Bradespar e Litel pagam R$ 2,8 bi a Daniel Dantas
O empresário Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity, embolsou na quarta-feira, 26, R$ 2,8 bilhões depois de acordo com os acionistas da mineradora Vale. O negócio – que envolve a Elétron, de Dantas; Bradespar, do Bradesco; e Litel, formada pelos fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e Funcesp – foi homologado no fim do dia pela juíza Maria da Penha Mauro, da 5.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Com o acerto, as empresas colocam fim a uma disputa que já durava dez anos e teve origem na privatização da Vale, em 1997. A Elétron, de Dantas, participou do consórcio vencedor da privatização da mineradora. O dinheiro recebido pela empresa é menor que o previsto num laudo pericial do ano passado, de R$ 4 bilhões, mas foi uma vitória de Dantas, depois de muitos altos e baixos.
O empresário despontou na década de 80 como um dos grandes expoentes do setor bancário brasileiro. Com apoio do ex-ministro Mario Henrique Simonsen, que o considerava um de seus melhores alunos, Dantas passou pela corretora Atlântica Boa Vista e pelo banco Icatu até fundar o banco Opportunity, em 1994. Ao lado dos fundos de pensão, participou ativamente das privatizações de Fernando Henrique Cardoso ao arrematar grandes ativos, como terminais portuários e operadoras de telecomunicações.
Formado em Engenharia pela Universidade Federal da Bahia e com pós-doutorado no MIT, nos EUA, Dantas sempre se aliou a nomes importantes do mercado para tocar seus negócios no passado. Mas os holofotes também o levaram para as páginas policiais, com uma série de escândalos de corrupção. Entre 2004 e 2008, o empresário teve seu nome envolvido em duas operações da Polícia Federal: Chacal e Satiagraha. Foi preso por mais de uma vez, uma delas por tentativa de suborno.
Ex-sócio da Brasil Telecom (atual Oi), Dantas vendeu, em 2005, sua participação, por cerca de R$ 1 bilhão, após quatro anos de litígio. O empresário participou do processo de privatização da Telebrás em 1998, tornando-se um dos sócios da tele, que foi alvo da Operação Chacal. A disputa envolveu troca de acusações de espionagem, investigação policial, indiciamento e longa briga jurídica, com seus sócios, entre eles a Telecom Itália e o Citigroup. A Operação Chacal foi arquivada em 2015, enquanto a Satiagraha foi cancelada no ano seguinte.
Negócios
Hoje, o principal negócio de Dantas é a gestora de recursos Opportunity. Com quase R$ 38 bilhões sob gestão (dados do fim de 2017), a empresa atua em diversas áreas: faz gestão de fortuna, de recursos e detém participação em empresas e em projetos. Um dos ativos é a Agropecuária Santa Bárbara, que não é o principal negócio do grupo, mas é vista como a menina dos olhos pelo banqueiro. Fundada em 2005, a Agro SB é um conglomerado de fazendas no Pará, com plantio de grãos – milho e soja – e mantém um grande rebanho de gado. O Opportunity também é dono da Bemisa, um complexo de mineração em sete Estados, e tem participação na Santos Brasil e na PetroRecôncavo. O empresário não quis conceder entrevista.
Nos últimos tempos, depois do envolvimento nos escândalos, Dantas tem levado uma vida mais discreta. Fontes próximas afirmam que as prisões e os processos judiciais e criminais consumiram muita energia do empresário. Baiano, de tradicional família latifundiária, ele tem se apoiado na irmã Verônica Dantas para tocar o dia a dia dos negócios, além do sócio Dório Ferman, que está com ele no Opportunity desde a fundação.
No mercado, Dantas é visto como um personagem controverso e intenso. Alguns o consideram inteligente e educado. Outros enfatizam sua falta de habilidade social e comportamento por vezes rude e indelicado. Aos 64 anos, Dantas não gosta de ostentar seu patrimônio. Veste-se sempre com ternos de cortes simples, de cor azul, e é avesso a colunas sociais. Costuma bater ponto na sede da gestora no Rio de Janeiro e pouco visita seus outros negócios, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Isto É
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