Nympheas’, em francês). Quando começou a fazer isso tinha quase sessenta anos, e muitas das 250 obras foram realizadas com seus olhos já tomados pela catarata. Hoje a série é considerada um dos paradigmas do impressionismo. Como desapareceu e por que ninguém a encontrou. Em 15 de abril de 1958, um dos trabalhadores que estava consertando o sistema de ar condicionado do MoMA nova-iorquino acendeu um cigarro e uma fagulha fez incendiar uma pilha de serragem e alguns tecidos. Um furioso incêndio começou, obrigando que edifício fosse evacuado. Um grupo de voluntários (incluindo o magnata Nelson Rockefeller) colaborou para apagar o fogo e salvar as obras de arte em perigo. Além de uma única vítima fatal, a principal perda foram dois quadros de Monet. Qual é seu valor. Há dez anos a casa de leilões Christie’s vendeu outro quadro da série, de dois metros de largura e pintado em 1919, por 40,9 milhões de libras (cerca de 256 milhões de reais). A menor obra perdida no MoMA poderia alcançar preço semelhante a esse.

    • De que tesouro estamos falando. O Zeus de Olímpia estava incluído na lista das sete maravilhas do mundo antigo. Tratava-se de uma escultura de ouro e marfim de cerca de doze metros de altura que representava o pai dos deuses gregos e encontrava-se em um templo de Olímpia, a oeste da Grécia. Foi realizada pelo grande Fídias na metade do século V a.C. Nela Zeus aparecia com o torso descoberto, sentado em um imponente trono e segurando com uma mão seu cajado, e com a outra uma escultura menor, a de Nike, deusa da vitória. Como desapareceu e por que ninguém encontrou. Não se sabe com certeza em que momento e como desapareceu, apesar de acreditar-se que outros tesouros artísticos do tipo foram levados a Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, e destruídos no incêndio do palácio de Lauso no século V de nossa era. Qual é seu valor. Seu preço seria, sem dúvida, incalculável. E de qualquer forma não parece provável que pudesse ser considerado objeto de troca no mercado.
      4Zeus de Olímpia, de Fídias De que tesouro estamos falando. O Zeus de Olímpia estava incluído na lista das sete maravilhas do mundo antigo. Tratava-se de uma escultura de ouro e marfim de cerca de doze metros de altura que representava o pai dos deuses gregos e encontrava-se em um templo de Olímpia, a oeste da Grécia. Foi realizada pelo grande Fídias na metade do século V a.C. Nela Zeus aparecia com o torso descoberto, sentado em um imponente trono e segurando com uma mão seu cajado, e com a outra uma escultura menor, a de Nike, deusa da vitória. Como desapareceu e por que ninguém encontrou. Não se sabe com certeza em que momento e como desapareceu, apesar de acreditar-se que outros tesouros artísticos do tipo foram levados a Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, e destruídos no incêndio do palácio de Lauso no século V de nossa era. Qual é seu valor. Seu preço seria, sem dúvida, incalculável. E de qualquer forma não parece provável que pudesse ser considerado objeto de troca no mercado.GETTY
    • De que tesouro estamos falando. Em 1820, o Peru era palco de duros enfrentamentos bélicos pela independência do país. Nesse contexto, cabia à Espanha manter em lugar seguro suas riquezas no país andino. Então o Vice-rei Joaquín de la Pezuela deu ordem de reunir uma quantidade imensa de moedas, peças de ouro, pedras preciosas e obras de arte e embarcá-las rumo ao México sob a custódia do britânico William Thompson, capitão do barco Mary Dear. Como desapareceu e por que ninguém o encontrou. Depois de zarpar, o capitão Thompson decidiu colocar seus próprios interesses em prática, e junto com seus homens apossou-se do tesouro depois de ter assassinado os guardas que a coroa espanhola tinha designado para acompanhá-lo. Em vez de chegar ao México como estava previsto, o navio atracou na ilha do Coco, atual Costa Rica, onde o tesouro teria sido enterrado. Ou pelo menos foi o que afirmou Thompson quando foi preso, a fim de evitar ser enforcado. No entanto, as riquezas nunca foram encontradas, e Thompson escapou de novo sem que tampouco se descobrisse seu paradeiro. Qual é seu valor. Além da questão da independência peruana (fato histórico documentado), esta história transita entre a lenda e a realidade. Mas quem prefere acreditar nela estima em certa de 220 milhões de euros (cerca de 968 milhões de reais) o valor do butim. Na imagem, ilustração de um barco espanhol similar ao Mary Dear carregado com um tesouro procedente do Peru.
      5Tesouro de Lima De que tesouro estamos falando. Em 1820, o Peru era palco de duros enfrentamentos bélicos pela independência do país. Nesse contexto, cabia à Espanha manter em lugar seguro suas riquezas no país andino. Então o Vice-rei Joaquín de la Pezuela deu ordem de reunir uma quantidade imensa de moedas, peças de ouro, pedras preciosas e obras de arte e embarcá-las rumo ao México sob a custódia do britânico William Thompson, capitão do barco Mary Dear. Como desapareceu e por que ninguém o encontrou. Depois de zarpar, o capitão Thompson decidiu colocar seus próprios interesses em prática, e junto com seus homens apossou-se do tesouro depois de ter assassinado os guardas que a coroa espanhola tinha designado para acompanhá-lo. Em vez de chegar ao México como estava previsto, o navio atracou na ilha do Coco, atual Costa Rica, onde o tesouro teria sido enterrado. Ou pelo menos foi o que afirmou Thompson quando foi preso, a fim de evitar ser enforcado. No entanto, as riquezas nunca foram encontradas, e Thompson escapou de novo sem que tampouco se descobrisse seu paradeiro. Qual é seu valor. Além da questão da independência peruana (fato histórico documentado), esta história transita entre a lenda e a realidade. Mas quem prefere acreditar nela estima em certa de 220 milhões de euros (cerca de 968 milhões de reais) o valor do butim. Na imagem, ilustração de um barco espanhol similar ao Mary Dear carregado com um tesouro procedente do Peru.GETTY

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