Pesquisadores analisam misteriosas escavações em pedras preciosas
O objetivo é entender se há vida no interior de gemas como as granadas
As granadas se encontram em todas as partes do mundo, da Tailândia aos Estados Unidos. A granada é, inclusive, a gema oficial do Estado de Nova York.
As pedras que são usadas na joalheria devem ter um interior absolutamente perfeito. Mas algumas granadas apresentam túneis microscópicos. Quando Magnus Ivarsson, geobiólogo do Museu Sueco de História Natural, viu pela primeira vez os túneis, perguntou-se qual poderia ser a causa.
Veronique Greenwood, The New York Times
04 Setembro 2018 | 10h15
As granadas se encontram em todas as partes do mundo, da Tailândia aos Estados Unidos. A granada é, inclusive, a gema oficial do Estado de Nova York.
As pedras que são usadas na joalheria devem ter um interior absolutamente perfeito. Mas algumas granadas apresentam túneis microscópicos. Quando Magnus Ivarsson, geobiólogo do Museu Sueco de História Natural, viu pela primeira vez os túneis, perguntou-se qual poderia ser a causa.
Ivarsson e seus colegas descobriram evidências que contradiziam as explicações geológicas comuns destas cavidades. Em um estudo publicado na revista "PLOS One" online, eles apresentaram uma nova hipótese: talvez o que está escavando os túneis seja algo vivo.
Desde o começo, eles buscaram explicações alternativas. Uma das mais promissoras era que os veios de outra pedra poderiam estar desgastando a granada. Entretanto, os minerais capazes de fazer os túneis deveriam ser mais duros do que a substância ao seu redor, e as granadas são muito duras. As únicas coisas que poderiam fazer isso seriam diamantes ou safiras. Mas estes não estão presentes em quantidades significativas nos lugares onde essas granadas foram encontradas.
"Naquela área não existe praticamente qualquer veio mineral que possa penetrar dessa maneira em uma granada", afirmou.
Além disso, os túneis se ramificam e se conectam uns com os outros seguindo um padrão bastante inusitado, que se assemelha às estruturas próprias de algumas colônias de fungos. Quando os pesquisadores quebraram as granadas, analisaram o interior dos túneis e descobriram sinais de lipídios, indicadores potenciais de vida.
Não é inusitado microrganismos viverem em pedras - endolitos, como estas criaturas são chamadas, foram descobertos vivendo encapsulados em arenito nos Vales Secos da Antártida, entre outros lugares. Os endolitos podem encontrar nutrientes na água que filtra através da rocha, ou talvez eles próprios a dissolvam para se alimentar.
No momento, a melhor hipótese dos pesquisadores a respeito das origens dos túneis é a seguinte: inicialmente, o desgaste natural na superfície de uma granada cria os torrões. Os microrganismos, provavelmente fungos, podem colonizar estes buracos. Então, se a pedra é a melhor fonte disponível de certos nutrientes como o ferro, talvez eles usem uma reação química para cavar mais fundo, procurando alimentar-se à medida que avançam. "Acho que o processo se dá em duas fases", disse Ivarsson.
Ninguém ainda se convenceu totalmente com esta explicação. A equipe não tentou retirar organismos vivos da pedra e não tem certeza de que as criaturas que escavaram os túneis ainda estejam presentes em seu interior. E tampouco sabe se o processo ocorreu milhões de anos atrás ou se é mais recente.
O próximo passo será retirar os organismos diretamente dos túneis ou do solo nas proximidades do local onde as pedras foram encontradas e cultivá-los em laboratório. Então seria possível ver se eles podem de fato cavar os túneis através da granada fresca - ou se a origem destas misteriosas estruturas é outra.
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