sábado, 14 de julho de 2018

Canteiro para reconstrução de Bento Rodrigues começa a ser implantado, mas ainda não há data para início de obras


Canteiro para reconstrução de Bento Rodrigues começa a ser implantado, mas ainda não há data para início de obras

Dois anos e meio depois do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), o canteiro de obras para a construção do novo distrito de Bento Rodrigues começou a ser implantado. A licença ambiental para o projeto foi liberada, mas a construção das casas ainda deve levar tempo.
A barragem se rompeu em 5 de novembro de 2015. Trinta e nove cidades em Minas Gerais e no Espírito Santo foram atingidas. O mar de lama matou 19 pessoas e devastou o Rio Doce.
O distrito de Bento Rodrigues foi totalmente destruído. Antônio Augusto Alves e Luciene Maria da Silveira Alves moravam lá e agora estão escolhendo os materiais para o acabamento da nova casa, que terá dois andares, área ampla, com vista privilegiada. Bem diferente da que eles moravam. “Doido já para ir para minha casa nova”, falou Alves.
Sessenta e sete famílias que viviam em Bento Rodrigues estão definindo o projeto arquitetônico da nova casa. “Depende da família, porque não necessariamente uma família vai querer que seja como era antes”, responde a arquiteta Anne Akemi Yanaga, ao ser perguntada pela reportagem se é possível manter as características das casas.
Hoje, dona Luciene e seu Antônio moram em Mariana, em uma casa alugada pela Fundação Renova, responsável pela recuperação dos estragos causados pelo rompimento da barragem da Samarco, em 2015. Depois de tanto tempo, a expectativa de ter a própria casa está ainda maior.
“Está dando para ver uma luz lá no fundo, bem longe. Graças a Deus, a gente está na esperança que agora vai”, afirmou Dona Luciene.
A comunidade com 225 casas vai ser construída em um terreno com 98 hectares.
A previsão da Fundação Renova é que o canteiro de obras fique pronto ainda neste mês. Mas isso não significa que a construção da nova comunidade pode começar em seguida. É que o projeto urbanístico ainda está em análise na Secretaria de Cidades e de Integração Regional do governo do estado.
“Após a concessão de todas as licenças e do alvará de execução da obra, a previsão é que a obra termine em 22 meses”, disse o arquiteto responsável pelo projeto de reconstrução, Alfredo Zanon.
Cristiano José Sales, que também vivia no distrito destruído, disse que os moradores estão apreensivos. “As pessoas ficam com aquela ansiedade de acontecer e não sai nada. Nem começou a terraplanagem”, falou.
Segundo Zanon, logo que se inicie a retirada da vegetação do local e a terraplenagem, será demarcado no terreno onde vão ser construídas as casas para as famílias terem uma melhor visualização de onde vão ser implantadas as casas.
“Essas incertezas, a gente sempre tem, até chegar na casa final, que são as moradias, que é o sonho da comunidade inteira”, afirmou o morador Antônio Pereira Gonçalves.
Até agora, a Samarco só começou a pagar uma das 36 multas aplicadas pelo governo de Minas. As outras ainda estão em fase de recurso.
A mineradora também recebeu 26 multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Três delas, no valor total de R$ 150 milhões, tiveram o recurso administrativo negado em última instância. Segundo o Ibama, a mineradora se negou a pagar e recorreu à Justiça. As outras 23 multas, em um total de quase R$ 200 milhões, continuam em fase de análise de recurso no instituto.
Fonte: G1

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