27/09/2018
AGROGEOLOGIA
Brasil é destaque internacional
Segundo o professor Peter van Straaten, da University of Guelph, no Canadá, o Brasil destaca-se como um dos principais países no desenvolvimento da agrogeologia - a ciência que estuda o conhecimento geológico aplicado à agricultura. Na agrogeologia a principal técnica de manejo de solo desenvolvida é a rochagem ou remineralização de solo, que consiste em abastecer com minerais que compõem certas rochas, na forma de "pó de rocha", outras áreas com baixo teor de nutrientes necessários para o desenvolvimento do plantio.
O professor afirma que novas descobertas e o uso de tecnologias inovadoras podem contribuir para o aumento da exploração de minérios alternativos como fontes de nitrogênio, fósforo e potássio (conhecidos pela sigla NPK), frequentemente usados na cadeia de fertilizantes para o agronegócio. Atualmente o Brasil é dependente da importação desses insumos. O País compra cerca de 90% do potássio usado internamente e passará a importar 100% se a Mosaic confirmar sua decisão de fechar a mina de Taquari-Vassouras (SE), adquirida da Vale e que estava em processo de exaustão. Para nitrogênio e fósforo, os índices de importação são de 70% e 50%, respectivamente. De acordo com van Straaten, o Brasil poderia conquistar tecnologias revolucionárias com esforços concentrados na inovação do beneficiamento dos vastos recursos nacionais de rochas silicáticas, no processamento de rejeitos de minas existentes e na descoberta de recursos de agrominerais alternativos. "O Brasil importa grandes quantidades de nutrientes NPK, que, assim, poderiam ser reduzidas", segundo van Straaten.
O ex-presidente do Ibama e coordenador do Grupo de Agricultura Sustentável (GAS), Eduardo Martins, comenta que a técnica de rochagem é aplicada em aproximadamente 1 milhão de hectares em diversos estados de forma experimental ou permanente. A técnica visa à melhoria do solo. "O agricultor brasileiro é esperto, vê que outros estão usando com bons resultados e começa a adotar a prática", disse. Martins afirmou ainda que, com o dólar em alta, a rochagem pode elevar a rentabilidade das atividades agrícolas no Brasil por reduzir a necessidade de importação de insumos. Ele explica, ainda, que a atividade resulta em melhoras para o ambiente, uma vez que o "pó de rocha" resulta em maior captura de carbono nas áreas onde é adotado.
Na última semana o professor van Straaten promoveu um curso sobre Agrogeologia para profissionais, organizado pela Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (ADIMB), em Goiânia. O curso teve visitas de campo a depósitos e minas em atividade no estado de Goiás. Participaram do curso também especialistas da Embrapa e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
O curso teve como objetivo identificar as necessidades e oportunidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação e de capacitação de recursos humanos no setor mineral nacional, explica Roberto Xavier, diretor-executivo da ADIMB. "Estamos promovendo o intercâmbio do conhecimento nacional com o estrangeiro em um projeto comum que traz benefícios à exploração mineral e ao agronegócio brasileiro e internacional", disse Xavier.
Fonte: Brasil Mineral
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